
Reforço, aulas de recuperação e até treinamentos para professores há muito são práticas que procuram garantir o avanço em sala de aula e não a estagnação. Ainda assim, há casos em que a repetência escolar é inevitável, mas mesmo quando fato consumado, há meios para contornar a situação. Um belo exemplo iniciou há algumas semanas em Venâncio Aires, mais precisamente na Escola José Duarte de Macedo, no bairro Macedo.
Trata-se do projeto de correção de fluxo escolar, que foi apontado como uma das prioridades do Plano Municipal de Educação. Ele é voltado para alunos com idade superior à série em que estão matriculados, para que recebam todas as condições de frequentar a série considerada adequada para sua faixa etária.
Nessa primeira experiência, são 22 estudantes, os quais estão justamente naquelas séries que contabilizam a maioria com idade superior à adequada para a turma. São 10 alunos de 6º ano e 12 de 7º ano, que vem das escolas Benno Breunig, Odila Rosa Scherer, Cidade Nova, Alfredo Scherer, Dois Irmãos e José Duarte de Macedo, a qual tinha estrutura física para receber as turmas. Como muitos são de bairros diferentes, o município oferece o transporte.
As aulas acontecem todos os dias e ficam a cargo das professoras Rosmeri Willms Mattie, de Português, Artes e Inglês; Silvania Inês de Carvalho, de Geografia, História e Ensino Religioso; Nára de Brito Helfenstein, de Educação Física e Alice Neumann, de Matemática e Ciências.
Segundo a professora Silvania de Carvalho, são trabalhados conteúdos considerados fundamentais para que os estudantes possam ingressar, no próximo ano, nas séries consideradas ideais às idades. “É um desafio, pois temos que trabalhar de forma rápida e intensiva. Mas para isso realizamos atividades diferenciadas e na linguagem deles.”
Embora o trabalho busque a retomada dos estudantes nas turmas correspondentes à faixa etária, a professora Rosmeri Mattie destacou que deve haver responsabilidade com as atividades e participação nas aulas. “Se houver comprometimento, presença das aulas e atividades realizadas, tem tudo para dar certo. Resgatando a autoestima, eles vão ver que não são excluídos, mas podem virar a página e recuperar esse atraso.”

RETOMADA DA AUTOESTIMA
Uma palavra comum acerca do programa de correção de fluxo escolar é autoestima. Conforme a diretora da Escola José Duarte de Macedo, Erica Franck, é uma grande oportunidade para aqueles alunos que se sentem deslocados em sala de aula. “Os alunos estão se encontrando e resgatando a autoestima. Com incentivo e perspectivas, todos chegam lá.”
Entre os alunos que frequentam as turmas de aceleração está Patrick Cruz, de 15 anos. No 6º ano, o objetivo dele é ingressar no 8º ano a partir de 2019, na escola Dois Irmãos, onde estudava. “Tenho que recuperar, mas estou me esforçando. E já estou de olho num curso de mecânica, no Senai”, conta, empolgado.
O caso do Patrick, que aos 15 anos está no 6º ano, é um dos motivos apontados pela Secretaria da Educação de Venâncio Aires para a necessidade de correção do fluxo escolar. Segundo a coordenadora pedagógica do município, Alice Theis, na educação não é interessante essa disparidade entre série e idade. “Se eu tenho 14 anos, o interesse é diferente de quem tem 11. E para os próprios professores é complicado, porque precisam de outra linguagem, outra abordagem. Então muitas vezes a atividade não agrada o aluno, que se sente deslocado.”
Antes de o programa ser implementado, um levantamento realizado apenas nas escolas municipais da cidade, revelou que 98 alunos de 6º, 7º e 8º anos estavam com defasagem de, no mínimo, dois anos. A Secretaria de Educação fez reuniões com as famílias e deu liberdade quanto à adesão. “Temos a expectativa de que até 80% dos participantes tenham sucesso na aprendizagem e ano que vem estejam nas suas turmas correspondentes. Isso será uma motivação para outro alunos e para professores, para aprimorarmos e seguirmos com a proposta”, ressaltou Alice.
