Jeferson Guilherme Alves de Moraes ainda estava no útero da mãe, Maria Jussara, quando o samba e o pagode começaram a fazer parte da vida dele. Eram ideias do pai, Carlos Moraes, o Cau, que sonhava com um filho homem enquanto embalava os ouvidos do bebê ao som de Raça Negra, Nelson Gonçalves, Alcione e Benito di Paula.
Assim, Jé, como é conhecido até hoje, cresceu, envolvido pelo amor do pai e testemunhando o amor dele pela música, o que acabou conquistando o jovem também. “Meu pai me ensinou a tocar tudo. Desde a bater na mesa e nos pratos [risos], até os instrumentos de percussão e bateria. Ele tinha 3ª série, mas era um autodidata na música e sabia muito. Ele comprava instrumentos e me matriculou em aulas de música, onde também aprendi violão e cavaquinho. Foi um grande incentivador e é minha referência”, conta Jé, que tem 30 anos é soldado da Brigada Militar de Venâncio Aires.
Cau era um músico conhecido no município e integrou o grupo Sol Nascente, sucesso local no pagode entre os anos 1980 e 1990. Em 2021, no auge da pandemia, ele se tornou mais uma das vítimas da Covid-19 e faleceu aos 65 anos. É pela memória do pai e pelo legado que deixou, que Jé tem o sonho de viver só da música. Mas esse ‘viver’ ele deixa claro que é uma consequência de ter oportunidade de fazer o que gosta. “O foco principal em viver da música é repassar para as pessoas esse amor e esse carinho que tenho por ela, de levar alegria e mostrar que Venâncio tem pessoas dedicadas, tem veia artística e herança artística. Trabalhar fazendo algo que adoro. Enquanto isso, sigo com minha responsabilidade como policial militar, ajudando na segurança da comunidade, o que muito me orgulha.”
‘Controvérsias’
Jé tem mais de 30 composições e a mais recente delas foi lançada nesta semana na Rádio Terra FM. O lançamento nas plataformas digitais deve ocorrer nos próximos dias. A canção se chama ‘Controvérsias’, feita em parceria com o músico Selton Rasquinha, e se trata de uma mistura de pagode, samba e swing. Atualmente, Jé mantém dois projetos musicais: o ‘Jé Moraes e Banda’, com mais sete músicos, e um trio que faz uma espécie de “pagode acústico”, nas palavras dele, para apresentações em festas familiares e bares.
Saiba mais
• Jé brinca que durante muito tempo cantar era apenas ‘coisa de chuveiro’. Mas já quando estava no Exército, fez um ano e meio de aulas de canto e também se descobriu como cantor.
• Na adolescência, levado pelo amigo Noredi Rodrigues, participou de vários desfiles de Carnaval no Centro de Venâncio, integrando a bateria da escola de samba Unidos das Vilas.
• Embora leve para os shows muitas influências e repertório de artistas atuais como Alexandre Pires e Thiaguinho, não esquece do gosto e da referência do pai quanto a outros grandes artistas.
• “O pai sempre gostou de vozes fortes e era um grande fã do Jamelão, um artista que eu gosto de ouvir até hoje”, comenta o músico, se referindo ao cantor brasileiro conhecido como intérprete dos sambas-enredo da escola de samba Mangueira.