A princípio, todos são capazes de fazer as mesmas coisas, são fiéis, amigos, companheiros. Mas a realidade dos cães mostra que há diferença sim, enquanto uns são abandonados ou nascem nas ruas, esperando por um lar, outros, que tem o chamado pedigree, chegam a ter filas de espera para serem comprados.
Existem milhares de pessoas que tendem a gostar mais de uma determinada raça, ou até optam por ela devido às condições de sua casa/família ou então por já conhecerem e simpatizarem pelo seu temperamento e tamanho do animal. A vaidade humana também pode ser uma razão para a compra de cães. A raça do animal pode ter alguma relação com o status que ele oferece, assim como as marcas. Sem contar a baixa variabilidade genética de cães de raças específicas.
Há uma variedade de fatores que tornam cães caros. Pureza da raça ou sua raridade. Quando eles são descendentes de cães premiados os preços podem disparar também, mas o maior de todos é quando um cão é visto ou fotografado na posse de uma celebridade, virando o ‘cachorro da moda’. No Brasil, os preços podem variar de R$ 300 a mais de R$ 10mil.

Para o venâncio-airense Alex Pereira os quase R$ 1mil gastos na aquisição da shih tzu Mel são recompensados com o carinho e a companhia que ela proporciona à filha Maria Eduarda De Borba Dos Santos, de quatro anos. “Comprei por ser uma raça dócil para crianças, o que confirmei após comprá-la. Ela é mais uma criança dentro de casa. O valor foi alto, mas tem muitas opções por aí, pesquisei bastante sobre a raça e a partir de alguns contatos encontramos a criadora em Santa Cruz. Me certifiquei de que maneira eram criados e tratados os cachorros, então não pensei duas vezes e comprei para fazer companhia para a poodle e para a minha filha.” Alex ainda comenta que “o pessoal acha caro, um dinheiro pago por um cachorro, mas o sorriso de um filho não tem preço.”
Empatia não tem raçaExistem pessoas que simplesmente amam cães de qualquer característica e os adotam sem preconceito ou seleção, como o caso de Robson Duarte, que atualmente tem duas cadelas, que adotou. “Nunca buscamos algum benefício com a atitude de adotar um animal, o foco sempre foi o bem estar e a sobrevivência digna destes seres dando a eles alimentação, carinho e lazer, Porém, ganhamos o carinho delas também. Elas estão sempre felizes e querem estar próximos da gente onde quer que vamos”, salienta. Ainda de acordo com Robson, “cada cão comprado é uma sentença de morte para um cão de rua e uma vida de exploração para os cães matrizes em criadouros.”

Em Venâncio Aires são cerca de 80 cães adultos adotados por ano. Já filhotes são centenas. De acordo com a presidente da ONG Amigo Bicho, Naís de Andrade, “as pessoas poderiam adotar mais, mas atualmente já é visível que tem uma melhora na consciência das pessoas, com a divulgação.”
Os cães e gatos sem raça definida estão longe de serem considerados puros, não possuem características marcantes que os diferenciem e nem se encaixam exatamente em padrões de beleza. Mas os cães mestiços são considerados mais inteligentes que a maioria dos animais de raça. E um estudo feito pela Universidade de Aberdeen e Napier, na Escócia, colabora com essa teoria. A pesquisa aplicou sete testes diferentes em um grupo de 80 cães. De acordo com o relatório, os vira-latas apresentaram melhor noção de espaço e resolveram problemas – como procurar ossos embaixo de latas – com mais facilidade do que os colegas com pedigree.
Animais que tiveram suas características selecionadas por reproduções programadas tendem a desenvolver problemas típicos daquela raça. No caso de cães vira-latas, não há um biótipo específico. Eles têm diferentes pelagens, tamanhos e características físicas proporcionados pelos cruzamentos ao acaso. Assim, essa variedade genética contribui para que se tornem menos predispostos a desenvolver determinadas doenças, como insuficiência renal e dermatites.