Centrais Telefônicas: uma ‘ligação’ forte com o interior

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Foto: Ana Carolina Becker / Folha do MateElói Klamt conta orgulhoso história do sogro, Nilo Avelino Pilz
Elói Klamt conta orgulhoso história do sogro, Nilo Avelino Pilz

“Disque o ramal desejado ou aguarde atendimento”. Se você resolveu aguardar o atendimento, a voz que ouvirá do outro lado da linha, é de dona Adélia Weiss, 64 anos. Há mais de três décadas, além de afazeres domésticos na propriedade da família Pilz, ela é atendente na Associação Telefônica de Centro Linha Brasil.

Nesses mais de 30 anos de central telefônica, os equipamentos mudaram – e muito. O antigo equipamento que funcionava a manivela hoje é praticamente peça de museu e fica exposto no acervo da família Klamt. Hoje, Adélia atende as ligações em um telefone convencional, instalado dentro da residência e transfere a chamada para o ramal desejado.

O esforço para a implantação de uma linha telefônica na localidade começou na década de 1980, durante o primeiro mandato do ex-prefeito Almedo Dettenborn. Na época, Nilo Avelino Pilz, falecido em 2005, estava em constante ‘luta’ por qualidade de vida no 5º Distrito de Venâncio Aires. é com carinho e orgulho que o genro, Elói Klamt, e a esposa e filha de Nilo, Selmira, contam sua trajetória e seguem a construindo.

Antes de uma central telefônica ser instalada na residência da família Pilz, para conseguir falar com alguém que morasse na localidade era necessário primeiro, entrar em contato com a central telefônica do bairro Santa Tecla, a chamada era transferida para uma sede em Arroio Grande e, somente depois, a pessoa recebia a ligação. “às vezes ficava-se até uma hora esperando, porque tinha fila de espera”, conta Klamt.

Foto: Ana Carolina Becker / Folha do MateEsse foi o primeiro telefone utilizado na Central Telefônica
Esse foi o primeiro telefone utilizado na Central Telefônica

Trim, trim, trim, o tempo todoMesmo com a constante evolução tecnológica, durante a entrevista concedida à Folha do Mate, na manhã de terça-feira, ouviu-se o telefone tocar diversas vezes. Dona Adélia, não precisa mais da extensa lista com o número dos ramais, agora, ela já sabe todos de cabeça.

Foto: Ana Carolina Becker / Folha do MateNo registro, Elói mostra que a notícia da implantação da central na comunidade foi divulgada no informativo do governo de Almedo Dettenborn
No registro, Elói mostra que a notícia da implantação da central na comunidade foi divulgada no informativo do governo de Almedo Dettenborn

Nos primeiros tempos, quem cuidava da central era Pilz, mas com o passar do anos, ela foi colocada em um cômodo próximo ao quarto de Adélia e, desde então, a tarefa de atender o telefone e transferir as ligações é dela. “às vezes, as pessoas passavam trotes no meio da noite e ficávamos dizendo ‘alô, alô, alô’ e ninguém respondia”, recorda.

Atualmente, o sistema já permite que a pessoa que esteja do outro lado da linha, caso saiba o ramal, digite e assim o responsável pela central telefônica não precisa nem se envolver com a chamada. No entanto, dona Adélia ainda atende muitas ligações para transferir o chamado para a ‘casa de fulano ou beltrano’, já que a maioria das pessoas não sabe os ramais.

Os aparelhos já utilizados para a central são guardados com apreço pela família que é ‘rica’ em histórias. Os equipamentos da central telefônica ficam em uma ‘casinha’ nos fundos da casa de Klamt, mas as ligações são atendidas em um aparelho dentro de casa. Além disso, no armazém da família, do outro lado da rua, há um telefone à disposição de quem precisar fazer ligações.

é em um prédio antigo, onde já funcionou um consultório odontológico e uma farmácia, que a primeira máquina da central telefônica está guardada. Ao mostrar o equipamento para a reportagem, Elói Klamt, de 65 anos, explica que ela funcionava à manivela e que era necessário esperar a ligação terminar para ‘desligar a linha’. Ele conta, entre risos, que era possível, inclusive, ouvir a conversa da ligação, mas confessa que nunca desrespeitou essa privacidade.

‘Cúmplice’No início do relacionamento, o casal Elói e Selmira teve o telefone como ‘cúmplice’. Afinal, foi por meio do aparelho que veio o primeiro

Foto: Ana Carolina Becker / Folha do MateSelmira, filha de Nilo, é a responsável pela cobrança das contas do telefone
Selmira, filha de Nilo, é a responsável pela cobrança das contas do telefone

pedido para dançar. Ele, que era caminhoneiro, ligava para a amada todos os domingos, por volta das 20h. “A mulher da central telefônica da Santa Tecla já sabia porque eu estava ligando”, conta, feliz.

Todo o relacionamento do casal, que morava em Centro Linha Brasil, começou através do aparelho. “Como era sempre o pai dela – senhor Nilo – que atendia o telefone, liguei me passando por um vendedor da revista Rainha”, lembra Elói.

AtuanteNilo Avelino Pilz foi o doador do terreno onde está instalado o Posto de Saúde da comunidade. Mas antes que o terreno fosse cedido, os atendimentos odontológicos e a farmácia com remédios alemães – ainda guardados pela família, assim como os instrumentos odontológicos – eram realizados no prédio da família. Hoje, o espaço guarda parte da história e, também, serve como espaço comercial e moradia.

Uma rede de sóciosA Associação Telefônica de Centro Linha Brasil é formada por 39 sócios e moradores da comunidade. Selmira, a responsável por receber os pagamentos dos associados, conta que o número de sócios diminuiu com o passar dos anos devido à implantação do sinal do telefone celular e às dificuldades de manutenção da rede. No entanto, quando o celular ‘não pega’ é à Central Telefônica que as pessoas recorrem.

Quem é sócio da Central Telefônica tem benefícios. De acordo com Selmira, quando a ligação for entre os ramais da comunidade, a ligação é gratuita. “Assim podemos ligar um para o outro para combinar um chimarrão no final da tarde ou uma festinha”, exemplifica Elói. Além disso, dona Selmira, de 61 anos, conta que prefere o telefone convencional. “é um costume tão bom para ser mantido”, afirma.

Atualmente, cada sócio paga R$ 20 por mês para a manutenção dos aparelhos e demais serviços. A conta do mês de fevereiro da central telefônica ‘para fora’ foi de R$ 1.253,28. Somente no armazém da família foram 276 ligações no último mês.

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