Pela quarta vez seguida, o Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), campus Venâncio Aires, terá representantes no Festival de Teatro Vamos que Venimos, em Buenos Aires, na Argentina. O grupo de teatro Deméter estará no evento, que será realizado entre os dias 3 e 8 de outubro de 2023. O professor de teatro da instituição, Márcio Rodrigues, destaca que a comitiva está organizando a viagem.
“Estamos correndo atrás das passagens, atualização de documentação e autorizações, já que alguns estudantes são menores de idade e precisam do aval autenticado dos responsáveis para muitas coisas. Numa ‘tacada’ simples serão gastos mais de R$ 2 mil só em documentação”, diz. Rodrigues ressalta que o alojamento será cedido pela organização do festival, no entanto, a alimentação será por conta do grupo.
Para estas e outras despesas, o grupo está procurando por apoio. Para as passagens, esperam conseguir ajuda por parte da reitoria do IFSul e também devem solicitar recursos ao Ministério da Cultura. “Das outras vezes que fomos, não existia este ministério, então agora estamos pensando em tentar contato com eles também para verem no que podem ajudar, já que o grupo representará o Brasil fora do país.”
Para contribuir na visibilidade do grupo e conseguir mais apoiadores, foram cridas redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter e TikTok. Por estes canais, também é divulgada uma vaquinha que está acontecendo para angariar recursos. Rodrigues acrescenta que para os alunos aproveitarem a oportunidade, a equipe quer transformar a viagem em um grande intercâmbio cultural.
A professora de História do campus, Isadora Talita Linardi Diehl, deve acompanhar o grupo e fazer um projeto de ensino para conhecerem mais sobre Buenos Aires. “Será bacana e entendo que a viagem toda é um processo de intercâmbio, é uma experiência de escola, momento de viver o teatro, fazer oficinas, ver espetáculos, interagir em espanhol e conhecer a história”, afirma.
Peça
A encenação a ser apresentada em Buenos aies é chamada de ‘Casa de Bonecas’ e surgiu pela inquietação das alunas, que formam a maioria do grupo, principalmente porque notavam nos livros de romance a retratação de relações tóxicas, violentas e abusivas, e que eram romantizadas a ponto de serem levadas como algo natural. “A ideia é abordar também sobre autoimagem, redes sociais, padrão de corpos e a estética do Instagram. Discutir isso e transformar em teatro, não em entretenimento, mas teatro que gera perturbação e reflexão nas pessoas para que repensem e estranhem o que acham normal”, afirma o professor.
Agora o grupo também procura a disponibilidade e cedência de algum local de Venâncio Aires para a apresentação da peça à comunidade. “O grupo quer fazer isso antes de viajar, até porque há pessoas que gostariam de ver a peça que será apresentada em nível internacional. Do Brasil são apenas dois grupos, um de São Paulo e nós de Venâncio Aires”, conclui Rodrigues.
Importância do teatro
1 Márcio Rodrigues é o único professor de teatro concursado em toda rede dos institutos federais. A vaga preenchida por ele foi solicitada pelo próprio campus de Venâncio Aires e, graças a este espaço, foi possível desenvolver trabalhos como este. Ele é educador da área e tem mestrado em Educação do Teatro. “A gente tem conseguido uma série de bons resultados. Somos a única instituição brasileira a estar nas quatro edições do festival de forma repetida e fomos escolhidos entre grupos de todo o Brasil, isso é um baita feito.”
2 O professor destaca que os projetos de teatro do IFSul geram frutos tanto na parte artística como na parte científica da área. Grupos do campus já tiveram participações com trabalhos científicos sobre teatro em feiras como a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e apresentações na Universidade de São Paulo (USP). Em 2019, um grupo de cinco alunos chegou a ir para Valetta, na Ilha de Malta, na Europa, no maior Congresso Mundial de Arte e Educação, realizado pela Sociedade Internacional de Educação através da Arte (InSEA). “Até a gente estar neste congresso, com os alunos do Ensino Médio, era um evento que só frequentavam os doutores, pós-doutores e mestres.”
3 Rodrigues enxerga o teatro como uma ferramenta importante na vida dos jovens do grupo, que voltaram da pandemia muito ansiosos e afetados pelas redes sociais. “É uma geração que cresceu com telas ao lado, então a pressão, principalmente sobre as meninas, é muito maior e eu entendo que tentar fazer debates ajuda na saúde mental delas.”
“O teatro sempre foi um espaço que ajuda as pessoas a se encontrarem consigo mesmas, discutirem temas, refletirem sobre o mundo e fazerem os outros refletir. A ideia do teatro como entretenimento banal é sem profundidade e se enxerga a potência dele na vida dos alunos.”
MÁRCIO RODRIGUES
Professor de teatro do IFSul
Alunos do grupo
- Maria Eduarda Klein Padilha, Luiza Stertz Teixeira, Joana Lakus Silveira, Juan Antonio Rodríguez Carvajal, Mirella Kauany Severo, Alice Maffei Rizzetti, Fernanda Luísa Riedel, Igor Daniel Coutinho, Camila Costa, Gabriel Schwendler Soares, Rhauana Beatris Ferrão, Luiza Vitória Wessling, Ana Clara Vedoy Ruppental, Henrique Trindade Paz, Ana Julia Ourique Bitencourt, Maria Laura Rosa e Royer, Rafaella Machado dos Anjos e Ruben Arenhardt.
- O Instagram do grupo de teatro Deméter é o @teatro_demeter. Lá pode ser conferido um pouco do trabalho e também é encontrado o link e Pix para a vaquinha on-line do grupo.
