Situada a 90 quilômetros de Londres, bem no coração da Inglaterra, Oxford é um tesouro a ser descoberto sem pressa. Além de histórica pela arquitetura antiga que domina todo centro, a cidade transpira jovialidade com mais de 30 mil estudantes. O nome Oxford deriva do inglês arcaico com declinação, “oxa” que significa gado e “forda” traduzido como riacho. Ou seja, um vilarejo recortado pelo pequeno córrego por onde o rebanho podia atravessar. A cidade é cortada por canais e pelo rio Tâmisa, onde visitantes podem fazer passeios de barco e gôndolas, principalmente no verão.
Há mais de nove séculos a cidade abriga a universidade de mesmo nome e reconhecida mundialmente. Formada por 38 colleges (faculdades) a Universidade de Oxford é a mais antiga no mundo anglofônico. São tantas personalidades famosas que passaram pelos bancos universitários de Oxford, quase injusto mencionar apenas alguns, mas entre tantos intelectuais conhecidos encontram-se Albert Einstein, Christopher Wren, Adam Smith, John Le Carrè, Indira Ghandi e nada menos que 26 primeiros-ministros do mundo todo inclusive Boris Jonhson, atual premier do Reino Unido. A universidade de Oxford é uma fábrica de pensadores, filósofos e escritores, arquitetos, pesquisadores e especialistas em áreas diversas.

A riquíssima história arquitetônica de Oxford está estampada em cada canto da cidade. Por onde se anda tem sempre uma construção antiga com detalhes encantadores. A cidade respira o passado mas exala um charme intelectual pelas ruas lotadas de estudantes, caminhando ou pedalando sem parar entre uma aula e outra. Tantas bicicletas, espalhadas por toda parte, inclusive para aluguel por hora ou dia inteiro aos turistas aventureiros. Durante minha visita desta semana preferi um roteiro a pé, meio sem rumo, deixando-me guiar pela curiosidade e no final da tarde subi na torre da igreja de Santa Maria para contemplar a vista mais espetacular da cidade.

Oxford foi uma das primeiras cidades que conheci logo que cheguei aqui na Inglaterra há 26 anos e continua sendo até hoje uma das minhas cidades favoritas na Terra da Rainha. Ao passear pelas ruelas de paralalepípedo a impressão é de estar entrando num cenário de filme de época com as vias estreitas emolduradas por palacetes antigos formando um labirinto arquitetônico. As principais construções remetem ao século XIII e XIV, exalando charme e história. Muita história! O primeiro registro escrito de Oxford ocorreu em uma crônica anglo-saxônica de 912. Em 1167 o rei Henry II proibiu aos estudantes anglo-normandos de estudar na Universidade Sorbonne, em Paris, uma das mais renomadas da época. Os estudantes então se dirigiram às instituições religiosas de Oxford criando assim os primeiros Colleges da universidade e tornando Oxford o maior centro intelectual da Grã-Bretanha.
Os Colleges são na verdade instituições independentes (faculdades), cada qual com sua sede e cursos específicos, mas que formam o complexo universitário como um todo (Oxford University). Se o prestígio da universidade se espalha mundo afora, a cidade em si é relativamente pequena. Oxford é grandiosa em sua estrutura mas tranquila para se viver. As faculdades são destaque em toda cidade e vale à pena conhecê-las. A grande maioria oferece horários especiais para visitação com tour. Um passeio bem interessante que recomendo é a visita ao maior college da universidade de Oxford, o Christ Church, e onde estudaram nada menos que treze primeiros-ministros britânicos.

Para os fãs de Harry Potter não faltam corredores e salas que serviram de cenário para os filmes da saga, como o Great Hall, grande refeitório da universidade e usado como salão de jantar da escola dos bruxos no filme. Entre tantos pontos turísticos da cidade encontra-se o museu Ashmolean, o mais antigo da Inglaterra e que abriga grande coleção de obras
clássicas e arqueologia. Vale mencionar ainda a Biblioteca de Bodleian, pertencente à universidade, fundada no século XIV e uma das bibliotecas mais antigas do mundo com acerco superior a 12 milhões de itens catalogados. O local também aparece nos filmes de Harry Potter.
Para fechar o passeio com chave de ouro, vale à pena subir os 124 degraus da torre da igreja Saint Mary (Santa Maria). Daqui contemplamos a melhor vista da cidade contornando os telhadinhos e famosas torres pontiagudas de Oxford.
