Não é preciso um olhar apurado para dar conta de que quase a totalidade dos profissionais da educação são mulheres. Na rede municipal de Venâncio Aires, dos 464 professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental, apenas 16 são homens, o correspondente a 3,4%. Na Educação Infantil, não há nenhum professor homem, apenas dois monitores entre os 163 profissionais do cargo.
Segundo o professor Felipe Gustsack, do programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), estudos mostram, especialmente na Educação Infantil, uma espécie de feminização da docência.
Ele explica que, embora a presença masculina seja forte na educação no sentido amplo, enquanto ciência, há uma participação maior de mulheres exercendo funções pedagógicas. “A Pedagogia remetia, e no imaginário popular ainda remete, mais às questões de cuidado e menos à ação de educar como exercício de uma profissão. Já a ciência, tradicionalmente, é masculina, assim como as grandes narrativas da nossa história. Ao longo da história, muitas cientistas mulheres foram e são invisibilizadas, ou pouco lembradas, por seus feitos e suas obras”, observa.
“Precisamos enfrentar a crença de senso comum de que a educação das crianças é tarefa apenas de mulheres. O que é próprio e recomendável para a educação dos bebês e das crianças é oportunizar a maior ampliação possível de percursos de experiências. E, portanto, de oportunidades de interação, o que implica relações com os mais diferentes atores e setores sociais.”
Felipe Gustsack – Professor da Unisc
Professor de História, Geografia e Ensino Religioso da rede municipal, Jair Pereira é o único homem no quadro de educadores da Escola Dom Pedro II e o único nomeado na José Duarte de Macedo, onde também atuam dois estagiários e um docente contratado. Para ele, a remuneração é um dos motivos que mais afasta o público masculino do magistério.
“A maioria dos homens busca profissões que remuneram melhor e que não exigem jornada dupla após o trabalho. Acredito que o que mais está afastando professores e, principalmente, homens, seja a desvalorização moral e financeira”, considera.
* Colaborou Eduarda Wenzel