Na quarta-feira, 23, o Instituto Crescer Legal completou 10 anos de fundação. Para marcar a data, a diretoria da entidade divulgou os resultados de uma pesquisa feita pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), que é referência nacional em filantropia estratégica e avaliação de projetos sociais. O estudo, realizado entre fevereiro e março de 2025, com egressos do programa, apontou as principais mudanças e impactos do projeto na vida dos jovens participantes do Programa de Aprendizagem Profissional Rural.
Ao celebrar uma década do Instituto Crescer Legal, o diretor-presidente da entidade e presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Valmor Thesing, destacou a importância dessas atividades para o desenvolvimento social das comunidades e na formação da juventude rural. “Eles são os futuros líderes das nossas comunidades e também os sucessores do campo”, destacou em entrevista à Folha do Mate e Rádio Terra FM.
Neste ano, o Programa de Aprendizagem Profissional Rural – uma das iniciativas do Crescer Legal – estará novamente nos três estados do Sul, com atividades em oito escolas: uma no Paraná, duas em Santa Catarina e cinco no Rio Grande do Sul. “O programa segue firme e forte. Nosso objetivo realmente é continuar levando aos jovens do meio rural essa capacitação, para que eles cresçam de maneira pessoal e profissional”, frisou.
Ao projetar o futuro do Crescer Legal, Thesing adiantou que foi dado início ao planejamento estratégico para os próximos cinco anos do Instituto. Mais detalhes serão divulgados em um evento agendado para o dia 22 de maio, que celebrará uma década de fundação.
“Gratidão gigantesca pelo instituto”
A iniciativa já foi levada para 23 municípios dos três estados do Sul do Brasil, entre eles, Venâncio Aires e Passo do Sobrado. Desde que foi implementado, o curso de empreendedorismo e gestão rural já formou mais de mil jovens. Moradora da localidade de Linha Hansel, interior de Venâncio, Aline Frey, 22 anos, está na lista de egressos. A jovem, mãe do pequeno Benício, de 2 anos, participou do programa em 2018, quando tinha 15 anos e estudava na Escola Estadual Cônego Albino Juchem (CAJ). Atualmente, Aline trabalha como promotora de vendas, no Centro da cidade, mas mantém vivo o sonho de empreender no campo e garantir renda extra à família. “Sempre mantive o vínculo com o interior, onde sigo morando. Mantemos uma pequena produção, uma horta para o consumo da família, mas tenho planos para o interior, que depende de um investimento futuro. Inclusive, o meu projeto final foi voltado ao cultivo de feijão, que é vender a produção para a cooperativa de Venâncio. Esse projeto continua vivo, só que terá que ser um pouco mais para frente”, afirma.
Aline conta que até hoje mantém as amizades feitas no período do programa de aprendizagem, inclusive participa de atividades do Crescer Legal sempre que pode. “O Instituto tem esta coisa maravilhosa que é de nunca perder os laços. Mesmo com o passar dos anos, a gente consegue manter os laços e continua aprendendo cada vez mais”, declara. “Eu tenho uma gratidão gigantesca pelo instituto”, complementa. Outro ponto destacado por Aline é a força e a união do meio rural que, segundo ela, ficam ainda mais evidentes durante os encontros do Crescer Legal.

“O foco é a área rural, o empreendedorismo, mas aprendemos lições que levaremos para a vida inteira, para todas as áreas.”
ALINE FREY – Egressa do Programa de Aprendizagem Profissional Rural do Instituto Crescer Legal
TRANSFORMAÇÃO
Um dos instrumentos do setor do tabaco no combate ao trabalho infantil, o Programa de Aprendizagem Profissional Rural se consolidou como uma oportunidade de qualificação, renda e despertar para liderança dos jovens rurais. “Com esses dados, estamos vendo a tradução consistente dessa transformação. Esse trabalho chancela o que a gente já vivencia. São histórias que a gente conhece e que agora a pesquisa evidencia”, destacou a gerente do Crescer Legal, Nádia Fengler Solf. “Agora, o Idis inicia a segunda etapa da pesquisa, com aprofundamento qualitativo, para entendermos as histórias por trás dos números”, acrescenta.
Entre os participantes da pesquisa, 80% aumentaram os conhecimentos em empreendedorismo e gestão rural e 73% afirmaram que a qualificação recebida os ajudou a acessar novas oportunidades. Além disso, o impacto do programa também traz dados importantes sobre a sucessão rural sustentável. Cerca de 48% dos jovens aumentaram o interesse em ser sucessor na propriedade rural após participarem do programa e 49% adquiriram mais interesse em permanecer no meio rural.
“Os dados comprovam o que vínhamos percebendo na prática. O impacto do instituto vai muito além da formação técnica. Ele abre caminhos reais para o futuro dos jovens.”
NÁDIA FENGLER SOLF –
Gerente do Instituto Crescer Legal
O programa
O Instituto Crescer Legal é uma iniciativa do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e suas empresas associadas. Entre as iniciativas está o programa de Aprendizagem Profissional Rural, que conta com metodologia própria, validada pelo Ministério do Trabalho, e que permite às empresas repassarem cotas de aprendizado para adolescentes do meio rural. As atividades ocorrem no contraturno escolar e os jovens são contratados por meio da Lei da Aprendizagem, com remuneração e apoio para desenvolver seus projetos de vida sem sair de suas comunidades e sem prática na empresa. A carga horária é de 800 horas por turma.
Impacto social da iniciativa
Os dados da pesquisa foram apresentados pelo gerente de Monitoramento e Avaliação do Idis, Daniel Barreti. “O programa é o grande protagonista das mudanças que os jovens percebem em suas vidas.”, afirma.
- Valorização da identidade rural: 55% dos jovens passaram a valorizar mais a cultura local e 45% passaram a valorizar mais a profissão de agricultor.
- Aumento da qualificação profissional: 80% aumentaram seus conhecimentos em empreendedorismo e gestão rural e 73% afirmaram que a qualificação recebida os ajudou a acessar novas oportunidades.
- Desenvolvimento de competências protagonistas: 71% melhoraram suas habilidades de comunicação e expressão pessoal, 65% desenvolveram o pensamento crítico, 65% se tornaram mais engajados com a comunidade e 57% se tornaram mais proativos após o programa.
- Aumento do grau de escolaridade: 87% dos jovens participantes da pesquisa, que têm entre 14 e 26 anos, completaram o Ensino Médio ou ingressaram no Ensino Superior.
- 58% passaram a valorizar mais a formação escolar e mais de 49% adquiriram interesse em se formar em cursos das ciências agrárias ou licenciaturas.
- Além disso, 21% percebem que houve melhoras em seu desempenho escolar com a participação no programa e 16% que houve melhoras em sua frequência à escola no período.
- Diversificação das possibilidades de atuação profissional: 40% dos egressos que residem em propriedades rurais relatam novas culturas em sua propriedade após o programa.
- 74% ampliaram suas redes de parcerias, enquanto 72% passam a enxergar novas possibilidades de atuação profissional.
- Aumento da segurança financeira: um terço dos participantes relatou aumento do acesso a bens e serviços que melhoram sua qualidade de vida após o programa, enquanto 63% percebem uma maior contribuição para a renda familiar.
- Sucessão rural sustentável propiciada: cerca de 48% dos jovens aumentaram seu interesse em ser sucessor na propriedade rural após o programa, 49% adquiriram mais interesse em permanecer no meio rural e 49% sentem que ganharam mais voz na propriedade.
