Sol quente e estiagem prejudicam mais de mil pés de morango em Sampaio

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“Na lavoura, enfrentamos dias difíceis. É necessário ter persistência e não desistir. A chuva em excesso prejudica a plantação, mas também quando o sol está muito quente, ele mata e seca tudo que está plantado”. Assim, a agricultora Eloci Terezinha Brandt Scheibler, de 64 anos, moradora de Sampaio, em Mato Leitão, nas proximidades da divisa com Venâncio Aires, descreve as dificuldades enfrentadas nos últimos anos com a produção na agricultura da sua propriedade de um hectare.

Pé de morango ‘morreu queimado’ por conta do sol (Foto: Júlia Brandenburg)

Há 14 anos ela reside na propriedade, onde sempre esteve envolvida com a produção rural, inicialmente cultivando tabaco e, posteriormente, trabalhando como diarista. Ela recebe o auxílio nos afazeres do esposo Érico Scheibler, 72 anos, e ambos são aposentados. A agricultora é uma das responsáveis por cultivar as hortaliças destinadas à alimentação escolar da Cidade das Orquídeas, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Entre os produtos entregues aos educandários, todas as segundas-feiras, estão batata-doce, tomate congelado, tempero verde e vagem.

Além disso, em sua horta, a agricultora produz repolho híbrido, couve-flor, alface, ervilha, pepino para salada e rúcula. Entretanto, a forte estiagem e as elevadas temperaturas impactaram significativamente a produção da agricultora. Os prejuízos foram expressivos na produção de morangos – tinha plantado 1,5 mil pés da fruta e teve perda quase total. “O morango eu tinha plantado no chão. Sei que não é a melhor condição, mas foi a forma que eu podia no momento”, relata.

Além disso, Eloci estima uma perda de 30% de toda a produção de hortaliças. Outro problema foi a cenoura, que precisou ser replantada quatro vezes devido às condições climáticas da época. “Agora, o sol não está tão forte. Pela quarta vez tentando que a cenoura se desenvolvesse, dessa vez vai dar certo”, comenta.

Diante das dificuldades, Eloci busca alternativas para minimizar os impactos da seca em estiagens futuras. “Vou pensar em outras maneiras e me informar com chefe do escritório da Emater de Mato Leitão, Rudinei Medeiros, para que ele possa me auxiliar com isso. Uma alternativa seria o uso de sombrite”, planeja.


“Não estamos considerando a hipótese de situação de emergência, pois não é o caso”

Conforme o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Devanir José Heinen, os maiores problemas causados pela seca afetaram a agricultura, especialmente as culturas de soja e hortaliças. No primeiro mês do ano, a falta de água impactou a criação de animais, e o calor excessivo prejudicou o milho na fase de formação da espiga. “Não estamos considerando a hipótese de situação de emergência, pois não é o caso. O milho safrinha está bonito e verde e, em relação à soja, teremos que aguardar um pouco mais para avaliar as perdas”, comenta.

O chefe do escritório da Emater de Mato Leitão, Rudinei Medeiros, ressalta que as hortaliças foram afetadas não tanto pela falta de chuva, mas principalmente pelas elevadas temperaturas, por serem plantas mais sensíveis. “As altas temperaturas queimaram muitas mudas e plantas já em desenvolvimento, fazendo com que os produtores diminuíssem consideravelmente o plantio”, explica.

Medeiros esclarece que há formas de minimizar os efeitos do sol e evitar que a produção seja totalmente comprometida. “É importante trabalhar com palhadas e plantas de cobertura do solo, pois elas diminuem a temperatura e retêm a umidade. O plantio de hortaliças sobre uma palhada de adubação verde ajuda muito na manutenção da umidade do solo”, orienta.

Outro fator mencionado pelo profissional é a irrigação, principalmente por gotejamento, que se torna essencial em períodos de elevadas temperaturas e escassez de água, especialmente para as culturas de hortaliças. “Pode-se trabalhar com irrigação e sombreamento com o uso de sombrites, o que ajuda a reduzir as perdas. Não será a solução definitiva, mas contribui significativamente”, comenta.

“Folhosos, alface, rúcula, agrião e tempero verde são as cultivares mais sensíveis, mais afetadas em função da diminuição de água, mas principalmente pelas altas temperaturas.”

RUDINEI MEDEIROS

Chefe do escritório da Emater de Mato Leitão



Júlia Brandenburg

Júlia Brandenburg

Acadêmica do curso de Jornalismo na Universidade de Santa Cruz do Sul

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