As notícias sobre o aumento de casos de dengue em todo o país, estado e no município de Venâncio Aires estão cada vez mais recorrentes. Já são 53 mortes no Rio Grande do Sul e mais de 1 mil no Brasil. Em 2024, foi batido um recorde negativo: 2,6 milhões de casos de dengue no país. Antes, o maior número tinha sido 1 milhão de casos. Na Capital do Cimarrão, de acordo com o último boletim da Vigilância Epidemiológica, já são 279 casos da doença. Em três dias, houve um aumento de 61 infecções.
Na quinta-feira, 4, o coordenador da Vigilância Sanitária, Gabriel Alves, participou do programa Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM, e compartilhou a preocupação da Administração com a situação atual. “Era uma doença que até então não se tinha uma preocupação, mas agora o número de mortes é alto, sinal de que tem muita gente infectada. A situação tende a piorar, caso a população não se conscientize e cada um cuide da sua casa para evitar criadouros. Futuramente, podemos ter epidemias piores”, diz.
Um dos motivos para a proliferação dos mosquitos, além da falta de cuidados, segundo Alves, são as condições climáticas e chuvas recorrentes. Assim, os ovos eclodem, nascem as larvas e a população do Aedes aegypti aumenta. O coordenador ressalta que, atualmente, a infestação de dengue acontece em todo município e a probabilidade de ter a doença na forma grave – situação hemorrágica – é maior. Hoje, duas cepas do vírus já circulam em Venâncio Aires, portanto, as pessoas podem pegar a doença duas vezes, quando a dengue se desenvolve geralmente de forma mais grave.
Alves reforça que a equipe trabalha para conter o avanço do mosquito, mas na maioria das visitas feitas é constatada a falta de cuidado da população. Os principais criadouros do mosquito são em objetos que acumulam água, piscinas não tratadas, cisternas abertas, caixas d’água destampadas e bromélias, que acumulam água entre as folhas. “As pessoas não podem acumular água da chuva de qualquer jeito. Os locais viram os principais criadouros para os mosquitos e, infelizmente, todos os dias encontramos isso. São cuidados que qualquer um pode tomar, sem a necessidade de depender da visita de um agente de endemias”, observa. Ele enfatiza que fazer uma fiscalização no imóvel uma vez na semana já é o suficiente.
Como poder público, as principais ações são o fornecimento de atendimento aos acometidos pelo vírus e orientar sobre o combate ao Aedes aegypti, além de ações de contenção de casos, como a aplicação de inseticidas.
Boletim da dengue
- No último boletim epidemiológico da dengue em Venâncio Aires, divulgado na quinta-feira, 4, eram 279 casos no município, sendo duas situações de pessoas infectadas em outras cidades. Atualmente, são três pessoas internadas devido à doença, 32 amostras em análise, 115 testes negativados e um total de 426 notificações.
Inseticidas
- O coordenador da Vigilância Sanitária de Venâncio Aires, Gabriel Alves, explica que o setor realiza também a aplicação de inseticidas pelos bairros. No entanto, o produto mata somente os mosquitos adultos atingidos no momento da aplicação. “É uma ação paliativa e acaba somente atrasando os casos de dengue”, comenta. Já foram realizadas cinco aplicações nos bairros Xangrilá e Cidade Nova, e os casos continuam aparecendo em ambos.
Denúncias
- Para cada caso confirmado, o coordenador da Vigilância Sanitária explica que é feita uma Pesquisa Vetorial Espacial (PVE), que são visitas na área no entorno do caso confirmado. Alves comenta que o surto de dengue iniciou no bairro Xangrilá e se estendeu no bairro Cidade Nova. As equipes estão há mais de um mês realizando as visitas nos locais e, nos demais bairros, seguem as visitas de orientação.
- Ele ressalta que as equipes de agentes de endemias, agentes comunitários de saúde e fiscalização são pequenas, por isso, por vezes, pode haver demora no atendimento. Denúncias podem ser feitas pelo telefone da Vigilância Sanitária, o (51) 2183-0757, ou pelo WhatsApp da Prefeitura: (51) 99910-9500.
42 incubadoras do Aedes do Bem serão instaladas em Venâncio
A Administração vai investir em uma solução biológica e inovadora para combater o mosquito Aedes aegypti em Venâncio Aires. O Aedes do Bem é um produto composto por uma caixa com ovos de mosquitos machos do Aedes aegypti com característica autolimitante, ou seja, que são capazes de limitar a reprodução da própria espécie.
Os ovos são ‘ativados’ para se desenvolverem após adição de água potável. Depois de 10 a 14 dias, já adultos, esses mosquitos machos se espalham no ambiente, encontram as fêmeas – as que picam e são transmissoras das doenças, como dengue, zika, febre amarela e chikungunya – e acasalam. Deste cruzamento, apenas os descendentes mosquitos machos chegam à fase adulta, herdando também a característica autolimitante, e as fêmeas são exterminadas. “Não é uma solução que vai resolver o problema todo, porque não temos como colocar na cidade inteira, custa caro. A principal medida de controle do mosquito nunca muda, sempre é a mesma, evitar criadouros”, afirma.
O Aedes do Bem é uma solução já ativa em sete cidades brasileiras. No Rio Grande do Sul, Venâncio Aires é o segundo município a implementar o método, o primeiro município a fazer uso foi Segredo.
Gressler
O bairro que deverá receber as caixas é Gressler, em pontos de instalação que ainda serão definidos, mas vai abranger quatro quarteirões. O custo das 42 incubadoras por seis meses será de R$ 75 mil, valor destinado através de emendas impositiva da vereadora Sandra Wagner (PSB). No período, a eficácia será avaliada e também serão instaladas armadilhas para coleta de ovos, com objetivo de monitorar o funcionamento do método.
A escolha pelo bairro Gressler, segundo Alves, é porque o bairro todo ano apresenta um alto nível de infestação e sempre está entre os três com o maior número de casos de dengue. Alves afirma que os produtos devem chegar no município na semana do dia 15 e logo serão instalados. “Será uma caixa branca com a escrita ‘Aedes do Bem’. Pedimos que não vandalizem e não furtem as caixas, pois é uma solução que foi cara e é pelo bem de todos”, reforça. Alves destaca que a recomendação da empresa que revende o produto é de que a instalação seja feita junto à calçada, em via pública, no entanto, nos próximos dias o bairro será visitado em busca de moradores que aceitem a colocação das caixas nos seus terrenos, para evitar o furto do material.
Na próxima semana, as equipes de agentes de endemias receberão treinamento para instalação e manutenção do material. Depois de instaladas, os agentes irão a cada 10 dias nos locais para abastecer com novos ovos do mosquito e colocação de água para reprodução. O Aedes do Bem foi criado pela empresa Oxitec, do Reino Unido, que é vinculada à Universidade de Oxford, e a representante de venda do produto é a Bioseta – Inteligência Ambiental.