Não é segredo para ninguém que o Brasil é um país de dimensões continentais. Com uma extensão que confere a cada estado uma área maior que muitos países da Europa, por exemplo, cada pedacinho do país tem sua própria cultura, povos, história e costume.
Quem pensa em Rio Grande do Sul, pensa logo em chimarrão. Mesmo que o estado seja cheio de outros símbolos, e seja uma ótima opção para quem quer diversão quando se busca um destino para viajar, a bebida se tornou uma característica da região mais ao Sul de nosso país.
Além da cultura simbólica que o chimarrão representa para o estado do Rio Grande do Sul, ele é, também, um elemento fundamental para a economia do estado. No Brasil, 96% da erva-mate, é destinada à produção da bebida. Somente 4% é utilizada com outros fins, tais como o chá mate gelado com limão, tão popular no estado do Rio de Janeiro.
O maior produtor do Brasil também fica no estado gaúcho. A cidade de Venâncio, interior central do estado, a 128 km da capital Porto Alegre, é de onde sai a maior parte do produto no país. A cidade é considerada a capital nacional do chimarrão. E mesmo o turismo do município cresceu devido ao título nacional e a grande produção da erva.
Herança de Povos Nativos
A história dessa bebida de gosto tão característico, porém, remonta origens antes do estado famoso por sua apreciação e pela qualidade dos ingredientes produzidos por ali. Foram os índios guaranis e os caingangues que primeiro fizeram uso da erva-mate.
Esses povos tradicionais viviam nas redondezas das bacias de importantes rios da América do Sul, tais quais o Rio Paraná e o Rio Uruguai, bem como outras regiões da área que, hoje, forma o próprio Rio Grande do Sul, mas, também, os estados de Santa Catarina e Paraná. É herança indígena viva parte da cultura nacional.
Outra herança cultivada de seus povos originários é o fato de que o chimarrão é uma bebida extremamente social. O ato de apreciá-lo é coletivo, tal qual foi para rituais comunitários dos índios que primeiro utilizaram a erva-mate. Assim, é tanto parte do cotidiano doméstico das famílias sulistas quanto é quase uma regra de etiqueta oferecer o chimarrão a uma visita que chega na casa.
Tempos modernos
Símbolo de pura hospitalidade e cuidado, ainda apresenta propriedades medicinais que os indígenas também já conheciam. O chimarrão é um poderoso digestivo, contém as vitaminas A, B1, B2, C e E, e é rico em sais minerais, como o cálcio, ferro, fósforo, potássio e manganês.
Além disso, ainda ajuda a combater o LDL, conhecido popularmente como “colesterol ruim”. Por isso, há também quem acredita que ele auxilie em dietas de emagrecimento se combinado, efetivamente, com atividades físicas diárias. E como numa cadeia de benefícios, ele fortalece nervos e músculos e é ideal para quem pratica esportes.
A introdução da prática de preparo e consumo do chimarrão pelos povos europeus chegados na região deu-se a partir da simples observação. Vendo os nativos consumirem a bebida, os colonizadores teriam associado sua força e vitalidade a sua ingestão. Assim, o chimarrão atravessou gerações e se tornou o símbolo cultural que é hoje.
A bebida é tão importante que tem um dia para chamar de seu. Desde 2003, através de uma lei estadual do Rio Grande do Sul, é comemorado o Dia do Chimarrão, em 24 de abril, todos os anos. A data foi escolhida como uma homenagem ao dia da fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas do mundo, em 1984, na capital Porto Alegre.