“Você volta para tentar R$ 2 mil ou sai com R$ 1 mil?” A pergunta feita por Raul Gil no quem ‘Quem Sabe Canta, Quem Não Sabe Dança’ desconcertou uma das calouras. “Eu pego os R$ 1 mil.” A resposta, inesperada e acompanhada de um choro incontrolável, fez a produção do programa parar a gravação. “O que você fez, Luciana?”
A negativa da jovem cantora, que já despontava como uma das favoritas do quadro exibido pela Record em 2003, poderia ter comprometido sua história musical. Mas o talento dela somado à insistência de um dos maiores comunicadores do país, fizeram Luciana Amaro Lopes Baum seguir.
Hoje, aos 42 anos, ela lembra entre risos do momento vivido dentro de um estúdio de TV em São Paulo, cidade onde nasceu e cresceu. “Eu queria parar porque nem tinha música para cantar no próximo programa”, recorda. Mas ela teve e o repertório variou de “Suave é a noite”, de Moacyr Franco, até “Moonlight serenade”, de Frank Sinatra, a qual interpretou na final daquela temporada.
Dividir o palco com Raul Gil é apenas um capítulo de uma história de mais de 30 anos na música vividos pela Luciana, hoje conhecida em Venâncio Aires pela voz. Mas a trajetória dela também tem relação com outros nomes conhecidos no meio artístico.
Das caravanas de Silvio Santos a backing vocal de Alcione
A participação no programa de Raul Gil só aconteceu porque Luciana era uma ‘caravanista’ assídua nas emissoras de TV da grande São Paulo. No início dos anos 2000, ela era figura constante nas plateias de Hebe Camargo, Gugu e da ‘lenda’ Silvio Santos.
Na época, Luciana cantava em karaokê de shopping quando decidiu gravar um demo (disco demonstrativo) e o qual nunca tirou da bolsa. Um dia, na plateia de Raul Gil, uma amiga chegou no ouvido de um dos produtores e pediu uma chance. “Ela precisa cantar muito”, foi a resposta.
Luciana teve seu teste e conseguiu a oportunidade de cantar, como mencionado aqui no início. Mas além da fama na TV, recebeu inúmeros convites profissionais e se tornou backing vocal (vocal de apoio) de artistas consagrados como o grupo Sampa Crew e ninguém menos que Alcione.
INFLUÊNCIAS
Até os 11 anos, antes de começar soltar a voz para valer, ela ensaiava sob o chuveiro. Ali, cantarolava as músicas da Xuxa e do Trem da Alegria. “Ouço até hoje”, entrega.
Na adolescência, seu repertório favorito incluía a trilha de Grease (clássico musical com John Travolta) e os sucessos de Donna Summer, Gloria Gaynor e Marisa Monte. Mas, a maior ‘musa’ na época era Rosana e seu ‘arrasa-quarteirão’ “O amor e o poder.”
Já adulta, ouvir Whitney Houston foi a grande escola. “A técnica vocal eu desenvolvi ouvindo ela, em casa.” Por isso, ainda hoje, a favorita é “I will always love you”, aquela música que deu fama ao filme “O guarda-costas”, de 1992, estrelado por Whitney e o ator Kevin Costner.
O 1,90 metro e a ligação com Venâncio Aires
Foi num baile de 3ª idade (!) que Luciana conheceu seu marido, Claudiomir Baum, em 1997. Na época, o venâncio-airense estava em São Paulo porque era atleta de bocha do Corinthians.
“Quando vi aquele homem enorme, de 1,90, tive certeza de que seria meu marido”, recorda, fazendo menção à altura dele, já que ela tem apenas 1,55 metro. Entre o namoro, morar junto e ela engravidar, foram apenas seis meses. A única filha, Nathalia, nasceu no Natal de 1998. Dali até 2009, foram idas e vindas entre Venâncio e a capital paulista, até acontecer a mudança em definitivo para cá, indo morar em Vila Palanque.
Foi nesse ano, então, que ela pensou em retomar a vida musical por aqui. Participou do Festicanto, em Mato Leitão, mas diz que ‘nem em última ficou’, de tão nervosa. Naquele dia, o cachorro dela fugiu. Por sorte, alguém que estava no festival o encontrou. Luciana perdeu a disputa, mas o Ralf voltou para casa.
Ainda em 2009, a vitória no Mais Bela Voz lhe rendeu convites e participou do coral da ONG Alphorria e depois da, ainda em formação, Orquestra de Venâncio Aires. Nela, Luciana fazia uma apresentação solo, cantando, para o próprio deleite, “I will always love you” de Whitney Houston.
CELEBRATION
Desde 2014, Luciana é vocalista da Celebration Band, grupo local conhecido pelos clássicos dos anos 70, 80 e 90. “O repertório é meu sonho de consumo”, conta, saudosa da adolescência.
Foi na banda que descobriu, em 2016, ter Lúpus (doença inflamatória que ela terá de tratar até o fim da vida). “Afetou meu diafragma e fiquei muito tempo sem falar direito. Mas foi cantando no chuveiro, que pedia a Deus para minha voz voltar. E ela voltou, ainda mais potente”, comemora.
Além da banda, Luciana também trabalha na Assessoria de Comunicação da Prefeitura.
SAMBA
Embora tenha influência pop dos anos 70 e 80 e cante em uma banda que mantém esse gênero, Luciana revela outra paixão: o samba. Esse carinho começou dentro de casa, quando ainda criança acompanhava o tio Cláudio, tocador de surdo do Demônios da Garoa, um dos grupos de samba mais antigos do Brasil. Curiosamente, é justamente o samba que motivou seu lado compositora. São mais de 30 canções autorais registradas em um demo. “Nunca investi, mas, quem sabe um dia?”
“A música é minha vida e toda vez que canto tenho a sensação de estar bem pertinho de Deus. É como se fosse a forma de me conectar com Ele.”
LUCIANA LOPES – Cantora