A chuva está sendo muito aguardada pelos cidadãos de Venâncio Aires, em virtude da estiagem. Porém, com ela, também aumentam as chances de proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. No início deste ano, o coordenador da Vigilância Sanitária e Ambiental, Gabriel Alves, destacou a preocupação com a infestação e disse que pode ser ainda mais intensa do que no ano passado.
Conforme Alves, o ovo do Aedes aegypti pode durar mais de um ano em locais secos, aguardando contato com com a água para eclodir. Para evitar a proliferação, diariamente os sete agentes de endemias da Prefeitura realizam visitas nas residências, com a intenção de eliminar criadouros do mosquito. “Constatando que tem criadouro, os agentes já fazem a eliminação”, explica. Além disso, também é realizada, de forma preventiva, a aplicação de larvicida BTI, que possui elevada eficiência na eliminação das larvas.
Alves destaca que os maiores problemas durante as vistorias e denúncias variam conforme a localidade, mas normalmente são de lixo acumulado, terrenos sem limpeza e piscinas sem tratamento. Quando surgem casos de dengue, é realizada uma ação de bloqueio na região próxima, que consiste na vistoria de imóveis e aplicação de inseticida. Os bairros de Venâncio Aires com maior infestação do mosquito Aedes aegypti são Centro, Gressler e Cidade Alta.
De acordo com Alves, há dois tipos de monitoramento na Capital do Chimarrão: os pontos estratégicos, que são 31 instalados no município e contam com a visita dos agentes, quinzenalmente, para verificar se têm larvas; e as ovitrampas, que são 50 armadilhas espalhadas pelos bairros Gressler, Xangrilá, parte do Centro e Cidade Alta. A armadilha é feita com levedo de cerveja para atrair a fêmea do mosquito Aedes aegypti.
Porém, o coordenador destaca que isso é complementar ao que já deve ser realizado pela população, que são as medidas para a eliminação de criadouro (veja box). Ele ainda observa que o surto de dengue é esperado a partir do próximo mês.
Casos de dengue
De acordo com os dados da Vigilância Epidemiológica de Venâncio Aires, divulgados na quarta-feira, 22, a Capital do Chimarrão teve 15 notificações em 2023, sendo um caso positivo (caso foi informado no ano passado, mas a coleta e o resultado saíram neste ano), 12 para testes que foram negativados e um para teste em análise.
A procura por atendimento, neste ano, devido aos sintomas, foram maiores do que no ano anterior, com 7 notificações a mais até o momento. Neste mesmo período, em boletim divulgado no dia 17 de fevereiro de 2022, o município havia registrado 8 notificações, sendo um caso positivo importado (paciente que contraiu a doença em outro município), 5 negativados e 2 estavam em análise.
Conforme a enfermeira e coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Venâncio Aires, Carla Lili Müller, os sintomas normalmente são iguais para todos os pacientes, apesar de alguns terem sinais mais leves. As primeiras manifestações da dengue que surgem são cefaleia (dor de cabeça) e febre alta. Além disso, podem ser comuns dores retro-orbital (atrás dos olhos), abdominal, nas articulações, sintomas gástricos, dor no corpo e manchas na pele, podendo ocorrer também sangramentos nasais e gengivais.
Antes de realizar o teste para a doença, é necessário procurar atendimento médico. O tratamento se dá através de reposição hídrica, repouso e prescrição de exames, além de medicamentos para a febre e dor a critério do médico. Atualmente, os exames que detectam a dengue são de antígeno, os testes rápidos (coletados até o 5º dia de sintomas) e de anticorpo (IgG e IgM), que são coletados a partir do 8º dia. O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece o teste rápido, que auxilia no diagnóstico, e exame de IgM para a detectação da doença. As coletas do exame de anticorpos são enviadas ao Laboratório Central do Estado (Lacen).
Conforme o Painel de Casos de Dengue, da Secretaria de Saúde do Estado (SES), com os dados atualizados na manhã desta sexta-feira, 24, o Rio Grande do Sul tem 1.442 notificações da doença. Destas, 277 foram confirmadas, outras 700 negativados e 465 seguem em investigação. Além disso, o município gaúcho com maior número de casos positivos é Encantado, no Vale do Taquari, com 177 casos confirmados.
Dicas para evitar a proliferação
• Recolher resíduos e pneus
• Colocar areia ou terra em pratinhos de plantas
• Vedar caixas de água e cisternas
• Manter tratamento de piscinas
• Limpar ralos e calhas
• Manter vasos de quiosques fechados
• Manter limpeza de terrenos com vegetação aparada
• Cuidado com bromélias: borrifar uma vez por semana solução de um litro de água e uma colher de sopa de água sanitária
Diferença entre os mosquitos
• O pernilongo se prolifera, principalmente, em locais onde há acúmulo de água suja. É um mosquito com hábito noturno e voa até dois quilômetros. Gabriel Alves dá algumas dicas para evitar a presença do pernilongo, como por exemplo, o uso de repelente, telinhas em portas e janelas, além de fechar a casa mais cedo.
• Já o Aedes aegypti se prolifera em água parada limpa, com hábitos diurnos e pode voar até 300 metros. Os ovos do Aedes podem demorar mais de 400 dias para eclodir. O tempo de vida de ambas as espécies é de 30 a 40 dias. De acordo com Alves, cada vez mais a proliferação de mosquitos, não só em Venâncio Aires, vai piorar devido ao desequilíbrio climático.
Comitê analisa projeto com mosquitos transgênicos
A Prefeitura de Venâncio Aires criou, em dezembro do ano passado, o Comitê Municipal de Mobilização, Fiscalização, Combate e Controle do Mosquito Aedes Aegypti, Prevenção da Dengue, da Febre Chikungunya e do Zikavírus. O Comitê é composto por representantes das secretarias de Saúde, Educação, Meio Ambiente, Infraestrutura e Serviços Públicos, Câmara de Vereadores, Lions Club e Rotary Club Satélite Venâncio Aires.
Na reunião desta semana, houve apresentação de uma proposta que envolve mosquitos transgênicos, que ao cruzarem com o mosquito fêmea – responsável por transmitir a dengue – só vão reproduzir mosquitos machos, que não picam e não transmitem doenças. No entanto, a Prefeitura ainda estuda a viabilidade de contratação da empresa para a execução do projeto.
