Paralisação em meio à pandemia angustia árbitros

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O futuro é incerto. Essa é a frase que define o atual momento para juízes e auxiliares. No mundo esportivo, clubes e jogadores vivem uma indefinição sobre uma possível redução de salários em meio à pandemia do coronavírus, na outra ponta, os árbitros estão sem receber.

Isso porque eles são remunerados por partida e com essa suspensão estão sem renda. A árbitra assistente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) na categoria B, Taís Regina Ruver, 24 anos, não esconde a angústia de estar há dias sem atuar. Desde 2016 a venâncio-airense atua como árbitra assistente. Iniciou no amador, infantil, juniores e times femininos. “Gosto muito do que faço. É uma honra. Estou atuando desde 2016, e nestes anos subi pra série B e com isso já posso realizar jogos profissionais como Divisão de Acesso e Segunda Divisão, além dos amadores, é claro”, conta Taís.

A árbitra tem como profissão ser encarregada de produção em uma empresa do ramo alimentício. “Hoje a arbitragem ainda não é considerada uma profissão, isso pra nós é complicado, seria justo se fosse considerada e valorizada. A gente tem um gasto enorme para se manter atualizado.” Parte do sustento e as atualizações é com o dinheiro ‘extra’ que faz ao bandeirar uma partida.

Taís comenta que o clima de indefinição é angustiante, além disso, ela se preocupa com o andamento dos campeonatos que estão paralisados e o início de outros que estavam previstos. “É difícil, é angustiante estar parada, sem jogos, mas a gente precisa aceitar essa parada e respeitar.”

Taís primeira da esq. Para dir. No jogo pelo Gauchão Feminino. Partida entre Internacional e Oriente. Na foto, o trio de arbitragem com as capitãs das respectivas equipes (Foto: Arquivo Pessoal)

“Nossa profissão é muito exigida. A teórica é uma coisa e a prática é bem diferente. Com essa parada pra nós também é difícil, a gente vai deixando de trabalhar e esquece algumas coisas. Não desaprende, mas vai se desatualizando de alguns lances e com certeza a gente precisa retomar com mais firmeza ainda.”

TAÍS RUVER – Árbitra Assistente da FGF


“Treino é treino, jogo é jogo”

Antes da paralisação, o árbitro assistente Jorge Eduardo Bernardi, 39 anos, estava atuando no Campeonato Gaúcho e na Copa do Brasil, jogos organizados pela FGF e CBF. Bernardi acredita que a preparação física e teórica é possível manter, mesmo estando somente em casa. “Mas no futebol, treino é treino, jogo é jogo. O jogo cria alternativas que muitas vezes você lendo a regra, não consegue visualizar. A FGF e CBF enviam vídeos testes para análise e questionamentos referente às regras.”

Bernardi destaca que quando se exerce algo que gosta de fazer, a não realização da função acaba deixando aquela vontade de retornar o quanto antes. Além disso, ele acredita que todas as atividades sofreram ou irão sofrer consequências com a pandemia. “Mesmo sendo uma renda extra, preciso ter uma organização financeira, pois a estrutura familiar precisa ser mantida. Hoje exerço a função paralela de árbitro assistente, pois sou sócio em uma empresa, e preciso manter essa função, pois ela é minha principal fonte de renda.”


“Não vejo como ruim em estar sem jogos. O motivo porque estamos parados, é o ruim. O descanso sempre ajuda a fortalecer o corpo e a mente, e a família – que sempre está acompanhando de longe, em virtude de viagens, treinamentos e tudo que envolve a função – recupera o tempo da ausência.”

JORGE EDUARDO BERNARDI – Árbitro Assistente da FGF categoria A


O amador e as incertezas

O presidente da Associação Independente Regional de Arbitragem (Aira), Jarles Dreissig, reforça que é necessário cautela e tranquilidade nesse momento de incerteza. Fundada em 1998, a associação tem 48 associados que exercem a função de árbitro e árbitro assistente.

São mais de 12 campeonatos em que árbitros estão atuando, competições de Venâncio Aires e municípios da região como Vale Verde, Doutor Ricardo, São José do Herval, Fontoura Xavier, Relvado e Sério. Eles atuam nas modalidades de futebol de campo onze e sete, futsal e society. “Esperamos que, no máximo no final do mês, volte tudo ao normal e os associados possam atuar e ter aquela renda extra que sempre ajuda as suas famílias durante o mês, como rancho e algumas despesas necessárias de todo mês”, frisa.

Além disso, Dreissig, que também é árbitro, reforça que nesse momento é essencial manter a forma física. “Nessa parada vale salientar que nós, árbitros, precisamos manter a forma física e treinar um pouco. Eu faço meus treinos diariamente em casa e realizo algumas corridas.”

Dreissig também é organizador de competições e ressalta que as comunidades e atletas aguardam ansiosamente para reiniciar as competições. “Final de semana sem futebol não é a mesma coisa, mas temos esperança e fé que no final do mês voltaremos com os campeonatos.”

Árbitros da Aira em uma comemoração (Foto: Arquivo Pessoal)

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