Restos de alimentos viram adubo em composteira comunitária

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Todos os dias após as refeições, Ana Paula Oliveira da Silva, 37 anos, tem a mesma tarefa: separar os restos de alimentos que vão para o lixo orgânico e os que podem ir para a composteira. A família da moradora do bairro Tirelli está entre as três que participam, desde 2018, do projeto ‘Composteira no balde’, uma parceria entre a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e a ONG Planeta Vivo.

Mesmo ser ter conhecimento sobre o assunto, Ana comenta que desde muito jovem separa os lixos, mas nunca tinha cogitado fazer uma composteira em casa. “Como tenho pouco espaço e meu pátio é de brita, nunca pensei em ter. Mas quando começou o projeto aqui no bairro logo decidi fazer parte”, relata.

Ela lembra que tem esse pensamento porque desde criança, sua mãe a ensinou nunca jogar lixo no chão. “Aprendi que temos que cuidar do meio ambiente para garantir um futuro para nossos filhos.” Sobre a consciência da separação de lixo, ela conta uma história de quando era moradora de Taquara. “Eu tinha uma amiga que morava perto do ‘lixão’, muitas vezes ia na casa dela, passava por perto e só pelo odor imaginava ‘como as pessoas são descuidadas com a natureza’. Por isso, tento sempre fazer a separação certa”, coloca.


“Todos os restos de frutas e cascas, depois das refeições, vão para o balde. Já é uma rotina. As plantas e hortas ficam lindas com o adubo que vem da composteira”

ANA PAULA OLIVEIRA DA SILVA – Moradora do bairro Tirelli


Depois de ter mais conhecimento sobre compostagem, a família de quatro pessoas demorou um pouco para a se acostumar. “Tenho duas filhas e elas tinham preguiça de colocar as cascas de frutas no balde, porém, eu insistia e com o tempo entraram na rotina também.”

Atualmente, Ana tem um balde em casa, que quando enche ela leva para a ONG, onde está a composteira comunitária. “Costumo levar todo fim de semana o balde para a composteira, aprendemos o que podemos ou não colocar ali. É praticamente os restos de frutas, legumes, saladas e cascas”, explica.

48% do lixo produzido, diariamente, em Venâncio Aires é orgânico. A utilização dos resíduos orgânicos em composteiras possibilita que o material não seja misturado com o lixo seco e não precise ser mandado para o aterro sanitário de Minas do Leão.

Manutenção da composteira

A presidente da ONG Planeta Vivo, Izolde Lourdes Musa da Silva lembra que, quando o projeto ‘Composteira no balde’ começou, cerca de 20 famílias participavam. No momento, são apenas três famílias. “Como precisamos de muito espaço para fazer a compostagem, tivemos que diminuir a quantidade de pessoas, pois não podemos usar todo o pátio para a atividade.”

Na composteira no pátio da ONG, são colocados os restos de alimentos cobertos com serragem, palha ou folhas de bananeira. Quando o sol está muito forte, uma lona é colocada sob a composteira. “Precisamos manter os resíduos úmidas, mas sem o risco de ter outras bichos por perto. Esse cuidado também pesou para diminuir os participantes, porque muitos não tinham a disciplina e traziam de vez em quando, daí não tínhamos muito controle,” expõe Izolde.

O adubo gerado com o processo de decomposição do material orgânico é utilizado na horta da entidade. Todo o processo é auxiliado por um voluntário. “Temos a horta, que usufruímos para fazer comidas a fim de ajudar famílias carentes. E a terra da composteira serve para amparar essa horta” esclarece Isolde.

SOBRE O PROJETO

  • O projeto ‘Composteira no balde’ começou como piloto, no Loteamento Tirelli, em maio de 2018. Na época, famílias associadas à ONG Planeta Vivo receberam baldes com capacidade de 10 quilos para colocar os resíduos orgânicos e transportar até a composteira comunitária na instituição.
  • De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Clóvis Schwertner, embora a iniciativa não tenha se desenvolvido em outros bairros, como era a ideia inicial, observa-se o aumento do uso da composteira individual nas casas.
  • Segundo Schwertner, o projeto do IPTU Mais, com descontos para quem utiliza composteira doméstica, estimulou o uso. “Seguidamente, pessoas vêm até a secretaria pedir informação sobre como fazer composteira”, afirma o titular da pasta.
  • Associações de moradores ou demais grupos de vizinhos interessados em implantar o projeto ‘Composteira no balde’ podem entrar em contato com a secretaria pelo telefone 3983-1034 ou visitar a ONG Planeta Vivo, para conhecer a composteira.
    

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