Atualmente, pagar com moedas se tornou algo incomum no cotidiano de boa parte dos brasileiros, que preferem os meios digitais ou as cédulas. As moedas acabam ficando jogadas dentro do carro, no bolso da calça ou até mesmo em cofrinhos em casa – por vezes, até para incentivar a educação financeira de crianças e adolescentes. Contudo, o comércio ainda precisa das preciosas moedas, em especial as de R$ 0,05 e R$ 0,10.
Segundo a economista e professora da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Cíntia Agostini, a falta de moedas não é um fenômeno recente, mas cíclico. Ela afirma que a tendência é que, com o passar dos anos, seja constatado um crescimento nos meios de pagamentos eletrônicos – seja Pix, cartão de crédito e débito, TED e outras funções -, mas atualmente ainda há a necessidade da circulação do dinheiro vivo.
“Ainda temos muitas pessoas que não estão no sistema financeiro. Por exemplo, 40% da população trabalha na informalidade e boa parte não está na rede bancária, não tem como pagar por um meio digital”, explica. Cíntia diz que as moedas são metais pequenos e as pessoas acabam guardando em casa, no carro, na bolsa, no porquinho ou em outros locais, o que acaba tirando o item de circulação. Mas os preços não são inteiros e, por isso, elas são muito importantes. “Por exemplo, os R$ 0,99 são uma jogada de mercado para não converter o número e acaba não sendo entregue o troco. É um problema no fluxo de pagamento em dinheiro físico. Mas não é nada impactante”, argumenta a economista.
Necessidade
De acordo com Cíntia, é necessário fazer campanhas para explicar a importância de se utilizar as moedas e não acabar as abandonando em qualquer lugar, para que o consumidor entenda o potencial desperdiçado. “Ter moedas, principalmente em lugares de atendimento, é fundamental, em destaque para o troco. É uma questão cultural e também das limitações econômicas do país”, reitera a professora.
Para a responsável pelo setor de vendas do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Márcia Joana Leismann, é importante manter uma plaquinha com o pedido de moedas, para que os consumidores saibam da necessidade e, caso tenham sobrando, levem para o STR. Márcia diz que muitos comentam que as moedas, principalmente as de R$ 0,05 e R$ 0,10, não têm valor e, por isso, não as utilizam. “Mas elas muito importantes”, pontua. Ela lembra que os moradores do interior são os que mais colaboram com a ação e, quando notam a placa, sempre levam moedas. “Seja no potinho, no vidro ou no porquinho, eles sempre ajudam”, frisa.
“É preciso ter moedas para circular. Às vezes, elas são simplesmente perdidas e fazem falta.”
CÍNTIA AGOSTINI
Economista