O aumento dos casos de dengue, aliado ao período de instabilidade climática – que causa problemas respiratórios -, está causando um significativo aumento da demanda de atendimentos em toda rede de saúde de Venâncio Aires. Nos últimos dias, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e o Pronto Atendimento (PA) do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), registraram maior procura pela população.
O administrador do HSSM, Luís Fernando Siqueira, participou do programa Folha 105 – 1ª, da Rádio Terra FM, ontem, e confirmou o quadro de superlotação da casa de saúde. “O hospital tem picos. Neste momento, estamos com 90% dele ocupado”, afirmou. O grande número de pessoas que procuram o local reflete nos atendimentos do PA e na falta de leitos, o que impacta diretamente em toda sociedade e na impossibilidade de rápida resolutividade.
Siqueira enfatizou que, segundo a literatura, hospitais com uma ocupação acima de 85% começam a oferecer riscos aos pacientes, o que afeta também o fluxo do dia a dia e as visitas. Na terça-feira, 16, por exemplo, às 19h o PA estava relativamente tranquilo, com os oito leitos de observação ocupados, mas com as salas de isolamento e de urgência livres. No entanto, em uma hora e meia, foi emitido comunicado de superlotação, pois três casos de emergência chegaram ao mesmo tempo e foi preciso isolar os pacientes.
Atualmente, segundo ele, são oito pacientes internados por dengue na casa de saúde, que tem um total de 122 leitos. Portanto, a dengue não é a principal causadora da lotação. Nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), a maioria dos internados no setor adulto e infantil tem problemas respiratórios, devido às mudanças de temperatura. Dos 10 leitos da UTI Pediátrica, nove estão ocupados e, no momento, a instituição não tem internados por Covid-19.
Em contrapartida, ele explicou que um dos casos que, neste momento, dificulta a resolutividade e a vazão, por exemplo, são pacientes internados pela rede estadual de saúde, que aguardam procedimento cardíaco e necessitam do equipamento de hemodinâmica, não disponível no HSSM. O hospital de referência, que era o Santa Cruz, está com o equipamento estragado. Dessa forma, a referência passou para um hospital de Passo Fundo, que não recebe todos os pacientes de vez. Ontem, eram três pessoas nesta condição. As UTIs Adulto e Pediátrica e o setor de saúde mental também têm leitos que são geridos pela rede estadual, por isso são recebidos pacientes de outras regiões do estado.
Sinal de alerta
Siqueira reforçou que a situação de superlotação, que era esperada para o período do inverno, já é sentida agora, de forma antecipada. Ele afirmou ainda que, talvez, a casa de saúde ainda não tenha alcançado o pico de superlotação dos problemas respiratórios. “Estamos mapeando o que podemos fazer para melhorar o fluxo e continuar dando vazão quando acontecer esse aumento de pico”, acrescentou.
Além disso, o administrador explicou que as internações precisam seguir classificações de gênero – quando não se pode misturar pacientes homens e mulheres em um mesmo local -, levar em conta o cuidado na separação de pacientes cirúrgicos e clínicos e convênios e particulares, bem como atentar para pacientes que precisam de isolamento, e também, pensar na equipe disponível para todos.
O perfil atual de pacientes, segundo Siqueira, aponta para idosos, em tratamentos crônicos, que precisam de intervenções e demanda de estrutura e atenção da equipe. Também há crianças, público que ainda tende a aumentar nas próximas semanas. Ele pediu que as pessoas tenham consciência na hora de usar os serviços de saúde de Venâncio Aires, já que o hospital é destinado a atendimentos urgentes e de intervenção rápida. São dois médicos no PA e, quando surgem atendimentos de emergência, a demanda dos médicos é em tempo integral.
“Que as pessoas possam usar os serviços de saúde com racionalidade. Sempre que possível, busquem postos e consultórios médicos, depois a UPA e, em último caso, o hospital. Um grande volume de atendimentos, atualmente, é de pacientes que não precisavam estar no hospital.”
LUÍS FERNANDO SIQUEIRA
Administrador do HSSM
- Mais de 700 – Foi o recorde de atendimentos do Pronto Atendimento (PA) Pediátrico, batido no mês de março. O atendimento no PA é feito por um profissional com experiência em atendimento de crianças. A tendência é que este número ainda aumente nos próximos meses.
Gestão compartilhada
- O administrador Luís Fernando Siqueira afirmou que, hoje, o HSSM e a UPA possuem uma gestão compartilhada, o que permite uma melhor comunicação e proximidade de fluxo para atendimento de pacientes, para que ninguém fique desassistido. “Quando o hospital está em lotação máxima, direcionamos para a UPA. E o mesmo acontece ao contrário. É um grande beneficio para a sociedade”, comentou.
Média de atendimentos superior à pandemia de Covid-19 na UPA
O superintendente administrativo da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Rodrigo da Silva, ressalta que, neste momento, o local está com uma elevada demanda – 50% relacionados à dengue. A média de atendimentos nos últimos 10 dias na UPA foi de 268 por dia. Na última segunda-feira, 15, eram 80 pacientes no local, sedo 40 aguardando atendimento e outros 40 já recebendo hidratação, em exames, observação ou consultas.
Com relação à superlotação, Silva destaca que a equipe já está em limite máximo de atendimentos e procedimentos. “Historicamente, a demanda é aumentada de fevereiro a final de agosto, com queixas respiratórias. O que nos surpreendeu este ano foi esta alta demanda da dengue”, afirma. Casos de Covid-19 são poucos e sem gravidade.
Na UPA, são três médicos atuando em 12 horas no turno do dia e mais dois profissionais nas 12 horas do turno da noite. Além de contarem com um reforço de segunda a sexta-feira de um profissional médico que cumpre carga horaria das 10h às 22h. Ou seja, são quatro médicos no local nos horários de pico durante os dias de semana. Na parte estrutural, a capacidade de atendimento está esgotada. “Estamos com uma média de atendimentos superior à pandemia de Covid-19”, constata. A orientação de Silva é que a população procure, de preferência, as unidades de saúde e o novo centro especializado, mas em casos de gravidade ou maior complexidade, a UPA deve ser a referência.
