
Há três décadas, a preocupação ambiental passou a ser um assunto de interesse da venâncio-airense Norma Barden, 68 anos, que adotou hábitos mais sustentáveis como estilo de vida. Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente realizada no Rio de Janeiro, conhecida como Eco 92, colocou o tema em evidência. De lá para cá, em meio ao avanço da poluição, do consumo e dos desafios da gestão adequada de resíduos, Norma tem feito um trabalho ‘de formiguinha’ de educação ambiental.
No ano de 2000, foi coordenadora do então departamento de Meio Ambiente de Venâncio Aires. Depois de aposentada, cursou o tecnólogo em Gestão Ambiental e também especialização em Educação Ambiental, e passou a atuar ainda mais efetivamente na causa, junto ao Conselho Municipal de Meio Ambiente, entidade da qual já foi presidente e atualmente é secretária.
No dia a dia, as ações de Norma são exemplo prático de quem efetiva os 5 Rs – conceitos considerados essenciais na sustentabilidade: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar.
O primeiro R se refere a repensar hábitos e atitudes de consumo. “É sair do automático. Pensar: ‘realmente preciso disso?”. Também é repensar o que é lixo, compreendendo ele como resíduo, que é uma sobra, algo que tem valor”, explica. Especificamente sobre o plástico, Norma cita que é preciso repensar o uso dos descartáveis. “Muitas pessoas não sabem que o plástico é feito a partir do petróleo e que não se termina. Ele vira microplástico e acaba ingerido pelos animais e seres humanos. Por isso, é preciso repensar e reduzir o consumo”, destaca.
Com a reflexão sobre o consumo e os processos, recusar passa a ser uma ação natural, assim como a redução da geração de resíduos. “Se passamos a ver como resíduo e não como lixo o que sobrou, isso contribui para que se reveja processos. Em uma confecção, por exemplo, ao se ver as sobras como material e não como lixo, se entende que é preciso repensar o processo, quando tem muita sobra. Isso vale para todas as esferas: doméstica, comercial, industrial. Ter esse olhar facilita para reduzir a geração de resíduos.”
Na rotina de Norma, um exemplo em que ela aplica os conceitos é a utilização de sacolas ecológicas – assim, recusa as embalagens plásticas e reduz o lixo. Na sequência, Norma explica que reutilizar é a forma de aumentar a vida útil dos produtos, utilizando novamente. “Um pote de sorvete pode se transformar em uma lixeirinha para a pia, por exemplo, sem a necessidade de comprar um produto específico”, comenta.
Quando não é mais possível reaproveitar, o resíduo pode ser reciclado. “Reciclar significa retornar ao ciclo de vida, introduzir de novo na cadeira produtiva”, define Norma. Para garantir que a reciclagem ocorra, no entanto, é fundamental que seja feita a separação correta dos resíduos. O orgânico – restos de frutas, cascas, erva-mate, borra de café, folhas e restos de poda – pode ser utilizado em compostagem e virar adubo para plantas.
“Cada um é responsável pelo que produz e tem o dever de preservar o meio ambiente. Está em lei, no artigo 225 da Constituição Federal. Não é uma responsabilidade apenas do Poder Público.”
NORMA BARDEN – Gestora ambiental e secretária do Conselho Municipal de Meio Ambiente
A importância da separação correta
De acordo com Norma, quanto mais separado estiver o material, mais facilita o trabalho na Usina de Triagem de Linha Estrela, onde os profissionais retiram, manualmente, plástico, alumínio e papel que serão encaminhados para a reciclagem. “Se tiver a possibilidade de entregar diretamente a um catador é uma boa opção”, cita.
Na casa de Norma, ela guarda, em uma caixa de papelão, materiais como tampinhas plásticas, esponjas de lavar louça e embalagens de medicamentos, para descarte correto, permitindo que retornem ao ciclo de produção, efetivando a economia circular.
Outro aspecto observado pela gestora ambiental é que quanto mais limpo estiver esse material, melhor. “Precisamos sempre pensar que lá na ponta é uma pessoa que vai manusear o que sobrou na nossa casa, por isso ele precisa estar em condições”, pontua.
Entre as dicas práticas, ela orienta passar uma água na caixa de leite e também lavar potes de iogurte, nata ou margarina. “Imagine um pote de iogurte depois de dois, três dias. Ele cheira mal”, comenta, ao lembrar, também, que um recipiente com restos de comida suja o restante dos resíduos, inviabilizando a reciclagem, em alguns casos.
Para que não haja um gasto excessivo de água para fazer a limpeza das embalagens, Norma compartilha a forma como faz em casa: realiza uma pré-lavagem com guardanapo – mesma prática utilizada nas louças – e deixa o pote no fundo da pia, enquanto vai lavando o restante da louça. “Assim a água vai caindo e vai ficando de molho, facilitando a limpeza.”