Verduras frescas e orgânicas, chips de aipim, pães, cucas, bolos, brownies e bolachas artesanais estão disponíveis em um só lugar em Mato Leitão. A Feira da Agricultura Familiar é o destino certo, há mais de dois anos, para os moradores que buscam produtos frescos e com sabor caseiro. Nesta semana, a feira retornou ao seu dia tradicional, às quartas-feiras, das 10h às 15h, na rua coberta, ao lado do Colégio Estadual Poncho Verde. Durante as férias escolares, as feirantes atendiam às sextas-feiras.
Entre as pessoas que estiveram na feira na manhã de ontem está Iracema Specht Uhlmann, 55 anos. Moradora da rua das Orquídeas, nas proximidades do local das vendas, ela não perdeu tempo e compareceu assim que as expositoras chegaram. “É importante movimentar o comércio local e valorizar os produtos de Mato Leitão. Conheço as mulheres que expõem seu trabalho na feira, são produtos muito bons e de qualidade. Compareço sempre que possível, não me arrependo”, afirma.
Na feira, estava a proprietária da agroindústria Cookies do Vale, Elis Jaeger, de 30 anos. Ela participa da feira há pelo menos um ano e meio e vê o ponto de venda como uma oportunidade de expor os produtos da sua agroindústria. Segundo Elis, há possibilidade de realização da feira também aos sábados, a pedido dos clientes, mas ainda não há uma definição sobre a data de início.
Elis fala sobre a importância do contato próximo dos clientes. “Temos clientes fiéis que comparecem toda semana. É muito bom ter esse contato direto com o consumidor, já que a maior parte das minhas vendas ocorre dessa forma. Isso mostra que eles gostam do produto. O maior movimento acontece no horário do meio-dia, por ser ao lado da escola e muitos pais buscarem seus filhos”, conta.
Ela produz bolachas artesanais de diversos sabores, como manteiga, amendoim, goiabada e mel com chocolate, mas seu carro-chefe são as bolachas craqueladas de laranja. “É diferente, chama a atenção e as pessoas gostam”, destaca.


Lenir Pinheiro, residente de Linha Puhl, no interior de Mato Leitão, expõe desde a primeira edição da feira, há dois anos e meio. No local, ela comercializa morangos produzidos pelo filho, Anderson, além de hortaliças cultivadas por ela na propriedade. “Vendo beterrabas, repolho, batatas-doces, alfaces, tomates, aipim e outras verduras e hortaliças. Atualmente, enfrento dificuldades com a estiagem e o intenso calor, então estou expondo uma quantidade reduzida de produtos, mas sempre os melhores que eu colho. A situação não é das mais fáceis”, lamenta.
Calor intenso prejudica a produção de hortaliças
Nos primeiros meses deste, o Rio Grande do Sul tem registrado altas temperaturas, com dias beirando os 40°C. Os prejuízos causados pela forte radiação solar são muitos, afetando, por exemplo, a produção de hortaliças e verduras da agricultora Lenir Pinheiro, que participa da feira às quartas-feiras em Mato Leitão.
Segundo ela, parte da produção tem sido prejudicada pelo calor intenso. “Plantei uma remessa de 200 pés de alface há alguns dias. Achei que resistiriam, mas acabaram queimando por conta do calor. Realmente, o que salva são as verduras cultivadas em locais com sombrite. Chego a colher 100 quilos de morango por semana, mas nesta época não está rendendo muito”, relata.
O chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar, Rudinei Pinheiro Medeiros, explica que as altas temperaturas afetam severamente as plantas herbáceas, como as hortaliças, pois são mais sensíveis. “Uma alternativa para amenizar, embora não resolva totalmente, é a utilização de sombrite. Existem diversos tipos: escuro e vermelho, que ajudam a bloquear melhor os raios solares. O sombrite cinza reduz bastante a temperatura para as hortaliças. No entanto, essas são apenas medidas que podem amenizar, pois ainda há muita perda devido a essa forte onda de calor e à baixa umidade”, comenta.
Medeiros também destaca que a irrigação, especialmente pelo sistema de gotejamento, é uma estratégia eficiente para a produção de hortaliças nesse período do ano. “O ideal é irrigar em horários estratégicos, bem cedo pela manhã e no final da tarde, quando as condições climáticas são mais favoráveis, evitando que a planta sofra um estresse hídrico muito intenso”, explica.