Paulo Milton Guth, 60 anos, autônomo, estava em casa, assistindo à televisão, quando começou um pesadelo. Morador do bairro Morsch, onde divide morada com sua mãe, de 82 anos, e a irmã, ele viu o teto da casa ser levado pelos fortes ventos que atingiram Venâncio Aires na noite de terça-feira, 16. “Começou a vir uma chuvinha bem tranquila. Aí uma hora eu ouvi um barulho na rua, eu disse para a minha mãe que ia descer para a outra parte da casa para olhar a garagem. Quando eu vi, o vento já envolveu a casa toda e atirou tudo para o ar. Elas se jogaram para debaixo das mesas, eu me joguei debaixo da escada. Demorou acho que uns 15 minutos”, lembra.
O telhado, arrancado pelas correntes de vento, foi parar a cerca 10 metros da casa, nos fundos da residência. “O telhado foi inteiro. Eu vi que ele sumiu, deu só uma alavancada, desceu um pouco e aí ele subiu de novo”, conta o morador, que vive neste endereço há 30 anos. Ele ainda disse que não se recordava de ter passado por uma situação assim, embora seja acostumado a lidar com enchentes. “A enchente não é tão preocupante. Ela vem, se projeta e fica”, pontuou.
Guth tem casa na rua Alfredo Mahle, uma estrada de chão batido, cercada por árvores. Nenhuma casa da vizinhança foi tão destruída quanto a sua, mas a reportagem observou que outras residências vizinhas também sofreram destelhamento, o que indica que as rajadas de vento tiveram uma alta intensidade naquela região. Sem teto, não sobrou nada dentro de casa que tenha escapado das chuvas. Geladeira, fogão, armários, sofás, camas, colchões, cobertas, roupas. Nada ficou seco. No momento em que concedia a entrevista, ele afirmou que ainda não havia contatado a Defesa Civil de Venâncio Aires, mas que aguardava ajuda da Prefeitura para recuperar o prejuízo.
Embora as muitas perdas materiais, o autônomo comemora o fato de ter saído ileso. Na terça-feira pela manhã, quando falou com a Folha do Mate, sua mãe não estava no local. Com o incidente, ela foi levada para a casa de outro filho. Mas, segundo Guth, a situação a deixou angustiada: “A mãe está desolada”, disse.