O Ministério da Saúde instalou na quinta-feira, 9, o Centro de Operações de Emergência (COE) para dengue e outras arboviroses. De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a ideia é coordenar o planejamento por meio do diálogo constante com estados, municípios, pesquisadores e instituições científicas, além de outras pastas.
Entre as ações previstas estão se antecipar ao período sazonal da dengue para adequar as redes de saúde; mitigar riscos para evitar casos e óbitos; ampliar medidas preventivas para melhor preparar estados e municípios; e uma articulação nacional para resposta a eventuais situações classificadas como críticas.
Nísia anunciou ainda o lançamento de um novo Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika, composto por seis eixos, no intuito de ampliar medidas preventivas, preparar a rede assistencial e conter o avanço de casos de dessas doenças no país. A versão anterior do plano havia sido lançada em 2022 e, portanto, antes da maior epidemia de dengue já registrada no Brasil, em 2024. Entre as ações estão a expansão do método Wolbachia de três para 40 cidades ainda em 2025. Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, mas ausente no Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. O método Wolbachia consiste em inserir a bactéria em ovos do mosquito, em laboratório, e, assim, criar Aedes aegypti que portam o microrganismo. Constatou-se que, por terem a Wolbachia, esses mosquitos não são capazes de carregar os vírus que causam a dengue, zika, chikungunya ou febre amarela e tornam-se, assim, inofensivos. Além disso estão previstas estações disseminadoras de larvicidas, com previsão de implantação de 150 mil unidades na primeira fase no projeto.
Em Venâncio Aires, já são implementadas ações contra o mosquito como o Aedes do Bem – caixas contendo ovos dos mosquitos machos autolimitantes, que não picam e não transmitem doenças –, e a Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI) em paredes de residências.
Vacinação
De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, a pasta já adquiriu todo o estoque de vacinas contra a dengue disponibilizado pelo fabricante para 2025: 9,5 milhões de doses. A estratégia do governo federal, é intensificar a imunização contra a dengue entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos neste ano, sobretudo diante de um estoque de cerca de 3 milhões de doses distribuídas aos estados e municípios em 2024 e que ainda não foram aplicadas.
Em Venâncio Aires, segundo a enfermeira coordenadora do Setor de Imunizações, Janete Fernandes de Souza, já foram aplicadas 541 doses da vacina contra dengue no município, no entanto, a procura ainda é baixa. Ela destaca que são aplicadas de uma a seis doses por dia, e no estoque do setor são, no momento, 475 doses disponíveis. Em Venâncio são 6.120 crianças e adolescentes na faixa de 10 a 14 anos para receber o imunizante. A aplicação da vacina é feita somente no Setor de Imunizações, junto ao novo Centro de Especialidades Médicas, na antiga Unidade Básica de Saúde (UBS) Central. O atendimento ocorre de segunda a sexta, das 7h30min às 11h e das 13h às 16h30min.
Cenário epidemiológico
- Em 2024, o Brasil registrou 6,4 milhões de casos prováveis de dengue e 6 mil óbitos, de acordo com o painel de atualização de casos de arboviroses do ministério.
- Já em 2025, até a semana passada, foram notificados 10,1 mil casos prováveis e 10 mortes em investigação por dengue em todo o país. No Rio Grande do Sul são 27 casos confirmados.
- Em Venâncio Aires ainda não há casos confirmados em 2025, mas um está em investigação. No ano passado foram 2.303 casos de dengue, sendo 1.851 autóctones, ou seja, que foram contraídos no local onde as pessoas vivem, e dois óbitos. Números muito maiores do que em 2023, quando foram 145 confirmados durante todo o ano e nenhum óbito.
*Com informações da Agência Brasil