A qualidade do sono é fundamental para o funcionamento do corpo e da mente. Mas, nem sempre este assunto é uma prioridade. Grande parte das pessoas não dorme bem e convive com a apneia do sono, que se manifesta através do ‘ronco’. Afinal, quem nunca perdeu o sono durante a noite em consequência destes distúrbios ou se acordou com o próprio ronco?
As noites mal dormidas geram a sensação de cansaço e indisposição e, além disso, reduzem a produtividade no trabalho e nas atividades do dia a dia. O ronco (apneia do sono) é causador de hipertensão arterial sistêmica e arritmias cardíacas e acelera os quadros de doenças degenerativas cerebrais, assim como o alzheimer e parkinson, demência senil (perda progressiva e irreversível das funções intelectuais) e diminui o processamento cerebral, segundo o otorrinolaringologista e especialista em Medicina do Sono, Renato Girardi Fragomeni. Ele reforça que as pessoas com ronco pesado podem apresentar falha de memória até 10 anos antes do que aquelas com sono saudável.
De acordo com o profissional, a apneia do sono é uma condição causada pelo ronco excessivo, que dificulta a absorção de oxigênio e a expiração da quantidade correta de gás carbônico (CO2), durante o sono. Ele explica que, com isso, os vasos sanguíneos do cérebro dilatam, causando enxaqueca.
O profissional acrescenta que, além de prejudicar a própria saúde, o ronco também interfere no sono do cônjuge, trazendo prejuízos ainda maiores na qualidade de vida de ambos. A privação de sono também pode gerar ansiedade, o estresse e a irritabilidade. Para evitar que isto ocorra e tenha uma gravidade maior, o profissional orienta que sejam realizadas atividades físicas regulares ou, dependendo da situação, um tratamento adequado. “O exercício pode reduzir as chances de depressão em até 19%”, argumenta.
Tratamento
Conforme Fragomeni, o ronco deve ser tratado logo no início dos sinais. “Quando o ronco começar a causar a apneia, que é a parada respiratória durante o sono, as pessoas já devem procurar um tratamento médico”, orienta.
Para evitar o declínio cognitivo e as perdas de memória em decorrência das noites de sono mal dormidas, o profissional alerta que é preciso tratar os distúrbios respiratórios, o que inclui evitar o cigarro e os sedativos.
A Polissonografia domiciliar pode ser uma aliada neste processo. O procedimento é um dos exames oferecidos pela Diagsono, de Venâncio Aires. O processo é o mesmo das clínicas presenciais, pois avalia fluxo aéreo (oral e nasal), esforço respiratório (torácico e abdominal), oximetria (nível de oxigênio no sangue), eletroencefalograma (ondas cerebrais), eletrooculograma (movimento dos olhos), eletromiograma (movimentos musculares), eletrocardiograma (frequência cardíaca) e registro do ronco.
“A apneia do sono acelera os quadros de doenças degenerativas cerebrais, assim como o alzheimer e parkinson, demência senil (perda progressiva e irreversível das funções intelectuais) e diminui o processamento cerebral.”
RENATO FRAGOMENI – Otorrinolaringologista
Distúrbios do sono mais comuns
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Apneia do sono
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Ronco
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Pernas inquietas
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Bruxismo
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Insônia
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Sonambulismo
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Sonolência excessiva
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Terror noturno
Ciclos do sono
1. Sono leve (fase 1)
Esta é uma fase de sono bastante leve que dura aproximadamente 10 minutos. A fase 1 do sono começa no momento em que se fecha os olhos e o corpo começa pegando no sono, no entanto, ainda é possível acordar facilmente com qualquer som que aconteça no quarto, por exemplo. Durante esta fase, os músculos ainda não estão relaxados e, por isso, a pessoa ainda se movimenta na cama e pode até abrir os olhos enquanto tenta adormecer.
2. Sono leve (fase 2)
Fase a que quase todo o mundo se refere quando fala que tem um sono leve. É uma fase na qual o corpo já se encontra relaxado e dormindo, mas a mente está atenta e, por isso, a pessoa ainda consegue acordar facilmente com alguém se mexendo dentro do quarto ou com um barulho na casa. Esta etapa dura cerca de 20 minutos e, em muitas pessoas, é a fase na qual o corpo passa mais tempo ao longo de todos os ciclos de sono.
3. Sono profundo (fase 3)
Esta é a fase do sono profundo na qual os músculos relaxam completamente o corpo fica menos sensível a estímulos externos, como movimentos ou barulhos. Nesta fase a mente está desligada e, por isso, também não existem sonhos. No entanto, ela é muito importante para a reparação corporal, pois o corpo vai tentando recuperar de pequenas lesões que foram surgindo durante o dia.
4. Sono REM (fase 4)
O sono REM é a última fase do ciclo do sono, que dura cerca de 10 minutos e que normalmente começa 90 minutos depois de adormecer. Nesta fase, os olhos se movimentam muito rapidamente, o batimento cardíaco aumenta e os sonhos aparecem. É também nesta fase que pode surgir um distúrbio do sono conhecido como sonambulismo, no qual a pessoa pode até se levantar e andar pela casa, sem nunca acordar. A fase REM vai sendo mais demorada a cada ciclo do sono, podendo chegar até aos 20 ou 30 minutos de duração.