Tivemos uma semana atípica e que encerra com um decreto municipal de calamidade pública. A pandemia do novo coronavírus espalha reflexos por todos os cantos e veio para mostrar ao mundo que mais do que afetar a saúde e ameaçar a vida das pessoas, ‘infecta’ a economia, a rotina, nossa vida em sociedade.
Preocupação para muitos, exagero para alguns, incerteza para todos. Um misto de sentimentos tomou conta do Brasil e em Venâncio Aires, o que parecia tão distante há uma semana – o que dirá há três meses, quando tudo começou do outro lado do planeta – agora, é o assunto que nos consome desde a hora de acordar. Na segunda-feira, 16, a Capital do Chimarrão ‘amanheceu’ com um caso suspeito e foi dormir com a informação de que já eram três casos investigados. Ao chegar nesta sexta-feira, 20, o número de casos suspeitos já subiu para 13, mas, felizmente, sete já testaram negativo e dois foram descartados.
Não temos nenhum caso confirmado em Venâncio Aires, mas a própria Secretaria Municipal de Saúde reconhece que isso pode ser questão de tempo, por isso, além do Município estar preparado, cada um de nós deve estar pronto para enfrentar o novo coronavírus. Sem pânico.
Eventos foram cancelados ou adiados, escolas suspenderam as aulas, indústrias anunciaram trégua da produção. O comércio de Venâncio fecha as portas oficialmente a partir de segunda-feira, 23, mas, por precaução, muitos lojistas e prestadores de serviços já paralisaram o atendimento ao público ainda nesta semana. Talvez você, leitor, seja um dos que esteja se perguntando nesse momento: se Venâncio não tem caso confirmado, porque parar, agora? Justamente para continuarmos com essa mesma estatística. Ou seria, privilégio nesses tempos de calamidade? Venâncio não está ilhada e a contaminação comunitária já ‘mora’ a 120 quilômetros daqui, na Capital gaúcha.
É hora de se resguardar para enfrentar o que, segundo especialistas, deve chegar ao pico entre 31 de março e 7 de abril. Não é à toa que o Rio Grande do Sul decretou situação de calamidade pública pela primeira vez na história. Sim, caros leitores! Regras de antes não se aplicam mais.
Nestes últimos dias, se ouviu muitas pessoas comentando o ‘lado bom’ dessa pandemia estar ocorrendo em uma era tecnológica, o que permite se conectar, se informar e até matar a saudade de forma on-line, mesmo em quarentena. Mas também é preciso tomar cuidado com a desinformação que se espalha na internet. Não confie em tudo que você recebe no WhatsApp. Cheque as informações em veículos tradicionais e não seja mais um transmissor de notícias falsas.
Esse resguardo, agora, é para proteger a saúde física, mas também mental de cada um de nós. Como disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, nesta semana, “nossa família humana está estressada e o tecido social está sendo rasgado. As pessoas estão sofrendo, doentes e assustadas”.
A hora é de prevenção, não de medo, nem de egoísmo. A China, onde tudo começou, já prova que o vírus pode ser contido, mas isso depende de nós. É hora de empatia, solidariedade e porque não dizer, de esperança e inovação? A história está aí para provar que das piores crises enfrentadas, só saímos delas com a união de esforços. Enquanto vacinas e medicamentos são testados, precisamos semear doses de otimismo e colher lições.
O que podemos aprender com esta crise de saúde pública mundial? Todas as crises no ensinaram a tomar decisões, a adotar mudanças. Depois da Covid-19, se cada governo ter aprendido como adotar ações com urgência e de forma menos burocrática, e se cada cidadão ter aprendido mais sobre empatia e atuar mais para prevenir do que remediar, já teremos lições importantes para contar sobre esse 2020. Ano que mal começou, mas veio para nos desafiar e está deixando ‘uma conta’ para cada um de nós.