No fim de outubro, representantes da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), entre eles o reitor Rafael Frederico Henn, participaram de uma reunião com o secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, Clair Kuhn. O objetivo do encontro foi apresentar o projeto ‘Muda: revitalização de bacias hidrográficas e agricultura sustentável’ e o Programa de Conservação de Solos e Água do Vale do Rio Pardo (Pró-Solo VRP).
A professora, pesquisadora e coordenadora do curso de Agronomia da universidade, Priscila Pacheco Mariani, participou da agenda. Ela explica que o foco do encontro junto à equipe do Governo do Estado foi apresentar esses dois programas. Entretanto, ela observa que outras iniciativas com abrangência regional já foram encaminhadas por meio do Plano Grande.
A professora, que também coordena o projeto Muda, lembra que a Unisc conta com o Centro Socioambiental, estabelecido com o objetivo de atender as demandas sociais e ambientais e, assim, promover segurança, bem-estar e qualidade de vida à comunidade. O setor foi instituído antes dos eventos climáticos extremos de maio, mas atuou ativamente desde os primeiros momentos em diversas frentes.
Passada a etapa emergencial, o grupo iniciou a fase de elaborar ações para tornar os ambientes mais resilientes e oferecer mais segurança para a região. “Por isso, a instituição vem buscando formas de se inserir. Temos excelentes profissionais dentro da Unisc – professores, doutores, mestres e especialistas em diversas áreas – que podem contribuir muito fortemente para essa construção e reconstrução de uma forma mais resiliente do nosso estado. Uma forma de contribuir é inscrevendo bons projetos”, destaca.
Ainda de acordo com Priscila, há recursos disponíveis para as ações de reconstrução, “mas na maioria dos casos os municípios não têm condições técnicas ou de pessoas para estabelecer esses bons projetos”. Ao encontro disso, a universidade busca contribuir, a partir do conhecimento técnico, para a busca desse recursos para a região. “Para que consigamos atingir o objetivo final, que é essa resiliência e segurança para que nos próximos eventos extremos nós estejamos adaptados e tenhamos segurança. Infelizmente, a tendência é que aconteçam cada vez mais frequentemente e sejam mais intensos”, observa a professora.
Representantes da Unisc na reunião
- Presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) e da Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc) e reitor da Unisc, Rafael Frederico Henn
- Coordenador da Central Analítica, da Unisc Serviços, e do Centro Socioambiental da universidade, Paulo Theisen
- Engenharia Ambiental, mestre em Ciência do Solo, doutora em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental e coordenadora do curso de Agronomia da Unisc, Priscila Pacheco Mariani
- Engenheiro Agrônomo, mestre e doutor em Engenharia Agrícola e subcoordenador do curso de Agronomia da Unisc, Rafael Sobroza Becker
Retorno positivo do Estado
De acordo com a professora Priscila Pacheco Mariani, a recepção do secretário estadual de Agricultura, Clair Kuhn, foi muito positiva. Ela relata que os representantes da Unisc aproveitaram a oportunidade para explicar as vantagens e os benefícios que os projetos oferecem para toda a região.
“Ele elogiou muito e disse que está muito contente de ver bons projetos sendo apresentados e que o nosso estado precisa disso. Se colocou à disposição para auxiliar e disse que tem muito interesse em buscar os recursos para que possamos implementar as iniciativas. Também falou sobre a importância de ter a universidade envolvida”, compartilha.
Nesse sentido, a coordenadora do curso de Agronomia da Unisc também defende que a academia estar envolvida nessas ações é muito relevante. “Esses profissionais que nós estamos formando na universidade terão que lidar com esses eventos extremos e ainda com as consequências da catástrofe climática que tivemos em maio. Então, precisamos formar profissionais capacitados para isso e que saibam agir em diferentes áreas de atuação”, salienta.
Além do Governo do Estado, as iniciativas estão sendo apresentadas para outras instituições, o que inclui a esfera privada, para que seja possível conseguir os recursos necessários. No caso do Muda, o projeto já está em andamento. A ação foi instituída em 2022 na bacia hidrográfica do rio Pardo, por meio do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados, do Ministério Público (MP). Em 2023, o mesmo projeto começou, com foco no arroio Castelhano, em Venâncio Aires, por meio do apoio da CTA Continental. O objetivo é recuperar a mata ciliar do Castelhano. Agora, também há um novo parceiro para que se inicie a ação na bacia do rio Pardinho.
Priscila também observa que por se tratar de um trabalho que envolve custos altos para a implementação, a ideia é que o projeto tenha diversos parceiros que adotem trechos dos rios ou dos arroios. “A gente não consegue com um único projeto fazer a remediação de toda a margem do rio Pardo, por exemplo, porque antes dos eventos extremos nós já tínhamos uma condição bastante crítica. Agora, pós-evento, é uma remediação ainda pior. E obviamente esses projetos não são simplesmente colocar a obra de engenharia natural e estão concluídos. Precisamos monitorar essas obras por, pelo menos, quatro anos. Isso traz mais credibilidade e segurança, além de um percentual de eficiência e efetividade de quase 100%. Mas também traz um custo maior”, compartilha.