Desde crianças, os irmãos Pedro, 27 anos, e Talles Olímpio Baierle da Silva, 26, tiveram interesse e curiosidade pelo trabalho na lavoura. Eles acompanhavam o pai, Marcos Olímpio da Silva, 56 anos, e, após completarem a maioridade e concluírem o Ensino Médio, passaram a administrar, junto dele, uma propriedade de 53 hectares, em Passo da Mangueira, no interior de Passo do Sobrado, cuja principal cultura é o tabaco.
Na propriedade também residem a mãe, Cristiane Helena Baierle, 52 anos, que é professora, e os avós Adélio e Marli. Durante a safra de tabaco, além do trabalho braçal, há diversas atividades de apoio. A avó é responsável pela preparação dos cafés e almoços, enquanto Marcos se encarrega de abastecer as estufas com lenha, e Pedro e Talles realizam a colheita na lavoura.

Neste período de março, o trabalho não está mais na lavoura, mas na organização do tabaco seco para a venda. A expectativa da família é que este seja um ano de bons preços na comercialização. Além dos 160 mil pés de tabaco, eles também cultivaram soja por alguns anos e têm plantação de milho. A propriedade diversificada ainda tem espaço para feijão, mandioca, batata-doce e melancia.
Marcos destaca a segurança e o orgulho de ver a sucessão da propriedade e as diferentes ideias que a nova geração traz. “Fico feliz em saber que os meus filhos estão conduzindo os trabalhos na propriedade e admiro a vontade que têm de inovar e facilitar as demandas”, conta.
Entre as inovações implantadas pelos irmãos Olímpio, como são conhecidos, destaca-se a modernização na aplicação de agrotóxicos. Eles utilizam um pulverizador de 12 linhas – seis de cada lado –, além da aplicação de insumos por meio da plantadeira de soja. “É necessário otimizar o serviço para aumentar a produtividade. O que levaríamos uma semana para fazer, agora realizamos em um dia. Algumas dessas ideias tive a partir da Expoagro”, explica Pedro.
Ele também ressalta que para a produção de tabaco, a família conta com cinco estufas convencionais e uma elétrica. Para as próximas safras, a ideia é implementar uma estufa com secagem da folha solta, aumentando o rendimento do serviço.
O irmão mais novo, Talles, conta que, neste ano, eles decidiram apostar na adubação verde em vez de plantar soja, pois essa técnica de conservação do solo melhora a qualidade do tabaco a longo prazo. “Vamos plantar o tabaco em três etapas para espaçar a colheita e evitar sobrecarga. No fim de maio, iniciaremos com 80 mil pés; no início de julho, mais 30 mil; e no final do mesmo mês, os 50 mil restantes”, detalha.
Tabaco envolve maior número de famílias agricultoras
Conforme o extensionista rural da Emater de Passo do Sobrado, Wagner Soares, que atua há 12 anos no município, o tabaco é a cultura que envolve o maior número de famílias agricultoras – cerca de 800 – em Passo do Sobrado, mesmo não sendo a que ocupa a maior área cultivada. “Por envolver um grande número de produtores, a economia acaba girando em torno dos aspectos econômicos da cultura. Movimenta mão de obra, setor de insumos e serviços, maquinários, entre outros fatores”, comenta.
O extensionista explica que a área de tabaco teve um pequeno crescimento nos últimos dois anos, porém, segue menor do que há 12 anos, quando ele começou a atuar como extensionista no município. Além disso, cita que os produtores rurais enfrentam problemas relacionados ao clima e, na visão dele, será necessário encontrar novos caminhos para lidar com as adversidades climáticas, que serão os grandes desafios para os produtores nos próximos anos.
Área plantada no município
- Soja: 11 mil hectares
- Milho: 3,6 mil hectares
- Tabaco: 1.750 hectares