“Suor da minha vida inteira aqui, sempre, sempre. Moro há 18 anos. Investi aqui, comprei os dois terrenos, dei um para o meu filho e construí a casa nova. Era caprichosa. Tudo ajeitado. Tinha um jardim, coisa mais linda. Me elogiavam pelo jardim para um homem. Saudade da minha casa.” O lamento é de Marco Antônio dos Santos, 57 anos, que ainda custa a acreditar no que a sua casa, em Vila Mariante, se tornou após a maior enchente da história do rio Taquari, no início do mês.
O motorista já tinha visto a residência após a cheia, no entanto, retornou na manhã desta segunda-feira, 20. Abrigado no ginásio de Linha Mangueirão, ele veio buscar um prato e talheres. “É para comer um pouquinho melhor”, justifica. A procura, no entanto, foi frustrada em meio a tanta destruição e lama.
Ainda assim, Santos considera voltar a morar no segundo distrito: “Estou pensando, mas não sei. Também não sei se o prefeito vai querer muito. Está certo ele, né? É difícil investir em terra de nada. Vou esperar por ele. Se quer que a gente volte, eu volto. Mas tem que reformar a casa, não tem como habitar ali dentro.”
Resgate
A casa é de dois andares. Assim que começaram as notícias de que viria uma nova enchente, o homem começou a subir seus móveis para o pavimento superior a fim de tentar salvar o maior patrimônio possível. Ele se recorda que não acreditava que a água ‘engoliria’ sua residência. “O meu filho ligou para mim dizendo que a água ‘taparia’ o Mariante. Eu disse ‘tu está louco? Não acredito’. Tampou e vieram me resgatar aqui”, conta.