Covid em Venâncio Aires: um ano depois do primeiro caso

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No dia 14 de abril de 2020, quando a capa da Folha do Mate noticiava que no dia anterior houve a confirmação do primeiro caso de Covid em Venâncio Aires, a informação assustou. Aquele vírus que apareceu lá na China e que parecia tão longe, já circulava por aqui.

A Covid infectou um homem de 67 anos, que ficou internado em estado grave no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Infelizmente, esse senhor acabou falecendo no dia 23 de abril e virou outra triste estatística: foi o primeiro óbito pela doença no município.

Um ano depois do primeiro caso, Venâncio soma 8 mil pessoas infectadas, 104 óbitos e um 2021 que se divide entre o desespero das mortes e internações e a esperança com o avanço da vacinação. Ao avaliar esses 365 dias, a médica infectologista Sandra Knudsen, diz que a vacina é a grande diferença em relação ao início da pandemia.

“Infelizmente nesse um ano, pouco se avançou no quesito de encontrar um tratamento eficaz para a doença, mas se aprendeu muito quanto ao manejo dos pacientes. Sabemos que o manejo precoce é fundamental, acompanhar desde o início, já que a evolução muda de pessoa para pessoa.”

Ainda, conforme Sandra, é fundamental fazer o acompanhamento individual. “Não existem regras para essa doença. Cada organismo responde de uma forma, então não conseguimos fazer kit para ninguém, seja de remédio, seja de conduta. Tem que acompanhar pessoa a pessoa.”

A médica destaca, ainda, que a esperança é que a vacina atinja o maior número de pessoas e diminua a circulação viral. “Para que, em abril de 2022, possamos lidar com essa doença como lidamos com qualquer outra, com casos esporádicos, mas não epidêmicos, e quem sabe voltar à nossa vida pré-epidemia.”

Números

O impacto que a Covid causou em Venâncio Aires em um ano pode ser verificada pelos números. De acordo com levantamento da Folha do Mate, enquanto em todo 2020 foram 3.019 casos e 32 mortes, o 2021 já soma 4.978 infecções e 72 óbitos. Os meses mais emblemáticos foram fevereiro e março, recentemente, quando houve recorde de casos e recorde de óbitos (veja box).

Por outro lado, as últimas semanas têm registrado queda nos casos. Além disso, Venâncio completou ontem oito dias sem mortes. A última aconteceu no dia 4 de abril.

Hospital precisou adequar estrutura e profissionais

Embora os números da Covid em 2021 sejam bem diferentes do que eram em abril de 2020, a estrutura para o atendimento a pacientes graves não foi de calmaria em nenhum momento. Precisando entender rapidamente e se adaptar conforme a necessidade, se o 2020 foi difícil para o hospital, este ano tem sido mais ainda.

“Em nenhum momento foi fácil trabalhar com a pandemia, pois em todos eles foram exigidas adequações das estruturas físicas e de pessoal. Mas, sem dúvida, o mês de março deste ano foi o pior, principalmente pelo grande número de vítimas, aliado à superlotação, esgotamento do nosso pessoal, risco de falta de oxigênio, de equipamentos e de medicamentos”, afirma o presidente do hospital, Luciano Spies.

Apesar da dificuldade, ele diz que lhe chamou atenção a capacidade de se adequar à demanda. “Uma estrutura hospitalar já é algo complexo em normal funcionamento. Toda reestruturação leva a alterações de rotinas, espaços, logística e de equipe. Nos adequamos diversas vezes e nisso há um mérito enorme da equipe de gestão e de todos os nossos funcionários e equipe médica.”

Profissionais

Nesse um ano de pandemia, o hospital reestruturou setores, como o fechamento do Pronto Atendimento e implantação de novos leitos de UTI, o que mexeu também no trabalho junto à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cruzeiro, que passou a receber mais pacientes e, inclusive, a internar.

Somado a isso, precisou manter a equipe ‘de pé’. Além do aumento da demanda, muitos também ficaram doentes e precisaram ficar afastados. São, até agora, 172 profissionais que já contraíram o vírus – mais de 30% do quadro. “Afastamentos sempre são complicados de cobrir, ainda mais nestes casos que ocorriam de uma hora para a outra. Por isso não há tempo hábil de contratações e as coberturas eram feitas pelos colegas, muitas vezes sobrecarregando atribuições e até cobrindo outro setor. Todos continuam dando o seu melhor.”

“Quando falam nos ‘heróis da saúde’, nosso grupo de funcionários e médicos sempre me vem à mente. Eles passaram por situações bem difíceis e, embora por vezes muito cansados e abatidos, continuaram e ainda continuam trabalhando pelo nosso hospital e pela nossa comunidade, com todo o zelo, o carinho e a garra de um herói.”

LUCIANO SPIES – Presidente do HSSM



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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