Assembleia dos servidores termina com protesto na Prefeitura

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Foto: Carlos Dickow / Folha do MateServidores e sindicalistas se encontraram em frente à Prefeitura e trânsito precisou ser bloqueado para garantir a segurança dos manifestantes
Servidores e sindicalistas se encontraram em frente à Prefeitura e trânsito teve de ser bloqueado por segurança

Depois de mais de três horas de assembleia, nesta sexta-feira, 31, os servidores públicos municipais de Venâncio Aires aprovaram o encaminhamento de moções de repúdio contra Prefeitura e Câmara de Vereadores e manifestação da categoria em relação à forma como o Executivo conduziu questões relacionadas à revisão do funcionalismo, além de reprovarem a operação padrão (trabalho tartaruga) nas repartições públicas municipais. As atividades foram realizadas na Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp).

E a primeira manifestação aconteceu logo depois da assembleia, quando os participantes saíram em carreata que percorreu as ruas Carlos Wagner e General Osório, até chegar à Prefeitura, onde todos mostraram sua indignação através de um buzinaço. Os agentes de trânsito controlaram o fluxo até o momento do encontro dos servidores – alguns deles desceram dos automóveis e gritaram palavras de ordem – com representantes de outros sindicatos que protestavam contra as reformas da Previdência e Trabalhista. A partir daí, a Osvaldo Aranha foi fechada com cones, para garantir a integridade dos servidores e sindicalistas.

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Venâncio Aires, Odenir Guterres de Carvalho, afirmou que a mobilização atingiu o seu objetivo, pois mostrou a força dos servidores e deixou o recado “de que não se pode brincar com o funcionalismo”. Ele antecipou que a categoria vai marcar presença na sessão da Câmara de segunda-feira, 3. “Vamos dar um calor neles também, pois foram coniventes com tudo isso que aconteceu. Já houve casos de que não recebemos reajuste no mês de abril, portanto podiam ter feito diferente. Esperar um mês a mais não ia tirar pedaço de ninguém”, argumentou.

Foto: Carlos Dickow / Folha do MatePresidente do Sindicato dos Servidores, Odenir Guterres de Carvalho, fez ataques à Administração e ao Legislativo durante a assembleia
Presidente do Sindicato dos Servidores, Odenir fez ataques à Administração e à Câmara durante a assembleia

ASSEMBLEIA – Foi o presidente Odenir quem deu início à assembleia de sexta-feira, na Sisp. Embora tenha dito que o sindicato vai manter sua postura do diálogo, não poupou críticas à Administração e ao Legislativo. “A porta para a conversa vai estar sempre aberta, entretanto, neste episódio, infelizmente, o prefeito deixou muito a desejar. Não estamos repudiando os 5,1% que recebemos, mas a maneira com que o processo foi encerrado. Depois de acordar uma situação com a categoria, resolveram simplesmente fazer tudo diferente”, desabafou. Em relação à Câmara, afirmou que “os vereadores estão a cabresto do prefeito”. Para Carvalho, os parlamentares deveriam protelar a votação e ouvir os servidores. “A gente não está de fralda para que os outros decidam o que é bom pra nós. Isso é nós que sabemos”, completou o presidente.

ASMUVA – Durante seu pronunciamento, Odenir Guterres de Carvalho perguntou se a presidente da Associação dos Servidores Municipais de Venâncio Aires (Asmuva), Rosângela Menzel Ellert, estava presente na atividade. Ao confirmar a ausência da servidora, declarou que estava preocupado com a postura da cúpula da Asmuva em relação à mobilização e que não tinha tomado conhecimento de “nenhuma manifestação de apoio da entidade ao chamamento da categoria para a assembleia”.

“Não me venham com esta conversa mole de que fizeram o melhor para os servidores. Poderiam ter protelado a votação, porque instrumentos para isso existem e não ia cair pedaço de ninguém se esperássemos um mês a mais para receber o aumento”

Odenir Guterres de Carvalho, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipal de Venâncio Aires

Prefeito marca presença, reconhece erro e diz que negociações continuam

Como havia prometido, o prefeito Giovane Wickert foi até a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp) para deixar o seu recado aos servidores que participaram da assembleia. O chefe do executivo estava acompanhado do vice-prefeito Celso Krämer e da coordenadora de Comunicação e Marketing Adriene Antunes, no entanto a palavra foi concedida apenas ao representante máximo do Município.

Wickert insistiu na tese sustentada desde que a polêmica ganhou força, dizendo que “pela primeira vez na história de Venâncio Aires há a rubrica chamada ‘déficit de R$ 13,8 milhões’ no orçamento municipal”. Ele se refere às contas que a Administração anterior deixou em aberto: cerca de R$ 4,5 milhões em restos a pagar e outras projeções sem previsão orçamentária. “Com o déficit milionário, não teríamos nem como dar 1% de reajuste, mas a reposição está na lei, embora seja líquido e certo que serei apontado pelo Tribunal de Contas do Estado”, disse.

