Muita coisa mudou desde que a pandemia do coronavírus começou. Um movimento de olhar para si e estender a ‘mão’ para o próximo tornou-se ainda mais visível em atos concretos de solidariedade. Em meio ao ‘turbilhão’ de acontecimentos, incertezas e notícias ruins, muitas pessoas também buscaram explicações para os fatos por meio da religiosidade.
A psicóloga Jéssica Beuren explica que esta ‘procura’ pode estar ligada ao fato de as pessoas buscarem dar mais sentido à vida, antes que seja tarde. “Vivemos ainda com o pensamento de não tocarmos no assunto “morte”. A pandemia veio para nos lembrar da mortalidade, que não podemos controlar tudo e isso nos faz repensar a vida e a morte. Quando uma pandemia assombra a todos, a reação é essa: busca por cuidado, por dar sentido à vida, pela busca por uma força interior ou ainda se redescobrir ou se reinventar”, reflete.
Tanto a religião quanto a espiritualidade, de forma ampla, são forças que trabalham com o sentido da existência humana. Jéssica pontua que a religião passou a ser uma ferramenta potente, em que as pessoas se entr

egam para buscar o fortalecimento de suas crenças de vida, “uma forma também de buscar um norte e se tranquilizar em meio a todas as mudanças dos dias atuais.”
“Vivemos muito o amanhã e passamos a querer muito o hoje. Mais do que nunca, pensamos em aproveitar os momentos intensamente.”
JÉSSICA BEUREN – Psicóloga
Pela saúde em tempos de pandemia
A profissional comenta que a religião sempre contribuiu de alguma forma para o bem-estar e a qualidade de vida do ser humano. Inclusive, de acordo com ela, existem estudos que mostram o quanto a religião ou a espiritualidade possuem influência sobre a saúde física e mental. “Percebe-se que, com a chegada da pandemia, houve um aumento muito grande de distúrbios e transtornos. Entre eles ansiedade, depressão, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e síndrome do pânico”, lista Jéssica.
Ela garante que nesses momentos a religião pode ser uma aliada na diminuição dos sintomas que surgem em decorrências desses distúrbios ou transtornos. Para ela, o envolvimento religioso causado pela pandemia pode acabar por trazer uma melhor versão do ser humano. “Essa melhoria seria ligada ao autoconhecimento e a explicação de que somos transitórios nessa vida e o melhor é se agarrar a tudo que nos traz bem-estar, alegria e que faz com que, de alguma forma, a vida tenha mais sentido”, diz.
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