Na convivência e na inclusão, um aprendizado coletivo

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No transporte escolar, na hora do recreio ou nos trabalhos em grupo, o convívio com outros estudantes é um dos principais aprendizados. Nessa convivência com o diferente, surgem amizades e se fortalece a empatia – a capacidade de se colocar no lugar do outro.

Conforme a professora de sala de recursos multifuncional na Escola Estadual de Ensino Médio Crescer, Virgínia Aurora Schuck, com a inclusão nas escolas, todos aprendem. “Os colegas, professores, funcionários e pais, todos os envolvidos aprendem a conviver com diferenças, a terem mais respeito e paciência com os outros”, ressalta Vicky, como é mais conhecida. Segundo a profissional, a criança tem mais facilidade em aprender a conviver com um colega diferente. “O adolescente já tem uma opinião formada, os pequenos ainda não.” Vicky conta que, na escola onde atua, é reforçado que todo mundo é diferente. “Percebo que, em geral, as turmas que têm um aluno especial são mais tranquilas e pacientes. Os colegas aprendem a ser mais cooperativos e empáticos.”

ADAPTAÇÃO

Com o início do ano letivo, Vicky aconselha os pais a conhecerem a escola antes e conversarem com os professores. “É importante ter transparência entre a escola e a família. Tem que falar para a professora qual deficiência da criança e como ela costuma ser. Muitas vezes, recebemos alunos e não sabemos que eles são especiais. Isso dificulta o ensino”, explica a profissional, que também atua na Escola Municipal de Ensino

A professora Vicky atua nas Escola Estadual de Ensino Médio Crescer e na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Odila Rosa Scherer (Foto: Eduarda Wenzel)

Fundamental Professora Odila Rosa Scherer. Para os educadores, ela aconselha estudar sobre as deficiências de seus estudantes, preparar material para incluí-los e, especialmente, recebê-los com carinho. “Quando o aluno se sente acolhido, gosta do lugar, tudo flui melhor.”


“Conviver com as diferenças é um grande desafio, mas também um aprendizado para a vida.”

VIRGÍNIA AURORA SCHUCK
Professora


Vinícius: evolução e independência

Um ano atrás, Juliara Beatriz Dornelles, 29 anos, estava preocupada com inserção do filho Vinícius Dornelles Lavall, 8 anos, na escola. O menino que foi diagnosticado com autismo aos 3 anos, já frequentava a Educação Infantil, mas, mesmo assim, a mãe tinha medo de como seria sua chegada na Escola Odila Rosa Scherer. “Eu não sabia como ele iria reagir, tinha medo dele não sentar na cadeira e não parar na sala.”

Antes de começar as aulas, a mãe havia explicado para a escola que ele precisava de cuidados especiais e, por isso, conseguiu uma monitora. “Ele tem dificuldade em socializar, mas, ao mesmo tempo, gosta de participar.”
Juliara se tranquilizou quando percebeu que o filho gosta de estudar e ir para a escola. “Ele sempre pergunta das professoras e dos colegas. Agora nas férias, só fala em ir para a aula”, expõe.

Vinícius estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Odila Rosa Scherer (Foto: Eduarda Wenzel)

Foi pela dificuldade na fala que a mãe procurou ajuda e teve o diagnóstico. Vinícius começou a falar com 4 anos, quando frequentava a escola de Educação Infantil, mas só quando foi para a Escola Odila que conseguiu formar frases.
“A fala dele teve uma grande evolução, ainda vai na fonoaudióloga, mas já está aprendendo a ler, que é uma conquista para nós”, conta, feliz. A escola também ajudou o menino a ter mais independência. “Tudo mudou, ele faz as coisas sozinhos, vai ao banheiro, come e brinca normalmente”, relata a mãe.

O garoto, que gosta fazer contas, diz que seu momento preferido na escola é quando joga futebol. “Desenhar e pintar eu também gosto e faço isso em casa”, afirma. Ansioso pela volta das aulas, durante as férias, ele está fazendo atividades com a mãe. “Todo dia escrevemos a data no caderno e realizamos exercícios. Ele ainda acompanha o calendário para saber certo o dia de voltar para a escola”, comenta a Juliara.

Yasmin: a importância do estímulo escolar

Yasmin Araújo Starck, 17 anos, que tem deficiência intelectual leve e vai para o 8º ano da Escola Estadual de Ensino Médio Crescer. No entanto, iniciou a vida escolar na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), onde aprendeu a ler e escrever. No 2º ano, transferiu-se para a atual escola. “Não lembro bem como foi a chegada na Crescer, sei que tinha medo de não ter amigos, porque gostava dos colegas e professores da Apae.”

A adolescente, que nunca reprovou de ano, comenta um pouco sobre as mudanças que acontecem na escola. “Quando ia sair do 5º para o 6º ano, fiquei bem ansiosa, porque teria mais professores e conteúdos. Tinha medo de não dar conta de tudo, mas tive professoras que me ajudaram e falavam ‘tu vais conseguir, confia em ti’, e eu realmente consegui”, lembra.

Sobre a relação com os colegas e as atividades escolares, Yasmin diz que participa de tudo. “Vou caminhando com meus colegas para a escola, faço trabalhos em grupo e sempre ajudo, assim como os outros.”

Yasmin vai para o 8º ano da Escola Estadual de Ensino Médio Crescer (Foto: Eduarda Wenzel)

Ela conta que estuda bastante em casa, pois tem dificuldades em matemática, porém, gosta de todas as matérias. “Nas sextas, vou na sala de recursos. Quando tenho bastante tema, vou nas terças também. Mas vejo que muitas atividades já consigo fazer sozinha em casa”, ressalta.

A família de Yasmin sempre incentivou a menina a estudar e ter independência. “Em casa eu consigo fazer meus trabalhos da aula, ajudar minha mãe e ainda tenho tempo para mim. A escola me ajuda a conseguir ter organização, confiança e autonomia”, define a jovem.

    

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