EQUíVOCO – O prefeito reconheceu que havia assumido compromisso de conceder aos servidores, além de 5,1% de revisão, 1,6% de ganho real, e afirmou que, “se conseguirmos diminuir despesas e aumentar as receitas, podemos rever esse ponto”. Também declarou que a negociação da folha de pagamento do funcionalismo poderá render recursos extras, que permitiriam o ajuste com a categoria. “Posso dizer com tranquilidade que não houve má-fé de nossa parte. Fizemos o que foi possível no momento e não houve prejuízo”, falou, acrescentando que “a Administração tem humildade para assumir que errou e vai trabalhar com muita seriedade para recuperar a credibilidade e confiança dos servidores municipais”.

Foto: Carlos Dickow / Folha do MatePrefeito de Venâncio Aires compareceu à assembleia dos servidores, admitiu equívoco e garantiu que as negociações não estão encerradas
Prefeito compareceu à assembleia, reconheceu equívoco e garantiu que as negociações não estão encerradas

FALA, SERVIDOR!

Durante as atividades, servidores puderam dirigir a palavra ao prefeito Giovane Wickert. Confira o que o chefe do Executivo ouviu.

“No início das negociações, a Administração nos perguntou o que queríamos. Dissemos e, na última hora, mudaram sem consultar a categoria. Eu, particularmente, fiz campanha pra ti, mas agora, como é que vamos confiar de novo no governo”. Clarissa Schweikart, técnica em Enfermagem.

“Sou da greve de 90, do tempo do Glauco (Scherer, ex-prefeito), quando a gente levava muita patada. Achamos que o Giovane era educado, mas a verdade é que tu nos traiu. Por favor, prefeito, não repete esta brincadeira com o funcionalismo”. Otília Massmann, orientadora educacional.

“Giovane, tu é minha cria. Lembra que fui tua professora, e tu meu aluno? Te peço que pegue o que sobrou do sindicalismo em ti e coloque em prática”. Maria Suzana de Carvalho, professora.

“O que realmente me preocupa é a tua assessoria. Não merecemos erros técnicos, mas gente competente para trabalhar na Prefeitura”. Maria Denise Stahl, professora.

 

RéPLICA: Em resposta aos pronunciamentos das servidoras, Giovane Wickert afirmou que as manifestações são legítimas e que ele gosta “de quem diz o que pensa”. O prefeito declarou ainda que o episódio vai servir de lição para os próximos atos do governo e pediu paciência: “O tempo é o senhor da razão e ele vai dizer se vocês poderão ou não confiar no governo. Administração nenhuma vai bem sem a participação do servidor, pois ele é o nosso grande aliado. Se a nossa credibilidade ficou manchada de alguma forma, vamos dar as respostas necessárias”.

 

‘SAFRISTAS’ – O servidor Elígio Weschenfelder, vice-presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Venâncio Aires, se pronunciou após a saída de Giovane Wickert da Sisp. Apoiador da campanha que levou o socialista à Prefeitura, declarou que pouco dormiu desde que a Câmara aprovou o projeto de revisão do funcionalismo. Se disse frustrado por uma negociação que se mostrava “esplêndida” acabar com tamanha repercussão negativa. Comentou que conversou com o prefeito e sugeriu que não fosse à assembleia dar explicações, mas que apresentasse a realidade aos servidores. “Na verdade, este governo e tantos outros que passarão são safristas, mas nós estaremos sempre na Prefeitura. Portanto, não devem comprar briga, porque estaremos sempre prontos para lutar. Ajudei este governo a estar onde está, mas os servidores merecem nosso respeito”.

Foto: Carlos Dickow / Folha do MateWeschenfelder: respeito
Weschenfelder: respeito

Cola nas fechaduras de secretaria e correntes e cadeados nos postos

O secretário municipal de Saúde, Ramon Schwengber, registrou ocorrência na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) dando conta de que a fechadura da porta principal da Secretaria de Saúde foi alvo de vandalismo, bem como unidades de saúde. Na porta de entrada da pasta, um servidor público, que está identificado em imagens que foram entregues à Polícia, usou cola para dificultar o acesso. Por conta disso, segundo o secretário, deslocamentos de pacientes para fora de Venâncio Aires sofreram atrasos.

Na UBS do bairro Santa Tecla, segundo o registro, os pacientes que já esperavam para consultar na manhã desta sexta-feira foram convidados a sair do prédio. As fechaduras também foram ‘coladas’ e corrente com cadeado colocados na porta principal. Corrente com cadeado também foi a forma de tentar impedir o acesso à Estratégia de Saúde da Família (ESF) do Caic, no bairro Coronel Brito. A Polícia recebeu as informações, mas ainda não se pronunciou como vai proceder em relação aos fatos flagrados pelas câmeras de videomonitoramento.

Foto: Carlos Dickow / Folha do MateSecretário de Saúde registrou ocorrência na Polícia sobre vandalismo e tentativa de impedir acesso aos prédios públicos
Secretário de Saúde registrou ocorrência na Polícia sobre vandalismo e tentativa de impedir acesso aos prédios


Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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