Venâncio vai implantar composteira municipal

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Os caminhos percorridos pelos resíduos dos venâncio-airenses, desde a coleta até o destino final, podem ser mudados ou encurtados em breve. Isso será possível a partir de um projeto de reestruturação na gestão dos materiais, o qual o município foi um dos poucos contemplados com recursos para fazer essa organização.

O principal para que isso aconteça, o dinheiro, já está empenhado. São exatos R$ 4.180.590 – R$ 4.138.784,10 repassados diretamente pelo Ministério do Meio Ambiente e R$ 41.805,90 de contrapartida municipal.

Com o montante, a Prefeitura terá condições de comprar equipamentos que devem melhorar a coleta, triagem e retorno para o meio ambiente. A proposta inclui a aquisição de um espécie de grande composteira, chamada de Central de Compostagem Municipal, com triturador e revolvedor, para o material orgânico. Ela será instalada junto à Usina de Triagem, em Linha Estrela.

Com isso, parte dos resíduos que hoje também vai para o aterro em Minas do Leão, retornaria como adubo, por exemplo. “Fecharíamos o ciclo. O agricultor produz o alimento, a comunidade consome. O que sobra vai para a compostagem e isso poderia voltar para a agricultura”, explicou o secretário de Meio Ambiente de Venâncio, Clóvis Schwertner. Ele diz que a própria secretaria poderia organizar essa redistribuição, mas a ideia é ver exemplos de outros municípios que já têm essa estrutura para pensar na melhor organização.

A composteira também resolveria o problema dos galhos retirados nas podas, material que hoje não tem um local adequado. O que também não tem destino correto são os móveis. “O triturador poderia ser usado, mas isso está sendo estudado”, mencionou Schwertner.

Em 2019, Emei Arco Íris montou uma composteira (Foto: Cassiane Rodrigues/Folha do Mate)

BIODIGESTORES

A proposta da Prefeitura ainda contempla a instalação de biodigestores nas escolas. Eles processariam o material orgânico produzido nos educandários para transformar em gás de cozinha. “Os resíduos deixariam de ir para a usina e ficariam, de forma sustentável, nas próprias escolas. Muitas já trabalham essa questão de forma educativa e até já fazem a compostagem”, destacou Carin Gomes, fiscal de Meio Ambiente e coordenadora do projeto de gestão de resíduos.

Um dos exemplos é a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Arco-Íris, do bairro Aviação, onde desde 2019 o material orgânico, após compostagem, vira adubo para beneficiar a horta.

RAPIDEZ

  • O edital do projeto de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos foi publicado a partir de uma parceria entre ministérios do Meio Ambiente e da Justiça e Segurança Pública. A proposta somava cerca de R$ 30 milhões para repassar a municípios que se inscrevessem e contemplassem os requisitos.
  • De 1.135 municípios inscritos em todo Brasil, apenas 21 foram classificados. Venâncio Aires está entre os quatro gaúchos beneficiados. Para conseguir a classificação, foi necessária agilidade entre a abertura do edital e o envio da proposta.
  • Essa ‘corrida’ coube à Central de Projetos da Prefeitura, sob coordenação de Marilini Petry. Foi o tempo de abrir o edital, conversar com as secretarias de Educação e Meio Ambiente e enviar a proposta ao Ministério do Meio Ambiente.
  • Em poucas semanas, troca de e-mails, ajustes e conversas diretas com o gabinete do ministro Ricardo Salles. “Conversamos com frequência, o projeto foi muito bem recebido em Brasília e por isso fomos classificados”, destacou Marilini.
  • Os recursos, que não são de financiamento ou empréstimo, vem diretamente do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos. Os mais de R$ 4,138 milhões foram empenhados dia 27 de dezembro e o contrato assinado dia 30 de dezembro.

TREINAMENTO

Em fevereiro, a coordenadora da Central de Projetos, Marilini Petry, e a fiscal de Meio Ambiente, Carin Gomes, viajam a Brasília para um treinamento junto ao Ministério do Meio Ambiente. Lá, ocorrem todas as definições sobre a implementação do projeto de gestão de resíduos.

Coleta deve ser reestruturada

Um ponto importante da gestão de resíduos em Venâncio Aires passa pela coleta conteinerizada do lixo, que será reestruturada. “Isso será revisto, porque nossa proposta é adquirir mais contêineres e até um caminhão robotizado”, revelou Carin Gomes.

No entanto, a fiscal de Meio Ambiente diz que ainda há muita mistura de resíduo seco com orgânico. “O poder público tem um grande desafio de gerenciar bem isso e oferecer alternativas. Mas a comunidade também precisa colaborar, separando o lixo dentro de casa.”

Na cidade, hoje, são quase 300 contêineres, sendo que 11 deles (ao longo da rua Osvaldo Aranha) são apenas para lixo seco, da coleta seletiva. Os outros (na cor verde) são para material orgânico e, nos locais onde estão, também ocorre coleta seletiva. Nos bairros, ela ocorre uma vez por semana e as pessoas devem deixar o lixo seco em frente às casas.

BALANÇA

Também inclui a lista de compras da Prefeitura, uma balança para pesagem dos caminhões que fazem a coleta de lixo, a qual ficaria junto à Usina de Triagem. Atualmente, os veículos são pesados em uma metalúrgica de Venâncio Aires.

Avanço e eficiência

“É fundamental, estava na hora de reestruturar o sistema.” A avaliação é da presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente, Norma Barden. Para ela, se o projeto for bem usado, vai trazer economia para o município. “Foi excelente o trabalho da equipe que agilizou a habilitação no edital. Será uma avanço, mas é preciso melhorar o sistema de coleta para quem já faz sua parte em casa. E, para quem não tem noção de fazer a separação correta, é trabalhar a educação ambiental”, apontou.

A economia para os cofres públicos mencionada por Norma Barden também foi destacada pelo secretário Clóvis Schwertner. “Gastamos cerca de R$ 6 milhões por ano com todo o processo que envolve lixo e arrecadamos uns R$ 3,5 milhões com taxas. Se conseguimos diminuir essa diferença, será importante.”

Quem também comemorou a informação é Arlindo Santos, sócio-fundador da Cooperativa Regional de Catadores dos Vales do Taquari e Rio Pardo (Cootralto), que assumiu os trabalhos na Usina de Triagem em setembro. “Com esses equipamentos e uma esteira, teremos condições de produzir mais. É melhor para o município e para aumentar nossa eficiência.” A Cootralto tem 20 cooperados trabalhando em Linha Estrela.

CONTRATOS

A coleta e o transporte dos resíduos é terceirizada em Venâncio. Conforme a Secretaria de Meio Ambiente, a Conesul é a responsável pelo recolhimento domiciliar e materiais de postos de saúde. O transporte da usina até Minas do Leão é feito pela Ecopal Reciclagem e Transportes. Ainda há um terceiro contrato com a Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR) para o destino final no aterro sanitário.

30 toneladas – é a média de resíduos produzidos por dia em Venâncio Aires. Metade disso é rejeito que vai para Minas do Leão. Com a proposta da unidade de compostagem, é material a menos para ser transportado e, consequentemente, economia.

IPTU Mais

A questão das composteiras também envolve o principal imposto pago pelos venâncio-airenses. Isso porque elas são um dos itens que incluem o IPTU Mais, modalidade que oferece desconto a quem comprovar, no pátio de casa, que tem alguma medida de preservação do meio ambiente. De acordo com a Secretaria da Fazenda, para o IPTU 2020, 115 tiveram o pedido deferido.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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