Os telefones públicos já foram ponto de referência, meios de comunicação populares e até motivo de cerimônias solenes cercadas de políticos e de curiosos. Hoje em dia, passadas algumas décadas da época de ouro dos ‘orelhões’, eles são marcas do passado existentes em alguns poucos espaços. A evolução dos celulares, que hoje já fazem muito mais do que ligações, praticamente monopolizou as formas de comunicação entre pessoas.
Mas há alguns poucos resistentes ao tempo. Um deles está localizado em frente ao Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Foi de lá que o repórter Ismael Stürmer, da Rádio Terra FM, conversou com a apresentadora do Folha 105 – 1ª Edição, Letícia Wacholz, no dia 12 deste mês. Este, inclusive, foi o único ‘orelhão’ encontrado pela reportagem que estivesse em relativo funcionamento na cidade. Isso porque o telefone em frente ao hospital recebe ligações, mas não consegue realizá-las.
Por outro lado, conforme a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), há 24 telefones públicos em Venâncio Aires. Em contato com a Folha do Mate, a agência explicou que a Oi, concessionária do serviço, deve “manter os seus Telefones de Uso Público (TUPs) em perfeitas condições de operação, funcionamento e conservação”.
CARTÕES
Para realizar ligações que não fossem ‘a cobrar’, era necessário ter um cartão telefônico. Os cartões não são mais confeccionados no Brasil, mas as recordações seguem, especialmente com os colecionadores. Eram produzidos cartões especiais, de super-heróis, de ídolos como Ayrton Senna, paisagens turísticas, entre outros.
“Uma das minhas alegrias de quando eu era criança era colecionar cartões telefônicos. Eu tinha aproximadamente 4 mil. Alguns amigos motoristas de ônibus muitas vezes traziam cartões de outros estados e era muito legal quando vinha um cartão diferente que ninguém tinha. Um dos meus hobbies era sair sábados ou domingos de manhã, quando eu não tinha aula na escola. Eu ia com um amigo de bicicleta e a gente tinha uma rota em que a gente passava em uns 15 ou 20 ‘orelhões’ pela cidade, procurando se alguém não tinha deixado um cartão por ali”, relembra Lucas da Silva, que colecionava os cartões.
Recordações com os ‘orelhões’
“Em 1980 e 1990, a inauguração era motivo de solenidade, corte de fita inaugural. Eu lembro que fiz uma cobertura disso, acredito que na rua Senador Pinheiro Machado, ao lado da Fumossul, onde tinha um armazém. Lá foi instalado um orelhão.”
Elton Etges
Colunista da Folha do Mate
André Henckes
Professor
“Uma das lembranças que tenho da minha infância é a inauguração no pátio interno da escola Brígida do Nascimento, junto à rua General Osório, no bairro Brígida. Foi um marco para a nossa comunidade toda. Muitas pessoas participaram, foi um ato solene. O ‘orelhão’ sempre foi uma referência tanto para a escola, como para a comunidade. Era muito útil.”
André Henckes
Professor
“A última vez que falei em um orelhão vai fazer 17 anos. Foi quando eu descobri que estava grávida. Eu fui fazer o teste, fui até a rodoviária para pegar o ônibus na volta para casa. Aí encontrei uma vizinha e amiga. Ela viu que eu tinha feito o teste e perguntou se eu estava grávida, eu disse que sim. Ela perguntou se já tinha ligado para a minha mãe e eu disse que precisava comprar um cartão. A vizinha disse que tinha um e que emprestaria. Eu fui então ao ‘orelhão’ e liguei para a minha mãe para contar a novidade. Ela ficou muito feliz. São histórias que marcam a vida da gente e que não vamos nos esquecer nunca.”
Ângela Maria da Costa
Agricultora
Quantos existem?
No Brasil: 121.154
No Rio Grande do Sul: 5.637
Em Venâncio Aires: 24
*Informações do levantamento de agosto/2023 da Anatel