A separação mais dolorosa entre os seres: a morte

-

A separação, seja ela qual for, é dolorida. E é ainda mais desesperadora quando acontece por meio de uma palavra tão temida: a morte. Isso porque é de forma definitiva. Na segunda-feira, 2, o dia é para lembrar daqueles que já partiram, que se separaram do mundo terreno e do contato físico com as pessoas que amaram. As religiões buscam compreender como a morte e essa separação se dá. Mesmo com explicações diferentes, todas confirmam que é a pior e mais dolorosa maneira de separar os seres humanos. Por quê? Acaba com as relações físicas na terra.

Com a bíblia na mão, forte concentração sobre ela e com a imagem de São Sebastião Mártir próxima dele, o pároco da Igreja Católica de Venâncio Aires, Marcelo Carlesso diz que a morte é a última coisa que ocorre com os indivíduos na terra. é um mistério, mas a fé católica tentar dar respostas. “é preciso entender a relação entre corpo e alma.”

Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateFé em Deus, santos e passagem para outra vida, fazem parte do entendimento sobre a morte
Fé em Deus, santos e passagem para outra vida, fazem parte do entendimento sobre a morte

Ao lançar o olhar sobre a cruz que fica na sala, ele fala com convicção que há duas dimensões em um só corpo. A matéria que é o físico; e, o eu, que é formado pela maneira de pensar, de ser e de agir dos indivíduos. No momento da morte, o que fica no caixão é o físico.” Todo o nosso eu, a identidade, forma uma espécie de corpo espiritual. O teu eu e a tua alma se separam do corpo material.”

No entanto, as pessoas não deixam o que foram aqui, pois todos levam o eu e a alma. Segundo Carlesso, os indivíduos continuam sendo eles mesmos com as atitudes exercidas na terra. Os seres humanos não perder a identidade pelo fato de ser eterna. Se foram bons aqui, serão também para onde forem após a morte. Neste momento, a fé auxilia a entender a morte tão devastadora que ainda causa inúmeros questionamentos.

Para a Igreja Evangélica Batista da Paz, a morte é consequência e resultado da escolha do ser humano. Com muita fé é precisão, o pastor Edimílson da Conceição lembra que Deus e o homem viveram muitos próximos de modo que a eternidade era algo intrínseco. “Deus apresentou duas possibilidades ao ser humano: uma para continuar vivendo eternamente, e a outra que traria a morte, que nada mais é do que separação. Diante do livre exercício de sua vontade, o homem escolheu a opção que comprometeu a sua eternidade, daí a morte até hoje a nos aterrorizar.”

Em meio a inúmeras interpretações sobre a morte ele questiona: como definir a morte se há partícula de eternidade nas pessoas? E responde: Pois bem, a morte é separação. Conceição traz o conceito seguinte: após a escolha do homem, foi expulso do local onde desenvolviam um viver comum, isto é, foi separado da comunhão com a divindade que alimentava a eternidade no seu espírito, alma e corpo.

Portanto, ao perder isso, o corpo humano em função do tempo, entra num processo de decadência, onde o ápice é a morte. Que nada mais é, que a separação triste, que deixa muitos desesperados. é o espírito alma que se separa do corpo, que segue para o caminho da eternidade.

MAIS VIDAS E EVOLUçãOEm meio a um altar com imagens que vão de Ogum a Yemanjá, a mãe de santo Yara dos Santos traz a visão da Umbanda sobre a separação pela morte. “Viemos de outras vidas e não nos separamos das existências passadas.” Isso porque, segundo ela, as pessoas fazem e corrigem o que não foi possível, anteriormente.

Após morte, o espírito se separa do corpo físico e une-se ao orixá protetor. “é a separação e depois a união. No entanto, isso somente, ocorre se você tiver merecimento.” Ela define a morte como uma passagem e diz que a separação é necessária para todos evoluírem de alguma maneira. Para superar a partida de alguém, é necessária a fé, destaca Yara. Esse credo pode ser nos santos e no Deus maior.

Aos fins de semana, e em dias úteis quando possível, o coordenador do Grupo Espírita Jornada de Amor, Sílvio Aurélio Jaeger, auxilia nos atendimentos no local. Construído com auxílio da comunidade funciona há mais de 15 anos. O lugar é simples que acolhe todos que sofrem com a partida daqueles que amam.

O Espiritismo, que Jaeger já faz parte há tantos anos, entende que a morte separa a matéria densa (corpo físico) da menos densa (corpo etéreo). O corpo carnal é a ‘roupagem’ temporária que serve para regressar a terra e passar pelos estímulos necessários para o crescimento como seres universais e eternos.

”Quando da separação do corpo e do espírito é como se a nossa bateria se extinguisse, a energia acabasse e necessitamos então deixar esta roupagem e seguir nosso caminho em outro plano”, cita Jaeger. De acordo com ele, a separação pela morte é assistida por espíritos superiores e preparados para auxiliar o ser que sofre com o desencarne.  Em relação a aceitar ou não o fato e ao resultado positivo e negativo, dependerá do grau de elevação de consciência. “Muitos ficam extremamente presos ao corpo físico, não entendendo o que acontece.”

*Reportagem originalmente publicada no jornal Unicom em maio de 2014 por meio da disciplina de Produção em Mídia Impressa do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) coordenada pelo professor Demétrio de Azeredo Soster

“No momento da morte, muitos ficam presos ao corpo físico e não entendem o que acontece”Sílvio Aurélio Jaeger, espírita



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

Clique Aqui para ver o autor

Oferecido por Taboola

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /bitnami/wordpress/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido