Momento tradicional da Festa de São Sebastião Mártir, a missa campal ao lado da Igreja Matriz e posterior procissão reuniram milhares de fiéis que prestaram homenagem ao santo padroeiro de Venâncio Aires. Durante a celebração, realizada no fim da tarde desta segunda-feira, 20, feriado, o bispo emérito Dom Aloísio Alberto Dilli destacou que santos são intercessores e modelos de fé: “O amor também faz sofrer. As flechas em São Sebastião Mártir representam a fé inabalável em Jesus”. O sacerdote também refletiu sobre a missão dos cristãos no mundo. “Deus só vai ser feliz plenamente quando seu povo, que somos nós, tivermos justiça, paz e salvação. (…) Ele está no meio de nós e não ‘escondido’ atrás das nuvens”. O lema da 149ª edição do evento, que começou na sexta-feira, 18, foi “Na esperança e na união, somos peregrinos em São Sebastião.”

Após a celebração eucarística a céu aberto, os peregrinos foram convidados a participar da tradicional procissão pela região central de Venâncio Aires. Conduzidos pela cruz e pelas bandeiras levadas por coroinhas, os fiéis cantaram e rezaram por aproximadamente uma hora enquanto caminhavam pela ruas centrais da Capital do Chimarrão. O trajeto, iniciado na rua Tiradentes, ao lado da igreja, passou por Voluntários da Pátria, Júlio de Castilhos, General Osório e retorno pela Tiradentes, totalizando cerca de 1,7 quilômetro.

A caminhada, muitas vezes, é uma oportunidade para os devotos agradecerem por graças alcançadas pela intercessão de São Sebastião Mártir. Embora seja o santo padroeiro de Venâncio, todos os anos, fiéis de diversas cidades da região e de outras cidades gaúchas participam das festividades. Neste ano, o casal Roberto Schimunieck, 39 anos, e Tamires Silveira, 36, de Passo do Sobrado, compareceu pela primeira vez à procissão, juntos dos filhos Laura, de 7 anos, e Matias, de 1 ano e um mês.

O traje de anjo do menino foi escolhido como forma de agradecimento por promessa de Tamires, que pediu intercessão do santo pela saúde da sua mãe, avó de Matias. “A gente já acompanhava a festa de longe. Dessa vez, viemos, compramos o pastel do Bastião e adquirimos a ação entre amigos. Tem sido muito bom”, avalia.
Durante a procissão também são muitos os fiéis que se disponibilizam para levar, por alguns metros, o andor com a imagem de São Sebastião Mártir, como José Valmir dos Santos, 72 anos. Para ele, levar a imagem do santo padroeiro é um sinal de respeito e uma responsabilidade. “Eu sou devoto de São Sebastião, todo ano eu procuro a imagem para levar um pouco”, afirma. Segundo Santos, participar anualmente da festa – especialmente da missa e da procissão – é muito importante. Além dele, estavam também prestigiando o evento a esposa e irmãos dele.

Procissão e missa de São Sebastião Mártir superaram as expectativas
O presidente da paróquia São Sebastião Mártir, Elmo Fengler, conta que a edição deste ano superou todas as expectativas. “Hoje superou. Acho que foi o maior público desde 2010. Estamos muito felizes. Primeiro, pela boa chuva. O Bastião nos atende sempre, ontem e hoje de novo, e o povo corresponde”, comenta.

Para Fengler, o sentimento é de emoção: “É um trabalho de um ano dos festeiros. Em 2024, tivemos essa catástrofe [enchente de abril e maio] e eles estavam muito preocupados, muito apreensivos, mas nós, do conselho, fizemos o possível para andar do lado deles e dar força para que tudo acontecesse da melhor forma possível.”
Na noite de ontem foram apresentados os festeiros da edição de 2026, que chegará à marca de 150 festas realizadas na Capital do Chimarrão. No próximo ano, o dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião Mártir, será em uma terça-feira.
Cinco décadas de devoção

Além dos fiéis que encontraram no santo uma força para superar as adversidades e compartilhar as graças alcançadas há pouco tempo, na Festa de São Sebastião Mártir é possível observar também aqueles fiéis que rezam pelo padroeiro há décadas. Esse é o caso de Rosa Maria Beati, 70 anos, 50 desses de devoção. “Começou quando eu era pequena, e daí em diante, sempre participo da festa. Quando a gente é devoto e faz alguma coisa pelos outros sem pedir nada em troca, ajuda. Eu tenho uma devoção muito grande por ele. Toda vez sou atendida”, compartilha.
A fé no santo padroeiro é representada nos seus pés. Ela conta que há alguns anos faz todo o trajeto da procissão descalça. “Eu comecei a vir sem sapatos quando um amigo ia fazer uma cirurgia para remover um tumor da cabeça. Eu vim assim e até hoje, ele tem 80 anos, está trabalhando, então continuei”, conta.
Além da prece pelo amigo, nesse ano ela vem para rezar por uma amiga que está com problemas familiares. “Como a gente se fala todo dia, esse ano eu disse que viria por ela”, completa, emocionada.