A área rural de Venâncio Aires é extensa e o número de produtores que dependem e cultivam o tabaco também. Números da Emater/RS-Ascar estimam que sejam produzidas 2,3 toneladas por hectare na safra 2022/23. No entanto, há produtores que são considerados referência na produção e que também pensam na sustentabilidade, pois são adeptos de novas práticas, como o reflorestamento. Um destes agricultores é Nilo Vogt, 55 anos, de Linha Arroio Grande, que cultiva tabaco com a esposa Lúcia Hochscheidt Vogt, 56 anos, e o filho André Luís Vogt, 28 anos. Juntos, a família faz o reflorestamento com mudas de eucaliptos tradicionais e do tipo Uva do Japão, que são referências na iniciativa.
Vogt mora na propriedade há 31 anos e desde sempre planta tabaco. Atualmente, a produção está em 38 mil pés. No início, para fazer a ‘cura’ do tabaco, ou seja, a secagem das folhas em estufa, o agricultor comprava lenha mas, desde 2006, essa realidade mudou. Agora é feito o reflorestamento. Com a técnica, o produtor consegue madeira para o próprio uso e ainda sobram quantidades que são vendidas e geram uma renda extra para a família. Além disso, Vogt também usa madeira para fazer reformas em construções rurais da sua propriedade.
Na primeira vez, o agricultor comenta que cultivou 500 pés de eucalipto e, depois, com o sucesso da iniciativa, mais 4 mil foram plantados. As mudas para o processo de reflorestamento foram compradas pelo produtor ou fornecidas por meio da Alliance One – empresa para a qual comercializa a produção -, com pacotes agronômicos. Em cada safra, o agricultor usa em torno de 60 metros estéreo da madeira. Se fosse necessário adquirir esta quantidade, gastaria cerca de R$ 9 mil. De mata nativa, Vogt tem três hectares, de um total de 15 hectares em toda propriedade, localizada em Linha Arroio Grande.
- O eucalipto demora cerca de sete anos para estar a ponto de corte. Já a espécie Uva do Japão são, no mínimo, oito anos. O último plantio de uma leva de eucaliptos na propriedade de Vogt foi em 2019.
Programa ESG
1. Uma das estratégias globais no ramo empresarial é o programa ESG (Environmental, Social and Governance), e a Alliance One também faz parte desta cadeia. Um dos pilares do environmental, que quer dizer o ambiental e meio ambiente, é chegar ao desmatamento zero na cadeia global de suprimentos, promovendo o reflorestamento próprio ou a compra de lenha de fontes sustentáveis e rastreáveis.
2. Além dos insumos, a Alliance One sempre oferece, junto ao pacote agronômico, mudas de eucalipto para seus produtores. Mais de quatro milhões de mudas já foram distribuídas através deste sistema.
3. Além disso, quando o produtor faz encomendas, 2% do valor total da compra é revertido em mudas de árvores nativas e frutíferas, que são entregues de forma gratuita pela empresa.
Iniciativa e orientação para a prática
A participação no reflorestamento surgiu, segundo Vogt, após ter a certeza de que continuaria plantando tabaco. Para isso, procurou estratégias que beneficiassem esta produção, como é o caso do reflorestamento. “Pensei, já que vou continuar no tabaco, vou ter minha lenha própria, são custos a menos. Tem toda a questão econômica e de sustentabilidade, então fazemos a coisa certa.”
Os plantios das mudas de eucalipto são feitos nos pedaços de terra que são impróprios para o plantio do tabaco, ou seja, improdutivos. “Vou enchendo cada pedacinho que tiver e aproveito tudo”, afirma. Mais tarde, o produtor adquiriu mais uma área de terra que também usou para o plantio das árvores para reflorestamento.
Quem dá assistência para a família Vogt é o orientador agrícola Neimar Luis Klamt, da Alliance One. Com ele, são sete anos de visitas presenciais, junto do acompanhamento via WhatsApp e ligações. Além do tabaco, que já começou a ser colhido neste mês, Vogt cultiva milho, em aproximadamente dois hectares por safra, e verduras e legumes para consumo próprio.
O contrato com a Alliance One é renovado todos os anos no mês de março e, além dos insumos, sempre são oferecidas mudas de árvores para reflorestamento, como aconteceu com Vogt. “Se eu tivesse mais espaço, ou se eu for chegar a ter no futuro, planejo plantar ainda mais eucaliptos. Por anos não preciso me preocupar com lenha.”
- 3,2 mil é o número de pés de eucalipto tradicional plantados na propriedade, além de mil pés de Uva Japonesa. As duas espécies são as permitidas para fazer a ‘cura’ do tabaco nas estufas convencionais.
