Não é possível falar da história dos bairros Santa Tecla e Diettrich sem mencionar a família Buzata. Em 1969, Ana e Orestes Buzata deixaram Linha Santa Teresinha (hoje interior de Boqueirão do Leão) para fazer a vida em uma área urbana, mas que por muito tempo ainda manteve características rurais.
A família foi a terceira a se estabelecer onde é a atual rua Benno José Wendt – do posto de saúde Santa Tecla. Na época, o que se via por lá era apenas campos, lavouras e uma estradinha de carroça. Onde a gurizada corria solta e fazia piqueniques nas várzeas do arroio Castelhano.
Mais de meio século depois, muita coisa mudou. De vila o local passou se a se chamar bairro Diettrich. Ruas foram asfaltadas, escolas e sedes comunitárias construídas, a população aumentou e empresas iniciaram as atividades nos arredores.
Tudo isso, foi acompanhado de perto pela família Buzata. Dos 10 filhos de Ana e Orestes, cinco seguem morando na rua: Félix, Elídia, Jacir (Neno), Odair (Dico) e Paulo Buzata (Capeta), além de Vitorino Miorando, viúvo de Beatris, a Nina, já falecida.
Mais do que morar no local, eles se destacaram pela grande inserção comunitária. Foi no galpão dos Buzata, aliás, que teve início a mobilização que daria origem à Comunidade Católica Santa Ana, na década de 1980. “Os primeiros terços e missas eram no galpão e do lado ficava a estrebaria, com as vacas e os porcos roncando”, relembra, entre risos, o pedreiro aposentado Félix Buzata, 63 anos. De acordo com ele, a gurizada se acomodava na carroça, e cepos de lenha e até mesmo o cabeçalho da trilhadeira viravam assentos para acomodar os fiéis.
Naquele galpão também tiveram início as atividades do grupo de mães, que se reuniam semanalmente para rezar e confeccionar tapetes, panos de prato e demais itens de artesanato. Além disso, era o local de encontros do grupo Jovens Unidos Distribuindo Amor em Cristo (Judac). Foi por meio deste grupo, do qual Félix, já casado com Lourena, era uma dos líderes, que surgiram mobilizações que garantiram a construção da Sociedade Esportiva, Recreativa e Cultural Santa Tecla (Sercsate). “Fui o presidente fundador da Sercsate e depois da Comunidade Santa Ana”, comenta.
Entre os eventos, Félix cita os bailes com concurso de valsa, realizados em salões como o antigo Liebstein. “Tínhamos que colocar gente nas portas para impedir que mais pessoas entrassem, de tanto público. Dava medo de que o assoalho cedesse”, relembra.
O sucesso nas promoções também foi obtido anos depois, quando o foco era garantir a construção da sede comunitária Santa Ana. Na época, a comunidade vizinha, São Francisco Xavier, foi palco para festas beneficentes. “Sempre tivemos uma boa participação, é bonito ver tudo o que foi construído”, comemora Félix Buzata, que segue na diretoria como integrante do Conselho Fiscal e diretor de patrimônio.
Neste domingo, aliás, a comunidade realiza sua tradicional festa. Na noite de sexta-feira, 26, pela primeira vez, foi realizada uma procissão em devoção à padroeira, pelas ruas do bairro.
Homenagens a Ana e Orestes
- Santa Ana foi escolhida como padroeira do bairro Diettrich como uma homenagem a Ana Buzata, falecida em 1986. Além de ceder o galpão para as primeiras missas, a família Buzata doou dois terrenos para a construção da sede comunitária. Eles foram vendidos para aquisição de uma área mais central no bairro, onde foi construído o pavilhão (fica localizado na rua Sete de Setembro, em frente a Escola de Educação Infantil Vovô Weber). Antes disso, as missas também foram realizadas na cancha de bocha de Vitorino Miorando e em casas de moradores.
- A Comunidade Santa Ana foi fundada oficialmente em 15 de maio de 1992. O primeiro batizado foi de Mateus Orestes Buzata, filho de Paulo e Rejane e neto de Orestes e Ana, em 31 de julho de 1993.
- O patriarca dos Buzata foi homenageado com nome de uma das ruas do bairro Diettrich.