O mês de setembro é o mais gaúcho do ano no Rio Grande do Sul e, amanhã, dia 20, é feriado no estado, em comemoração ao Dia do Gaúcho e em homenagem à Revolução Farroupilha, que teve início nesta data, em 1835. Existem algumas variações entre os tradicionalistas: alguns utilizam a pilcha em certas ocasiões do ano, enquanto outros vestem durante todo o ano. Este último é o caso da prenda Yolanda Maria Agnes, de 65 anos, que há sete é colaboradora da Escola do Chimarrão e, para participar de todos os eventos da agenda, mantém a coleção de mais de 20 vestidos no guarda-roupa de casa, no bairro São Francisco Xavier.
Entre vestidos coloridos, floridos e conjuntos de saias e blusas, todos pensados e desenhados por ela, cada peça tem um valor sentimental diferente e uma história própria. Entre todos os vestidos e saias, Yolanda guarda com muito carinho seus xodós, incluindo vestidos com mais de 30 anos, que ainda usa. Além disso, as saias são opções para o verão, permitindo que ela as adapte para usar com uma camiseta, por exemplo.
Para manter todas as peças bem cuidadas, é necessário ter atenção especial. “Lavo todos à mão. Algumas pessoas se surpreendem quando falo isso, mas só assim eles ficam praticamente novos e podem ser usados durante muitos anos”, explica. No entanto, às vezes é necessário desapegar de algumas peças para dar espaço às novas. Essa etapa, sem dúvidas, é a mais difícil para Yolanda, que acha nada fácil desapegar dos seus queridinhos.


Atualmente, a tradicionalista tem a missão de levar o chimarrão, símbolo de Venâncio Aires, para outros estados e municípios. Com a Escola do Chimarrão, já visitou diversas cidades e estados e ensinou sobre o chimarrão a muitas pessoas. “É muito gratificante poder levar nossa bebida símbolo para tantas pessoas. Me sinto orgulhosa e feliz com a minha história no tradicionalismo”, ressalta.
Para Yolanda, a tradição gaúcha é sobre cultuar, preservar e estudar a história dos antepassados. Entre as figuras de inspiração no mundo tradicionalista, ela destaca o folclorista, compositor, cantor e pesquisador rio-grandense João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes, que felizmente conheceu pessoalmente antes de ele falecer. “Lembro do dia em que participei de uma palestra do Paixão, em Encantado, e ele me chamou para dançar uma marca com ele. Esse momento ficará para sempre na memória. Foi um sonho realizado”, conta.
Início da caminhada no tradicionalismo
A história de Yolanda no tradicionalismo começou em 1979, quando tinha 20 anos e soube que o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Erva Mate precisava de uma prenda para a Invernada Adulta. Mal sabia que sua vida estava prestes a mudar e que a entidade se tornaria sua segunda casa, pelos próximos 39 anos. Em 2018, Yolanda se desligou do CTG, mas continuou atuante no meio tradicionalista, quando ingressou na Escola do Chimarrão.

Durante sua passagem no CTG, Yolanda trabalhou especialmente com crianças. Foi coordenadora da Invernada Mirim do Erva Mate por 10 anos e, em 2013, fez parte da coordenação cultural da 24ª Região Tradicionalista (RT). Também atuou como professora de danças de salão e foi dançarina na Invernada Adulta por 20 anos. Em 1984, foi prenda da entidade e, um ano depois, recebeu a faixa de 2ª prenda da 24ª RT. Em 1986, participou do concurso estadual de prendas em Ijuí.
“O tradicionalismo mudou a minha vida. Formei muitas amizades e conheci muitos lugares por conta do meu envolvimento neste movimento da cultura gaúcha.”
YOLANDA MARIA AGNES
Tradicionalista