Uma horta comunitária, plantas medicinais variadas e flores de diferentes cores tornam a esquina das ruas Conde D’Eu e Henrique Mylius, no Centro de Venâncio Aires, um local especial. Em meio a casas e prédios, o espaço verde e com diferentes aromas é um convite para se reconectar à natureza. Um respiro no meio da rotina atribulada.
Essa é a Esquina Viva, uma iniciativa de moradores das proximidades, que há cerca de dois anos, literalmente, deram vida ao terreno. “Cultivamos, com carinho, plantas medicinais e alimentos saudáveis para nutrir o corpo e a alma”, informa uma placa instalada no local.
Apaixonada pela natureza, a aromaterapeuta e paisagista Magda Inês Palaoro Buttini, 63 anos, foi quem deu o pontapé na iniciativa. O terreno foi adquirido pela família, que mora em frente, e ela decidiu convocar vizinhos e amigos para o projeto, que ganhou a simpatia de cerca de 40 voluntários.
“Desde o início, a intenção foi fazer uma horta comunitária e que fosse aberta, embora muitas pessoas não acreditassem que fosse possível sem cercar o espaço. Mas deu certo. Eu acredito no ser humano e acredito que estamos lançando uma semente, inclusive, para inspirar que mais pessoas façam espaços assim”, comenta Magda.

Convivência
Além de proporcionar o contato com a terra, que funciona como uma terapia para os envolvidos no projeto, a Esquina Viva é um convite para a integração – seja entre os voluntários, durante a lida na horta, ou nos momentos de lazer, com um chimarrão à tardinha ou uma caminhada com os pets, por entre os canteiros perfumados de manjericão, lavanda e outras tantas plantas medicinais. “Há um senso comunitário despertado com esse espaço.”

Plantas medicinais e ornamentais em destaque
Diferente de uma horta convencional, a Esquina Viva chama atenção pelos canteiros em formato de mandala, a integração das hortaliças com plantas medicinais e Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs). “O objetivo é deixar a produção de forma orgânica, onde a natureza fala por si. Há diversos repelentes naturais, como calêndula e artemísia, que atraem os insetos, impedindo que eles ataquem as verduras. Não utilizamos nenhum agrotóxico e também temos a premissa de não matar nenhum inseto”, explica Magda.
Segundo ela, desde o princípio, o objetivo principal foi cultivar as plantas medicinais – são cerca de 100 espécies, que formam uma ‘farmácia natural’. Outro destaque do local são as árvores plantadas na calçada. Elas são da espécie Melaleuca alternifolia. “É uma árvore altamente medicinal e aromática e melífera, que dá uma flor linda. Escolhi ela pelas inúmeras propriedades, mas nunca pensei que ficaria tão bonito e tanta gente se apaixonasse por ela”, comemora.

Para o futuro, Magda sonha em realizar oficinas de plantio de mudas e de compostagem. O local já conta com composteira comunitária, onde os vizinhos podem descartar itens orgânicos, que são transformados em adubo.
Para ela, apesar de alguns desafios, o apoio da vizinhança e de parceiros que viabilizam a aquisição de mudas, tinta e bancos para a Esquina Viva, são combustíveis para o trabalho. “Infelizmente às vezes tem pessoas que acabam arrancando algumas coisas, até mesmo com raízes, que não compreendem a proposta da horta comunitária. A ideia é de que quem planta possa colher e quem quiser colher, colabore de alguma forma.”
