
O primeiro sepultamento de 2019 no cemitério de Linha 17 de Junho aconteceu no sábado, 12. Mas, pela primeira vez em décadas, o sino não badalou para anunciar o ocorrido. O motivo é por um fato que tem gerado curiosidade entre os moradores da localidade: o sino simplesmente desapareceu.
O ‘sumiço’ foi constatado ainda no dia 31 de dezembro. Preocupados em evitar brincadeiras e arruaças, integrantes da diretoria do cemitério foram até o local para ‘subir’ a corda. A medida era corriqueira em determinadas época do ano, para que ninguém alcançasse e ficasse batendo o sino sem motivo. “Meu filho notou no dia de São Silvestre. Chegaram lá e viram que a corda estava pra baixo, em cima da grade. Olharam pra cima e não viram mais o sino”, relata Elemar Biger, 78 anos. Elemar foi tesoureiro do cemitério durante 14 anos, cargo atualmente ocupado pelo filho Rogério.
O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Venâncio Aires ainda no dia 31. Mas, segundo Biger, a conversa na localidade é de que a peça poderia ter desaparecido antes disso. “Uns vizinhos contaram que foram no cemitério no início de dezembro e não viram o sino. Mas, como não comentaram nada e muita gente não observou, a gente não sabe.”
Lúcia, 72 anos, é esposa de Elemar. Ela lamenta o ocorrido e diz que nunca viu nada parecido. “Meu avô foi enterrado lá quando eu nem tinha nascido ainda, mas sei que já tinha o sino. Por que alguém faria uma coisa dessas?”


DÚVIDAS E SUPOSIÇÕES
O sino ficava suspenso em um cavalete de cerca de cinco metros de altura, logo à direita do portão principal do cemitério. A peça, segundo Elemar Biger, nunca foi restaurada. Apenas a estrutura que a sustentava foi pintada à época de Finados, em novembro passado.
Suspenso no alto, pesado e barulhento, as dúvidas maiores são como ele foi tirado e por quê. “Não tinha nenhuma marca no chão ou no cavalete. Nada. Isso é gente que veio preparada”, supõe Mário Kroth, secretário do cemitério.
Vizinha do local, Claudete de Saibro também questiona como tudo aconteceu. “Sempre que tem algum movimento estranho, os cachorros acoam. Mas a gente não estava em casa na virada do ano e ficamos sabendo depois. Pra quê fazer isso? Roubar um sino? Não falta mais nada.”
O casal José e Célia König, ambos com 66 anos, mora há cerca de quatro décadas na Linha 17 de Junho e também está surpreso com a situação. “Isso é uma vergonha. Olha o ponto que chegou. Não se sabe se é brincadeira ou se é violência”, diz ela.
Não se sabe exatamente o ano e de que material o sino é feito. A informação mais próxima obtida pela reportagem é de Julita Kroth, 85 anos, antiga moradora da localidade. Segundo ela, seria um sino de bronze e foi importado da Alemanha. A reportagem não conseguiu uma foto do sino.
Curiosidade
Um dos documentos mais antigos relacionados ao cemitério de Linha 17 de Junho está com o atual secretário, Mário Kroth. Trata-se de um livro ata, iniciado em 1961, no qual as primeiras páginas descrevem o processo de ampliação do local. A ata foi escrita pelo então secretário do cemitério, Léo João Frölich, que foi professor e quem dá nome à escola da localidade.