Um sistema de cultivo que contribui para a economia de água

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Embora as hortaliças hidropônicas sejam cultivadas com utilização exclusiva de água e nutrientes, o volume é mais baixo do que produções feitas na terra. A extensionista rural da Emater, Djeimi Janisch, explica que o sistema gera economia na comparação com outros. “Ela depende muito da água, mas há economia quando se compara com cultivos em sistema aberto ou substrato, pois a perda de água é mínima”, destaca.
Ela salienta que há tendência de se utilizar o sistema fechado – coleta e reutilização da solução nutritiva – por questões de sustentabilidade, para economia de água e evitar contaminação do solo com excesso de fertilizantes, o que já é uma realidade nos países da Europa.
Para quem deseja investir nessa cultura, Djeimi observa que a qualidade e estabilidade de energia elétrica ou alternativa é essencial, já que a solução nutritiva precisa circular entre os canos de plantio durante o dia, em média, a cada 15 minutos. “Se houver falha no fornecimento pode comprometer toda a produção”, alerta. Além disso, a profissional observa que é uma técnica que exige um investimento considerável quando comparado ao cultivo tradicional no solo, por isso a importância de conhecer o mercado. A disponibilidade de água de qualidade é essencial.
A extensionista rural ressalta que na hidroponia há alguns insetos que causam danos, e que não são comuns em cultivo no solo, como por exemplo a Bradysia. “Outros fungos são mais frequentes, como o Phytium, dado a maior umidade e temperatura do sistema”, completa.
Por outro lado, ergonometria, precocidade e controle sobre as variáveis produtivas são vantagens do sistema. “Outra vantagem é a possibilidade de facilitar a desinfecção do sistema quando comparado com cultivo em substrato ou solo”, considera.

Atualmente, Venâncio conta com quatro produtores de hortaliças hidropônicas, localizados em regiões próximas da cidade, em Vila Arlindo, Linha 17 de Junho, Linha Herval e Estância Nova.

Douglas investiu na produção própria de hortaliças em 2018 (Foto: Roni Müller)

Plantio e colheita durante todo o ano

O produtor rural de Vila Arlindo, Douglas Peiter, de 30 anos, trabalha com a produção de hortaliças hidropônicas desde 2014. No início, era funcionário em uma propriedade em Linha 17 de Junho. Com o encerramento das atividades dos agricultores, aproveitou para adquirir os materiais e investir na produção própria.
Em 2017, começou a montar a estrutura e a primeira safra foi em 2018. No mesmo período, também concluiu o curso Técnico em Agropecuária. Atualmente, a estufa de produção de Peiter tem 1.200 metros quadrados, mas ele já trabalha na ampliação do espaço. No local, são produzidas alface – dos tipos roxa, verde, crespa e frizzly – rúcula, salsa e agrião.
Uma das vantagens citadas pelo produtor é que a utilização da hidroponia permite produção durante todo o ano, sendo que o forte da safra é o verão. “No verão uma muda leva de 25 a 30 dias de cultivo até a colheita. Já no inverno é o dobro do tempo por conta da pouca incidência de luz solar, mas não deixamos de colher”, ressalta. Ele explica que a produção precisa da luz do sol.
Em uma estufa, as bancadas contam com 300 pés cada e com a estrutura ligada em um reservatório com 300 litros d’água no que circulam pelos canos. É estimado que cada planta necessita de um litro de água sempre à disposição no reservatório para seu desenvolvimento. Peiter observa que é necessário um controle da produção para acionar o abastecimento de água sempre que necessário. “As bancadas precisam ter um desnível para que a água que irriga as plantas não fique parada ocasionando apodrecimento das raízes”, explica. A água utilizada para a produção é proveniente de poço artesiano, pois é necessário que seja potável. A família já tinha um poço e, recentemente, fez a escavação de mais um para garantir a captação para a produção.

ÁGUA E NUTRIENTES
A produção hidropônica é feita de forma exclusiva com água e nutrientes que são colocados diretamente nos reservatórios que bombeiam o recurso natural até as bancadas com as mudas.
Peiter ressalta que não são utilizados agrotóxicos, e sim produtos biológicos e naturais e armadilhas, que são métodos alternativos para conter os problemas causados pelas pragas. “Nós deixamos a estufa toda fechada para evitar a entrada de insetos”, acrescenta. Além disso, são utilizados pequenos pedaços de tecido com cola, na qual os insetos são atraídos pela cor amarela e ficam grudados.
Outro cuidado que o produtor diz ser necessário é a temperatura da água. O ideal para a produção hidropônica é até 28 graus. No verão, em dias de muito calor, o sistema de bombeamento precisa ser ligado mais vezes para a água circular entre os canos de plantio, mas muitas vezes ainda assim são prejudicadas pelas altas temperaturas.

DIA A DIA
O produtor conta com o auxílio da mãe, Eliane, no trabalho com as hortaliças. Os produtos cultivados são comercializados para mercados, fruteiras e restaurantes, com entregas três vezes na semana. No verão, com a produção maior, as vendas são expandidas e a entrega é feita diariamente.
Entre os desafios elencados por Peiter está o alto custo de produção com a elevação dos preços dos insumos necessários para a produção. “Não conseguimos aumentar tanto o valor para competir no mercado, a alternativa é tentar ganhar na quantidade”, complementa.



Cassiane Rodrigues

Cassiane Rodrigues

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), atua com foco nas editorias de geral, conteúdos publicitários e cadernos especiais. Locutora da Rádio Terra FM, tem participação nos programas Terra Bom Dia, Folha 105 1° edição e Terra em Uma Hora.

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