Com duas nascentes já recuperadas este ano, projeção é de serem 12 até o fim de 2022

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O trabalho de recuperação de nascentes em Venâncio Aires, realizado pelo Município e coordenado pelo Comitê de Recuperação das Nascentes do Arroio Castelhano está ‘a todo vapor’. Segundo o coordenador do comitê, Rui Schwinn, que atua na Secretaria de Meio Ambiente, a 23ª nascente já foi finalizada, em Linha Brasil e no momento o trabalho ocorre em Vila Deodoro, para recuperar a 24ª, a última a usar os recursos destinados pelo Rotary Chimarrão e fornecidos pelo fundo social do Sicredi no ano passado.

Neste ano, a projeção é que se consiga recuperar 12 nascentes. O comitê já tem adquiridos materiais para trabalhar em mais seis nascentes, que ainda não tiveram as localidades definidas. A ordem dessas seis próximas será definida em reunião, levando em consideração as famílias que no momento precisam mais da água.

Para o chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar – que também é parceira na recuperação das nascentes –, Vicente Fin, o trabalho é contínuo e gratificante de ser realizado. De acordo com ele, as inscrições para o projeto ainda estão abertas e famílias interessadas podem se inscrever na Emater para receber a visita de integrantes do comitê. “Temos 98 nascentes em espera para receber este trabalho.”

O critério para seleção, segundo Fin, é a ordem de inscrição, somente em casos excepcionais, quando uma grande quantidade de famílias depende da água ou em situações de famílias carentes, é dada a preferência para atendimento.

Três anos de revitalização

A família de Osvino Schweikart, 72 anos, e Amália Lúcia Metz, 67 anos, recebeu o programa em 2019, para revitalizar uma nascente que fica na propriedade localizada em Linha Arroio Grande. Na quinta-feira, 17, Schwinn e Fin foram até o local para realizar um processo de limpeza na nascente, chamado de cloração, que deve ser feito a cada seis meses. “Como é uma água potável, de tempos em tempos precisamos fazer essa manutenção para tirar os fungos”, explica Schwinn.

Amália e Osvino elogiam a qualidade da água.

Ele enfatiza que normalmente as próprias famílias podem fazer este processo, porém, no caso do casal de aposentados, por serem idosos e com dificuldade de locomoção, a equipe vai até a propriedade prestar o serviço.

Schweikart incentiva que mais famílias participem do projeto. “É para o bem da gente, depois que mexeram na nascente melhorou bastante.” Além das necessidades dentro de casa, a família também usa a água na criação de gado, suínos e aves. Atualmente, cinco famílias consomem água da vertente. Fin, afirma que o trabalho sempre é feito de forma manual, e a equipe atua até chegar na vertente principal da água. “É importante que sempre sobre em torno de 25% do volume da nascente para o arroio Castelhano”, explica Fin.

“Quem não acredita pode vir nos visitar e ver a nascente. Durante a seca, a água se manteve vindo normalmente. Se precisasse, daria para abastecer mais umas cinco famílias, tranquilamente.”
OSVINO SCHWEIKART
Morador de Linha Arroio Grande que participou do projeto de recuperação de nascentes

A equipe da Emater e da Secretaria do Meio Ambiente também auxiliou Schweikart a fazer o plantio de árvores corretas no entorno da nascente, para assegurar uma mata ciliar nativa. “Em um raio de 100 metros deve se evitar o plantio de eucaliptos, pois as raízes agressivas têm a ação de ‘sugar’ a força e são capazes de fazer a nascente se deslocar”, explica Schwinn. Fin evidencia que é importante fazer a recuperação da área no entorno da nascente, inclusive, Schweikart possui uma bergamoteira que é usada de exemplo para divulgar o projeto e ‘convencer’ a sociedade, já que evoluiu muito e está mais bonita após a atuação na nascente da localidade.

Fin e Schwinn realizaram a cloração e medição da vazão na nascente.
  • 36,2 mil é a quantidade de litros de água por dia, que vertem da nascente em Linha Arroio Grande – já considerada também um afluente –, conforme medição feita na quinta-feira, 17. A vazão por dia já é 7,4 mil litros maior do que a medição feita em janeiro de 2019, quando foi feita a intervenção na nascente. Na época, eram 28,8 mil litros diários.

Entenda

• A intervenção na nascente varia conforme cada local, mas sempre busca ‘limpar’ o entorno da fonte, deixando que a água aflore naturalmente. Além disso, é construída uma câmara e a nascente é isolada, para evitar a contaminação com folhas, dejetos e outros materiais.
• Depois de filtrada, a água segue encanada para as residências, com um reservatório. Enquanto isso, parte dela segue o ‘caminho’ normal do córrego até desembocar no arroio.
• Uma das preocupações do projeto é sempre cercar a área. Isso é necessário pois, se houver animais em volta, eles podem pisotear a terra e fechar a nascente, além de defecar no local. Com essa proteção, se evita a contaminação da água e se possibilita o aumento do volume.

Há mais de 30 anos

Em Linha Marechal Floriano, uma vertente foi recuperada há mais de 30 anos. Na localidade de Alceu Bohn, 59 anos, e Dario Sulzbacher, 68 anos, a equipe da Emater, na época liderada pela extensionista Maria Emília Colombo, começou este trabalho e fez um sistema de proteção. Hoje, a intervenção feita no local já é considerada um método antigo. A projeção de Fin e Schwinn é voltar a mexer no local para chegar até a vertente principal, provavelmente em uma sanga localizada ao lado.

As duas famílias, proprietárias do terreno onde a nascente está localizada, afirmam que devem usar cerca de 10% de toda água que verte dela, juntamente com mais 15 famílias que usam a água para consumo próprio. “Aqui tem muito volume de água e nunca deu problema. Usamos na criação dos animais e no plantio de fumo”, comenta Sulzbacher.

Nascente em Marechal Floriano passou por processo de revitalização há cerca de três décadas.

“O trabalho deste projeto não pode parar”, afirma prefeito

A frase acima foi dita pelo prefeito Jarbas da Rosa sobre as atividades do Comitê de Recuperação das Nascentes do Arroio Castelhano. Ele comenta que, em 2021, devido à pandemia, foi preciso uma parada, mas quando a retomada aconteceu, o programa não teve mais interrupções, e isso é importante, segundo ele.

A Prefeitura disponibiliza três profissionais para atuar no projeto, sendo dois pedreiros para a mão de obra e um servidor da Secretaria de Meio Ambiente. Jarbas comenta que, caso necessário, cederá recursos do fundo municipal para a manutenção do projeto, que no momento é financiado com recursos do Fundo Social do Sicredi e emendas impositivas da Câmara de Vereadores.

Jarbas enfatiza a importância do projeto em duas perspectivas. A primeira é a garantia de água na bacia do arroio Castelhano. “É o nosso futuro, com afluentes protegidos, o volume aumenta.” E em segundo, o fornecimento de água de qualidade para a população. “São feitos estudos, seguidas as normas da Vigilância Sanitária e a água usada tanto a cidade quanto na região serrana é revitalizada.”

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Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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