Fazer uma viagem, para um ambiente mais belo e fora da própria realidade, e passar um período aproveitando o local, é motivo de alegria para todos. Mas, voltar para casa também é um momento a ser comemorado. Assim estão os alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Mariante, que retornam, na próxima segunda-feira, 17, para a sua ‘casa’, em Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires.
No dia 4 de julho de 2022, o prédio foi interditado por problemas elétricos – uma semana após a interdição do outro prédio, por questões estruturais – e todos os alunos passaram a estudar na modalidade Ensino à Distância (EAD). Em setembro, voltaram à sala de aula, dessa vez no campus de Venâncio Aires da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). O prédio teve a reforma iniciada pela empresa Boa Vista Construções, de Erechim, em janeiro de 2023. O projeto de recuperação foi desenvolvido pela 6ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop) e finalizado na primeira semana de abril.
Segundo a diretora, Naira Elisabeth da Rosa, os preparativos para o retorno estão em curso há duas semanas, mas se intensificaram nos últimos dias. Naira diz que a Escola Mariante une alunos de diversas localidades próximas, e é a referência para todos. “Vamos acolhê-los com muito carinho. Vamos ter uma programação especial”, antecipa. A escola retorna com 11 salas de aula, 14 turmas e 205 alunos.
Os setores administrativo e pedagógico estarão unificados, enquanto não acontece a instalação dos contêineres. O responsável pela 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, destaca que expectativa de todos é grande. “Nada melhor que o estudante estar dentro da sua própria escola, na sua localidade, próximo à sua residência. A escola é vida na localidade, ela movimenta Vila Mariante”, frisa. Ele diz que a CRE e a Crop foram essenciais para monitorar e acompanhar o passo a passo da obra, para otimizar o tempo e acelerar os trâmites legais para dar sequência aos trabalhos.
Limpeza
A vice-diretora, Sinara Cezar Maria, afirma que está sendo finalizada a reestruturação da escola, com faxinas, organização dos ambientes e mudanças de itens que ainda estavam no prédio interditado. Além das salas de aula, também são limpas e verificadas a quadra esportiva e a pracinha. A limpeza é realizada por funcionários, professores, pais e alunos. “Toda a comunidade ajudando, como sempre foi. Isso é de grande alegria e satisfação, nossa comunidade sempre atende ao nosso chamado”, comemora Sinara.
O ciclo está completo
Na semana de paralisação do primeiro prédio, a atendente de farmácia Letícia Santos, de 32 anos, foi às redes sociais expressar a sua indignação com o acontecimento. Na época, nem sabia o que ainda estava por vir. No entanto, mais de nove meses depois, ela comemora o retorno às salas de aula do educandário.
A mãe da Alice, de 11 anos, e da Helena, de 5 anos, vive momentos de ansiedade para a retomada. O sentimento é misto, pois Alice, que estuda no 6º ano do Ensino Fundamental, retorna para a escola, enquanto que Helena se mantém na Emef Coronel Thomaz Pereira, pois está na pré-escola B.
“A sensação é de voltar para a casa, esta é casa destas crianças e também estudei aqui. Eles não vão precisar mais acordar tão cedo ou pegar ônibus para ir até a Unisc, é mais seguro por que não precisa mais desse trânsito”, comemora Letícia.
A mãe mora ao lado do prédio da escola e diz que, finalmente, o sentimento de retorno se torna real e com mais segurança. “Agora, está mais seguro para todos. Imagina ter o medo de tomar um choque. Nesse momento, podemos passar pela escola e vê-la toda iluminada de noite, isso é muito legal. É uma felicidade enorme, foi um período de muita luta e dificuldades.”
Alice comemora o fato de não precisar passar horas no deslocamento para a Unisc e acordar cedo. “Também não vou mais ‘aturar’ o excesso de conversas no ônibus. Fico triste que minha irmã ficará na outra escola, mas estou muito feliz de retornar para a minha”, comenta.
Período na Unisc
• A vice-diretora, Sinara Cezar Maria, diz que o período na Unisc foi de aprendizado e construção de novos conhecimentos. Segundo ela, todos foram bem recebidos e os alunos puderam vivenciar uma nova experiência.
• Já a diretora Naira Elisabeth da Rosa diz que, apesar dos pontos positivos, foi um período onde ficaram sem o contato com os pais e, quando os alunos precisavam de algo, não era possível comunicar de forma eficiente os responsáveis.
• Outra que destacou os últimos meses foi a professora e presidente do Conselho Escolar, Anelise Marli Schlosser, que mesmo com a excelente estrutura da Unisc, os alunos e os professores precisam do contato com a comunidade, que só é possível com este retorno.
A Escola Mariante retorna com 11 salas de aula, 14 turmas e 205 alunos.
“Até me emociono, é difícil falar. Cada vez que entro aqui, custo a acreditar que estamos de volta à nossa casa.”
SINARA CEZAR MARIA
Vice-diretora
As turmas de pré-escola e 1º ano do Ensino Fundamental não retornam para a Escola Mariante. A pré-escola se mantém na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Coronel Thomaz Pereira, por conta de, anteriormente, apenas utilizar as salas da Escola Mariante, pois são turmas municipais. Já o 1º ano foi perdido pela falta de alunos – apenas oito se matricularam, não alcançando o número mínimo.
Futuro
1 Nos próximos meses, deve ser construída a base para a instalação dos contêineres. Esta ainda espera decreto Do prefeito Jarbas da Rosa, pois está inserida em área de preservação permanente (APP), pela proximidade com o rio Taquari. O prefeito afirma que aguarda parecer da Promotoria do Meio Ambiente da comarca de Estrela, responsável por parecer jurídico final.
2 Assim que for liberado o decreto, a obra será finalizada. Segundo o coordenador da 6ª CRE, Luiz Ricardo Pinho de Moura, já existe a empresa contratada e o empenho do recurso, só falta dar continuidade aos trâmites burocráticos. “Não chega a atrapalhar o retorno dos estudantes, pois priorizamos os espaços para salas de aulas.”
3 O prédio interditado por problemas estruturais não faz mais parte da Escola Mariante. A 6ª CRE passa a focar todas as ações e reformas no ambiente que será reinaugurado. Enquanto isso, o local anterior vive momentos de incertezas, pois existem dúvidas sobre quem é o responsável pelo terreno.
4 De acordo com o prefeito Jarbas da Rosa, o prédio é da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) e o ginásio de esportes é estadual desde 2008. Contudo, Pinho de Moura diz que a escola tinha cessão de uso do imóvel com a Prefeitura de Venâncio Aires.
Relembre
• Em 21 de junho de 2022, o primeiro prédio da Escola Mariante foi interditado por problemas estruturais. Após todos os alunos serem transferidos para o segundo prédio do educandário, este foi interditado em 4 de julho, depois de complicações na rede elétrica e, com isso, todos os estudantes da escola passaram a ter aulas na modalidade Ensino a Distância (EAD).
• No dia 16 de julho, a comunidade de Vila Mariante tomou as ruas da localidade para manifestar sua indignação com relação à interdição dos dois prédios da Escola Mariante e o descaso com a situação dos estudantes. Cerca de 400 pessoas participaram do protesto.
• Em 12 de setembro, todos os estudantes passaram a ter aulas na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) campus de Venâncio Aires, que disponibilizou, por meio de locação, 10 salas para a escola.
• O prédio que foi interditado no dia 4 de julho, por problemas na rede elétrica, teve a reforma iniciada pela empresa Boa Vista Construções, de Erechim, em janeiro de 2023. O projeto de recuperação foi desenvolvido pela 6ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop).