É em uma mesa feita com a ajuda da família e instalada dentro do quarto, que o agricultor Wesley Luis Gomes, 22 anos, expressa, através de desenhos, o que acredita e gosta. O hobby surgiu quando ele tinha apenas 3 anos e um dos sonhos dele, que é morador da localidade de Sampaio Baixo, no interior de Mato Leitão, é transformar o amor que tem pela arte em profissão.
Para tornar isso real, ele tem como objetivo cursar licenciatura em Arte e, assim, poder trabalhar como professor. Essa vontade surgiu depois de ele ter dado aulas particulares nessa área para um colega da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Adelina Isabela Konzen, de Vila Estância Nova, no interior de Venâncio Aires, durante cerca de seis meses.
Após, ele também realizou uma oficina com alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santo Antônio de Pádua. “Depois dessas experiências eu percebi que queria trabalhar com isso”, relata. A ideia é, também, conseguir receber uma renda extra a partir da venda dos desenhos e conseguir expô-los. “É preciso ter mais valorização do trabalho do desenhista, porque os materiais usados também são caros”, observa.
Natural de São Sebastião do Caí, na região do Vale do Paranhana, Wesley reside com a mãe, Liane Teresinha da Silveira dos Santos, 58 anos, e o tio, Astor Cláudio da Silveira, 54 anos, há cerca de três anos na Cidade das Orquídeas. Antes disso, eles moravam em Linha Campo Grande, no interior da Capital do Chimarrão.
A principal fonte de renda da família é o tabaco, que é cultivado em uma área arrendada de quatro hectares. O trabalho é dividido entre Wesley e Astor. Por isso, os desenhos são feitos nos horários nos quais o jovem não precisa ir para a lavoura. “Quando desenho coloco emoção, sentimentos e coisas que gosto”, ressalta.
Confira registros de alguns desenhos feitos por Wesley:








Na infância
Quando criança, Weslley costumava desenhar caminhões e aviões. “Eu tinha o sonho de ser piloto de avião. Então, colocava no papel aquilo que eu desejava que um dia se tornasse realidade”, recorda. Na maior parte das vezes, os desenhos eram feitos em casa, o lugar preferido do jovem para criar.
Desde que começou a desenhar, ainda na infância, ele nunca mais parou. “Só quando faltou folha de ofício uma vez, mas foi por uns quatro meses só”, brinca. Ele conta que nunca realizou cursos para aprender técnicas de desenho, como de traçado ou cores.
“Aprendi sozinho. A natureza é uma grande inspiração, porque, assim como nós, ela passa por um turbilhão para se transformar e, depois, surgir o arco-íris, por exemplo”, destaca. Com a internet emprestada do vizinho, ele pesquisa apenas referências de desenhos para tentar reproduzir, mas sempre busca colocar algo de autoral na obra. Na trajetória de artista, Wesley já participou de alguns concursos, tendo três premiações conquistadas na escola Adelina Isabela Konzen, onde concluiu o Ensino Médio, em 2018.

Sobre os desenhos
Wesley costuma desenhar todos os dias. O tempo dedicado para cada desenho varia, mas, normalmente, fica entre quatro e seis horas. Contudo, já tiveram obras que foram necessárias 12 horas para serem concluídas. “Pessoas são mais difíceis de fazer, porque é preciso ter muito cuidado com os traços e as cores. São mais ou menos 12 cores para fazer o tom da pele. Às vezes, eu começo em um dia e termino no outro, mas tento dedicar de duas a quatro horas por dia”, comenta.
A divulgação do trabalho é feita pelo Instagram e pelo Facebook. Por meio das redes sociais, o trabalho artístico do jovem, inclusive, já atravessou o oceano e foi exposto em uma galeria em Portugal, há cerca de um ano. Além disso, já foram utilizados por uma escola de São Paulo para a realização de um vídeo de divulgação da instituição.
Os materiais para produzir os desenhos são básicos: folha de ofício, lapiseira, borracha, apontador e lápis de cor. A coleção atual de Wesley é formada por aproximadamente mil desenhos, que são guardados em seis pastas. “Me realizo fazendo isso. Gosto mesmo da arte tradicional. Costumo pesquisar bastante informações sobre esse assunto”, relata, ao mencionar que também tem muito interesse por teatro.
As principais inspirações na área são: Alan David dos Santos Silva, de Chapadão do Sul, no Mato Grosso do Sul; Liedson de Souza Coelho, do município vizinho de Venâncio Aires; Richard Facundo de Brito, de Rio Branco, no Acre; e Rafael dos Santos Benedicto, de Nazaré Paulista, em São Paulo.
Projeto no Instagram
• Há um ano e três meses, Wesley criou no Instagram, em parceria com o amigo e ex-colega de escola, Liedson de Souza Coelho, morador de Estância São José, no interior de Venâncio, o projeto Arte por toda a parte. Por meio desse perfil, a dupla busca mostrar o valor da arte e eles ensinam técnicas de desenho e divulgam outras curiosidades e informações sobre a arte em geral.