O culto infantil como ferramenta para aproximar as crianças da fé

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Manter a religião sempre próxima e cultivar a importância da religiosidade na vida das pessoas, é um dos objetivos das igrejas, padres e pastores. No entanto, um desafio ainda maior, é aproximar as crianças deste universo da fé e o tornar atrativo para que gostem de comparecer aos cultos e missas. Para facilitar essa aproximação, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) de Venâncio Aires propicia os cultos infantis. Momentos de interação e atividades para as crianças da Comunidade Evangélica.

A pastora Clarise Holzschuh, explica que é um histórico da comunidade essa preocupação em inserir as crianças e adolescentes na programação religiosa. O culto infantil acontece há muitos anos de forma esporádica, em cultos com cunho especial, mas desde fevereiro do ano passado, quando as pessoas voltaram a frequentar a comunidade, após a pandemia, que a atividade começou a ser feita de forma mais intensa. Em todos os cultos de domingos e nos últimos sábados de cada mês, à tarde, as crianças são convidadas a participar das atividades do culto infantil. Nos sábados, a atividade é festiva e conta com lanche, e no último domingo do mês, o culto ‘dos grandes’, como as crianças falam, é dedicado de forma especial a elas, envolvendo os adultos e os jovens no mesmo espaço.

Clarise comenta que o culto infantil promove o ensinamento da religião voltado especificamente para este público, já que nas atividades o tema do culto principal também é contemplado, mas em uma linguagem adaptada aos mais jovens. “É a forma deles de celebrar e na sala multiuso acontecem diversas atividades, cantos, trabalhos, orações e brincadeiras.”

Em âmbito nacional, ela explica que existe o Programa Missão Criança, que para além das ações já tradicionais como o culto infantil, a igreja promove os cultos especiais de recordação de batismo, que ocorriam no 5º e 10º aniversário de batismo. Este ano a comemoração foi remodelada, agora os cultos são feitos todos os meses para contemplar todos os anos de aniversário da data das crianças, até os 11 anos.

Contato com a bíblia no culto de recordação de batismo. (Foto: Divulgação/IECLB)

“Vou para casa muito feliz”

Os cultos infantis contam com orientadoras que voluntariamente prestam auxílio e coordenam as crianças durante as atividades. Uma delas é a Lisandra Nedwed, 45 anos, que começou este trabalho neste ano. Ela, que atua como cabeleireira, enfatiza que gosta muito de trabalhar com as crianças, e decidiu prestar esse trabalho depois de se curar de um câncer no ano passado. “Prometi que se Deus me ajudasse, eu frequentaria mais a igreja e contribuiria de alguma forma. Conversando com a pastora ela me sugestionou essa participação, e está sendo muito gratificante, sempre vou para casa muito feliz”, afirma.

Durante os cultos infantis, Lisandra comenta que se surpreende com a interação e a participação dos pequenos. “Sempre perguntam muitas coisas e são interessados no tema do dia.” Segundo ela, o número de crianças participantes sempre é bom, em uma média de 10 a 15 crianças. Das atividades que mais gostam de fazer, ela lista os desenhos, teatros e brincadeiras. A filha de Lisandra, Valentina de 4 anos, também acompanha a mãe e participa do culto infantil. “São boas memórias que consigo proporcionar para ela.”

  • 18 – É o número de orientadoras do culto infantil na Igreja Evangélica, que sempre atuam em duplas, em escalas programadas.
Grupo de orientadoras do culto infantil receberam benção para realizar o trabalho. (Foto: Divulgação/IECLB)

Grupo Instrumental Infantojuvenil

1. Outra atividade que garante a participação dos jovens na Comunidade Evangélica é o Grupo Instrumental Infantojuvenil. O professor e regente, Daniel Böhm, explica que o grupo foi criado em setembro de 2022, idealizado pelo presbitério da igreja, formado pela diretoria, pastores da comunidade, e o presidente Luciano Storch.

2. O projeto oferece aulas de música, tanto iniciantes quanto avançadas, para os jovens que se interessam em participar do grupo e de eventos dentro e fora da comunidade. A partir de fevereiro deste ano, o grupo assumiu o culto realizado no último domingo de cada mês, voltado às crianças. Böhm destaca que nas redes sociais da igreja e no canal Oceva, no YouTube podem ser vistos vídeos do trabalho.

