Um dos grandes entraves para que os produtos gaúchos sejam ainda mais competitivos nos mais diversos mercados está na logística. Para contribuir na mudança desse cenário, entidades representativas do setor produtivo se uniram e criaram a Associação Hidrovias Rio Grande do Sul. Justamente para aproveitar o potencial hidroviário da região, a organização pretende investir na criação de um condomínio parque hidroviário, industrial e logístico em trecho do Rio Taquari, em Vila Mariante, que é o segundo distrito de Venâncio Aires.
A intenção é instalar o investimento privado em uma área de aproximadamente 800 hectares. O recurso a ser aplicado vai depender de estudo que será desenvolvido pelos próximos dois anos. No entanto, a estimativa é de que o custo de instalação do terminal portuário fique entre R$ 30 e R$ 60 milhões, informou um dos envolvidos na ação, o engenheiro naval, Francisco Miguel de Almeida Pires, ontem ao apresentar o projeto em encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) do Município, realizado na Prefeitura.
O desafio é transformar uma área hoje produtiva em um local de desenvolvimento e que traga para o município novas divisas econômicas, informa Pires. “O Rio Grande do Sul precisa atentar para o uso racional de suas hidrovias e utilizá-las como instrumentos de desenvolvimento para os municípios”.
A associação escolheu a região de Vila Mariante para receber o investimento a partir de estudo desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Dos 67 municípios gaúchos com potencial para receber terminais portuários, Venâncio Aires consta entre os 12 prioritários.
PASSOS A SEREM SEGUIDOS
- A intenção é de que cada terreno a ser comercializado para o segmento industrial e comercial tenha de um a dois hectares. Nos próximos passos constam a importância de sensibilizar os proprietários dos atuais lotes rurais a participarem do projeto.
- São várias as oportunidades que se apresentam, como por exemplo: eles podem se transformar em proprietários empreendedores ou mesmo fazer permutas e receber um terreno vendável já dentro do condomínio, por exemplo.
- Diferente de um porto, o terminal não irá atracar os navios ao longo de sua margem, mas sim será escavada uma bacia artificial para que o navio entre no parque e assim aumente sua eficiência no transporte e para que ao mesmo tempo garanta segurança ambiental ao longo da área ciliar do rio.
PRÓXIMA APRESENTAÇÃO
Associação e a Prefeitura querem apresentar o projeto do condomínio parque hidroviário, industrial e logístico diretamente para os empresários locais e regionais. A sugestão é fazer essa explanação em uma reunião-almoço da Câmara de Comércio, Indústria e Serviço de Venâncio Aires (Caciva).
VALE DO RIO PARDO
O prefeito Giovane Wickert lembrou que o termo de cooperação com a associação foi assinado em dezembro. A ideia é utilizar tanto o meio terrestre quanto hidroviário para recebimento de matéria-prima e escoamento da produção. Na região, General Câmara já assinou o mesmo termo e no município de Rio Pardo as tratativas para formalização da parceria estão avançadas.
SAIBA MAIS
A nova entidade é formada por representantes da Farsul, Fiergs, Fecomércio, Associação Brasileira dos Terminais Portuários, Federarroz e empresas que operam os terminais do Porto de Rio Grande e pretende liderar a mobilização para ampliar o volume de cargas escoadas pelas hidrovias das atuais sete milhões de toneladas/ano para 12 milhões. O que significa uma redução do frete em cerca de 40%. Formada por entidades empresariais, cooperativas, investidores e empresas de transporte de passageiros e de cargas, a Associação Hidrovias RS busca unificar as propostas do setor empresarial, hoje diluídas entre os vários segmentos da atividade econômica.
O presidente da entidade, Wilen Manteli, lembrou que “temos uma das logísticas mais caras do mundo. Precisamos mudar isso, apresentar propostas, tomar a dianteira. Essas questões têm de ser lideradas pelo setor empresarial”, defende ele.