Estudo divulgado nesta terça-feira, 10, pelo Serviço Social da Indústria (Sesi-RS) estima que o Rio Grande do Sul terá um déficit de 10 mil professores na Educação Básica em 2040. A constatação é fruto de um trabalho realizado pelo Observatório Sesi da Educação, a partir de dados sobre a relação aluno-professor e projeções demográficas, o que permite estimar a demanda futura de docentes com base nas matrículas previstas.
Os resultados foram apresentados durante o Sesi Com@Ciência Debates, evento que se estendeu até quarta-feira, no Instituto Sesi de Formação de Professores, em Porto Alegre. Conforme as projeções, o RS terá um quadro de 83.783 docentes em atividade em 2040, mas a demanda de alunos exigirá que esse contingente seja de 94.137 professores – o que configura um déficit de 10.354 profissionais nas redes pública e privada. Para o superintendente do Sesi-RS, Juliano Colombo, o estudo traz um importante alerta para a sociedade gaúcha, tendo em vista o papel fundamental dos educadores para o desenvolvimento socioeconômico.
“Este é um dos primeiros estudos divulgados pelo Observatório da Educação e tem como objetivo fomentar a discussão sobre as políticas públicas voltadas à formação dos professores e à atratividade da carreira. O cenário de déficit de docentes em um futuro próximo demanda o envolvimento de todos os atores sociais na construção de soluções”, afirma Colombo.
Em 2022, considerando-se o total da população gaúcha em idade escolar e as estimativas de oferta e necessidade de docentes, há um saldo positivo de 37,4 mil. De acordo com os dados do estudo, o ponto de virada se dará em 2035, quando a demanda estimada de professores será, pela primeira vez, superior à oferta. Para efeito de comparação, o volume de docentes apresenta uma redução quatro vezes maior do que o número de estudantes na Educação Básica.
Possíveis causas do déficit de professores
Os pesquisadores do Observatório Sesi da Educação apontam, no estudo, possíveis razões para a progressiva redução no número de docentes no RS. Entre elas, estão o desinteresse na carreira – amparado por dados que mostram redução de 59% no número de concluintes em cursos de licenciatura (que formam professores), entre 2010 e 2021 – e o envelhecimento dos profissionais da categoria (houve aumento no contingente acima de 40 anos e diminuição naqueles da faixa dos 25 aos 29 anos).
Outros fatores são a taxa de evasão dos cursos de licenciatura, correspondente a 59% das matrículas no Brasil, em 2021, e a remuneração docente. Segundo dados de 2021 da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), os professores gaúchos ganham, em média, um salário de R$ 4.024. Na comparação com profissionais de áreas semelhantes, mas que não atuam como docentes, fica clara a diferença salarial. Em exatas (físicos, químicos e matemáticos), a média salarial é 67% maior do que a dos professores.
Caminhos sugeridos
O estudo do Sesi sugere possíveis saídas para alterar a projeção de déficit de docentes. Em relação às formações Inicial e Continuada, são as seguintes:
– Ofertar espaços de experimentação;
– Formar professores que formam outros professores;
– Qualificar os profissionais sem formação adequada para a docência;
– Focar na formação em serviço;
– Qualificar a matriz curricular da formação inicial;
– Criar programa de iniciação para novos professores.
Há também sugestões relacionadas à atratividade da carreira docente, como promover a valorização da carreira de magistério, instaurar um programa de orientação e realizar pesquisas sistemáticas com professores.
O estudo está disponível para download em https://instituto.sesirs.org.br/
Fonte: AI Sistema FIERGS