3. As aulas são realizadas na igreja, de forma individual e coletiva, nas segundas-feiras, de manhã e de tarde, e Böhm enfatiza que ocasionalmente são feitos ensaios gerais unindo integrantes dos dois turnos. No momento, o grupo é formado por 21 integrantes, de 7 a 14 anos de idade, com instrumentos como flauta, clarinete, violão, ukulele, teclado, piano, violino, contrabaixo, bateria, percussão e voz. Interessados em participar podem entrar em contato com a secretaria da comunidade ou direto com o professor e regente pelo telefone (51) 99998-2750.

Grupo Instrumental Infantojuvenil faz participações nos cultos da igreja. (Foto: Divulgação/IECLB)

Frequentadora assídua dos encontros das crianças

Olívia Keller Böhm, 7 anos é presença confirmada em todos os cultos infantis. A pequena, que vem acompanhada geralmente dos pais Daiana Keller e Daniel Böhm, e do mano Martin, frequenta a atividade de forma assídua há cerca de um ano. “Conheci vários amigos aqui e gosto muito de desenhar e ouvir as histórias de Deus”, afirma ela.

A mãe Daiana ressalta a importância de participar desses momentos. “Ela se sente pertencente a esta comunidade já tão jovem, é sua segunda família e aqui sabemos que ela está segura”, afirma a enfermeira. Ela comenta que por vezes a filha vem acompanhada somente do pai, que coordena as atividades de música, e faz questão de participar do culto ‘dos grandes’ quando não tem a atividade infantil.

Daiana acrescenta que, quando o filho Martin, de 3 anos, estiver maior, a intenção é fazer parte também do grupo de orientadoras do culto infantil. Ela destaca que toda a família gosta muito de vir nos cultos e pegaram gosto pela forma que a palavra bíblica é compartilhada, com exemplos do dia a dia, e a felicidade maior são os filhos gostarem da mesma forma. “Os dois já sabem várias orações e a Olívia sempre me conta o que aprenderam no culto infantil.”

Daiana, Olívia, Clarise e Lisandra fazem parte do grupo do culto infantil. (Foto: Luana Schweikart)

O culto infantil do bairro Santa Tecla

Não se sabe ao certo quando que começou a atividade do culto infantil, mas há chances de ser em junho de 1967, quando iniciou um movimento parecido no bairro Santa tecla, que integrava católicos e evangélicos. A professora do grupo na época era Lia de Azeredo, 76 anos, que continuou a atividade iniciada pela irmã Vanisa.

Todo domingo pela manhã o culto infantil era realizado na Escola Leontina e os adultos se reuniam de forma separada, também na escola, já que a igreja não existia na época. Por vezes, os encontros dos adultos não aconteciam, mas as crianças faziam questão de se reunir. Participavam em torno de 46 crianças de até 14 anos. “Os pais faziam os filhos irem e a maioria ia por gosto e não faltavam”, afirma Lia.

Durante os dias de culto, a professora ensinava para as crianças atividades como orações, cantos e histórias. No fim do ano, a programação contava também um encerramento, em que os alunos se apresentavam com cantos e versos em alemão. “Os pais colaboravam bastante, ajudavam na decoração, fazíamos um presépio e até leiloávamos uma ovelha para ajudar nos custos do grupo durante o ano.” Nas aulas, acontecia o momento da coleta de valores, usados para comprar materiais para atividades e o que sobrava, a professora comprava um presente para cada criança no fim do ano. Os cultos infantis seguiram até maio de 1971, quando Lia precisou parar de dar as aulas por motivos pessoais.

Lia guarda os cadernos de chamada usados nas aulas. (Foto: Luana Schweikart)

Reencontro

Em novembro de 2022, Lia decidiu fazer um reencontro da turma do culto infantil do bairro Santa Tecla. Todos os alunos da época foram contatados e o evento, com jantar e música, ocorreu no salão da Sercsate. Ao todo, 14 integrantes do grupo com suas famílias conseguiram comparecer e relembrar os velhos tempos. A ex-professora, inclusive, ampliou as fotos antigas e entregou lembrancinhas aos ex-alunos. Hoje, o grupo mantém contato através do WhatsApp.

“Fiquei muito feliz com o comparecimento dos alunos. Todos relembraram com carinho daquele tempo”, afirma Lia que hoje está aposentada, mas durante muito tempo trabalhou em casa de família e depois fez um curso de fotos. Os reencontros devem ser mantidos de forma anual e a data da edição deste ano já foi combinada para o dia 9 de setembro.

Primeiro reencontro do grupo foi em novembro de 2022. (Foto: Arquivo pessoal)
No reencontro, lembranças com fotos da época foram entregues aos ex-alunos. (Foto: Luana Schweikart)


Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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