Os empresários Airton Bade e Adalberto Hamester, proprietários das Lojas Bade e Chimatur, respectivamente, participaram nesta sexta-feira, 20, do Terra em Meia Hora, programa jornalístico da rádio Terra FM 105.1. Os dois afirmaram que concordam que é preciso ter cuidados e buscar a prevenção diante do alastramento do surto de coronavírus, mas disseram que não concordam com todas as medidas que estão sendo tomadas. Sobre o decreto de fechamento do comércio na próxima segunda-feira, 23, Bade, que também é vice-presidente de Comércio da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), declarou que esperava poder reduzir as atividades aos poucos. “Estávamos planejando uma redução gradual, primeiro com metade dos funcionários e dispensando do trabalho as pessoas com mais de 60 anos, gestantes e mães que tenham que cuidar dos seus filhos”, comentou.
Bade destacou a importância de se permitir que as empresas possam, ao menos, receber pagamentos durante o período em que a população deve se resguardar em quarentena. “Tenho que reservar dinheiro para pagar os funcionários no dia 5 e também preciso defender a classe empresarial. O vírus ainda nem chegou, só deve alcançar seu auge em 30 dias. Se ficarmos fechados durante 30 ou 60 dias, como vamos pagar as contas depois?”, indagou, acrescentando que, se isso realmente acontecer, a projeção é de que metade das empresas não consigam reabrir após o controle do surto e as demais estejam endividadas. De acordo com ele, os reflexos mais extremos na economia serão sentidos no fim de abril e início de maio, quando devem ocorrer demissões em massa. “Gostaríamos de poder fazer o comércio funcionar. Há maneiras mais suaves de fazer isso acontecer. Todo mundo vai cair do cavalo”, argumentou.
“Se vai parar, tinha que parar tudo e depois começar do zero, de novo. Mas tinha que parar também o sistema financeiro, porque senão as duplicatas vão se acumular e teremos que pedir dinheiro para fazer a empresa girar outra vez. Quem tiver muito dinheiro vai comprar tudo a preço de banana.”
AIRTON BADE – Proprietário das Lojas Bade e vice-presidente de Comércio da Caciva
CONSCIÊNCIA
Hamester, por sua vez, afirmou que as pessoas não estão conscientes como deveriam, em especial os mais idosos, que integram grupos de risco. Conforme o empresário, na quarta-feira, 18, do total de 2.167 passageiros transportados por coletivos da Chimatur, 319 tinham mais de 65 anos. Apenas 327 pagaram tarifa em dinheiro e, o restante, fez uso do vale-transporte. Na quinta-feira, 19, foram 3.466 passageiros e 428 idosos. “A gente vem tomando medidas desde antes do surto, com cartazes nos ônibus e álcool gel para higienização. A limpeza dos coletivos é feita toda a vez que eles voltam para a garagem. Mas as pessoas também precisam colaborar, principalmente os mais velhos. Peçam ajuda para os filhos ou familiares e fiquem em casa, evitem de rodar uma hora em um ônibus para ir aos lugares”, comentou.
O proprietário da Chimatur também demonstrou preocupação em relação a como fará para superar a queda na arrecadação e lembrou que “o próprio governo não terá dinheiro para pagar as contas”. De acordo com ele, está havendo precipitação “em algumas medidas”. Hamester ainda disse que “as pessoas estão ficando doentes antes do vírus chegar de fato” e que “o terrorismo está sendo disseminado”. “Pra mim, parece uma guerra mundial. Tem gente brigando por um litro de álcool gel, sendo que nem precisa, porque em casa a gente usa água e sabão. Poucos vão ganhar dinheiro com isso e, a maioria, vai cair no desespero”, concluiu.
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