Pontes secas e desassoreamento: as principais sugestões da região baixa de Venâncio

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Na tarde de ontem, ocorreu uma reunião entre empresários e moradores da região baixa de Venâncio Aires com a Administração Municipal. O encontro, realizado por iniciativa de diversas empresas que foram afetadas pela enchente do último mês, ocorreu no auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR). O objetivo central dos empreendedores foi sugerir possibilidades para reduzir os impactos das cheias do arroio Castelhano nos bairros da região baixa, e solicitar ações do Poder Público.

Em apresentação realizada pelo engenheiro agrônomo e ex-secretário municipal de Meio Ambiente, Fernando Heissler, foram elencadas alternativas para resolver os problemas ocasionados por enchentes regulares e reduzir os efeitos de grandes cheias, como a registrada em maio deste ano.

As três principais propostas são a limpeza e o desassoreamento da retificação do arroio Castelhano; retorno ao leito original do manancial (desde Linha Arroio Grande até o Acesso Grão-Pará); e a abertura de galerias e pontes secas na RSC-453. “Objetivo é diminuir a velocidade de água com o curso original do arroio e, após a 453, dar maior vazão”, destacou.

Estudo hidrológico

A secretária municipal de Meio Ambiente, Carin Gomes, afirmou que é essencial a participação da população para a busca por soluções. Contudo, ela enfatizou que será realizado um estudo hidrológico – contratado em abril junto à Caixa Econômica Federal, no valor aproximado de R$ 3 milhões – e que deve ser finalizado em até um ano. “Após ele, teremos uma noção real do que pode ser feito. Não podemos fazer algo sem saber os efeitos desta ação, que pode impactar diretamente parte da população”, argumentou.

Ainda assim, a secretária afirmou que os trabalhos de desassoreamento serão retomados no arroio Castelhano. Conforme o prefeito Jarbas da Rosa, após o estudo hidrológico, os investimentos para pôr em prática o projeto podem alcançar até R$ 100 milhões.

Participação

Além de Jarbas e Carin, participaram da reunião os secretários Jorge Sbruzzi (Infraestrutura e Serviços Públicos) e Gustavo Von Helden (Desenvolvimento Rural); os representantes da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), Vilmar de Oliveira e Lisete Stertz; a presidente da Câmara de Vereadores Claidir Kerkhoff Trindade (Republicanos); vereadora Sandra Wagner (PSB); presidente do Sicredi Vale do Rio Pardo, Heitor Petry; além de representantes dos moradores e empresas como Venax, Lenz, Comercial Klock e STR, entre outras que tiveram prejuízos com a enchente do arroio Castelhano.

Após a declaração da Administração Municipal, houve um momento para questionamentos dos participantes, onde prazos, cronogramas e participação de moradores e empresários foram questionados.

Ao fim, a proprietária do Comercial Klock, Cristiane Klock, que participa do movimento com todas as empresas da região baixa e representantes de entidades, destacou que o grupo não saiu satisfeito da reunião. A expectativa era por decisões mais concretas. “Pensamos que as máquinas já poderiam começar os trabalhos na próxima semana. Mas agradecemos a participação da Prefeitura e esperamos seguir sendo ouvidos nas próximas decisões. Não queremos viver com o medo de não saber quando seremos atingidos novamente”, afirmou.

“Precisamos olhar para o futuro de Venâncio, mas sem cometer os erros do passado. Por isso, é necessário um estudo profissional no arroio Castelhano, não podemos tomar atitudes na base de palpites.”

JARBAS DA ROSA

Prefeito

2 metros – foi a diferença aproximada do nível do arroio Castelhano, durante a enchente, em cada lado da RSC-453. A rodovia funcionou como uma barreira, acumulando água no lado esquerdo, no sentido Venâncio-Mato Leitão.

Uma equipe com oito profissionais do Serviço Geológico do Brasil (SGB) visitou Venâncio Aires na quarta-feira, 12, para a verificação das réguas do rio Taquari em Vila Mariante. No entanto, após reunião na manhã de quarta-feira, o prefeito Jarbas da Rosa solicitou que, posteriormente, o grupo também analisasse o arroio Castelhano e os pontos mais indicados para a instalação de réguas.

Pontes secas

• O prefeito Jarbas da Rosa confirmou a realização de audiências públicas no segundo semestre de 2024 que abordarão a duplicação da RSC-453. Os encontros devem contar com representantes da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), responsável pela 453, e o objetivo é pautar as pontes secas no projeto. “Não podemos repetir os erros da RSC-287, quando a comunidade e o Poder Público não participaram, e as pontes secas não foram incluídas no projeto de duplicação”, enfatizou Jarbas.

Retificação do Castelhano

  1. Na década de 1980, foram realizadas mudanças no início do curso do arroio Castelhano para, segundo justificativa da época, facilitar os cultivos temporários na várzea dos arroios Castelhano e Grande, e evitar as enchentes. Estas obras foram realizadas com recursos do Governo Federal, através dos programas do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) 4, do Provárzeas, da Prefeitura de Venâncio Aires e particulares.
  2. A várzea do arroio Grande foi saneada entre a localidade de Linha Brasil e o Castelhano. Em 1988, quando forma concluídas as obras na várzea do arroio Grande, foram movimentados 41.060 metros cúbicos de terra na drenagem e na terraplanagem, e o serviço executado beneficiou diretamente 19 produtores, em um total de 218 hectares, possibilitando um acréscimo de 37% de terras produtoras e um aumento de 300% a 400% da produção.
  3. Assim como no curso do arroio Grande, também foram realizadas intervenções no início do arroio Castelhano, para tornar a várzea mais agricultável. A planície de inundação foi drenada entre Monte Alverne e o Arroio Grande. As intervenções mais intensivas ocorreram nos últimos quatro quilômetros deste trecho, onde novos caminhos para o arroio foram escavados.
  4. As obras do DNOS, iniciadas nos anos 1980 e finalizadas na década de 1990, também alteraram o curso do Castelhano entre o arroio Grande e a ponte da RSC-453. O manancial apresentava curvas sinuosas e, quando se compara ao mapa atual, é nítido o desvio, que deixou o arroio com curso mais reto, o que leva a uma maior vazão de água.

Fonte: Arquivo Jornal Folha do Mate

Recuperação do curso original do arroio (em azul) é uma das sugestões (Foto: Leonardo Pereira)


Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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