Passado o episódio onde os agentes penitenciários e policiais militares impediram que uma quadrilha invadisse a Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva) para resgatar o chefe da galeria A, o presidente da Amapergs Sindicato, Saulo Felipe Basso dos Santos, se manifestou. Ele aponta a falta de efetivo e o atraso na regulamentação da Polícia Penal como motivos para a ocorrência registrada na madrugada do domingo, 23, em Vila Estância Nova.
Naquela oportunidade, cerca de dez homens chegaram em três veículos e dispararam mais de 160 tiros de fuzil e pistola 9 milímetros contra a guarita onde estava o PM que faz a guarda externa, e contra a casa prisional. A suspeita é que o bando pretendia entrar no pátio da penitenciária e usar um explosivo para abrir um buraco em uma cela e dar fuga ao integrante de uma facção criminosa.
Mas a reação de um agente penitenciário, que foi seguida por colegas da Susepe e pelos policiais militares, impediu que o bando seguisse com seu plano e ele teve que fugir. Porém, dois veículos atolaram e a fuga foi feita em uma caminhonete Ecosport, apreendida na segunda-feira à tarde, em Linha Picada Mariante.
Troca de tiros
Santos, que visitou a casa prisional no dia seguinte ao episódio, ressaltou que mesmo diante de todas as dificuldades, os servidores penitenciários se envolveram na troca de tiros com bandidos e evitaram a fuga. “Essa é uma das casas mais bem estruturadas do Rio Grande do Sul. Espero que o evento faça o governo do Estado dar mais atenção aos servidores penitenciários e à Susepe”, pediu, reivindicando mais servidores e armamentos pesados.
O presidente citou que no ataque a Peva os criminosos usaram fuzis calibre 762 e 556, enquanto que e os servidores usaram espingardas calibre 12 e pistolas calibre 40. E mesmo assim, afirma Saulo, os servidores da Peva não deixaram os criminosos fugirem.
“Imagina o que essas facções estão dispostas a fazer? Pensa nas casas prisionais onde a estrutura é mais precária? Por isso a importância da regulamentação da Polícia Penal e a necessidade de reforçar o efetivo, chamando os aprovados em concurso para servidores penitenciários”, destaca.
De acordo com o presidente da Amapergs Sindicato, o fato ocorrido em Venâncio Aires também chama atenção para os plantões dos servidores penitenciários. “Por que existe um plantão de 24 horas? Geralmente, casos como esse que ocorreu em Venâncio Aires são planejados durante o dia, como motins e rebeliões. Por isso é importante que os servidores penitenciários fiquem 24 horas dentro da casa prisional. Às vezes, é uma conversa diferente que os presos estão tendo, um barulho estranho na cela. Isso justifica nosso plantão de 24 horas, o qual muitas vezes os governos pensam em rediscutir”, destaca o dirigente.
Após aprovação de emenda constitucional pelo Congresso Nacional, em 2019, os servidores penitenciários serão equiparados às demais polícias, sem acréscimo salarial, podendo realizar boletim de ocorrência, termo circunstanciado e operações de busca e recaptura. Além disso, os servidores penitenciários, que serão transformados em policiais penais, receberão armamento do Estado.
Mas segundo a Amapergs Sindicato, a emenda constitucional precisa ser regulamentada pelos estados e o Rio Grande do Sul é um dos mais atrasados nesse processo, sendo que o texto sequer foi protocolado na Assembleia Legislativa.
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