O Dia do Orgulho Nerd, ou Orgulho Geek, é uma data comemorativa bem recente. Anteriormente, ser chamado de nerd ou até mesmo geek tinha um conceito pejorativo e poucos gostavam da nomenclatura, utilizada para se referir a pessoas fãs da cultura pop – filmes, livros e quadrinhos. Eis que, na última década, nerds e geeks assumiram papel relevante e passaram a se orgulhar do termo, gerando também a data, o dia 25 de maio.
A opção pelo 25 de maio tem duas motivações: em alusão, há mais tempo, ao Dia da Toalha, em homenagem a Douglas Adams, autor de ‘O Guia do Mochileiro das Galáxias’; e ao lançamento original de ‘Star Wars IV – Uma Nova Esperança’, em 1977. Atualmente, a explosão dos filmes de super-herói e a própria franquia Star Wars popularizaram conteúdos que eram nichados.
Um dos geeks venâncio-airenses é o professor Cristian Oliveira da Conceição, de 44 anos. Ele tem, atualmente, 135 camisetas de super-heróis, 36 baldes de pipocas, cerca de duas mil histórias em quadrinho, três mil action figures (bonecos), 40 videogames e 60 jogos de tabuleiro. “Entrei nesse mundo com os gibis, ganhava do meu pai e da minha dinda. Além dos quadrinhos, os desenhos animados também foram importantes”, frisa.
Ele já visitou a Comic-con Experience (CCXP), maior evento nacional do universo geek, em quatro oportunidades, e diz que o mundo geek faz parte de 30% do seu dia. Como professor no Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) campus Venâncio, Cristian afirma que estar ligado a este mundo lhe conecta com os jovens, inclusive nas aulas. “Faz eu entender melhor eles. Fora que este mundo está sempre conectado à tecnologia e inovação, então para quem trabalha com educação, dá muitas ferramentas para trabalhar.”
Infância
Como nasceu no fim da década de 1970 e teve a infância nas décadas de 80 e 90, Cristian viveu o grande momento das empresas de brinquedo, mas na época não podia comprar, pela falta de condições financeiras. “Gostava de brincar e, como não tinha acesso sempre me despertou esse interesse”, relembra.
As coleções começaram com os quadrinhos e os primeiros bonecos foram uma coleção de dinossauros, que recebeu da mãe e guarda até hoje. Contudo, o ato de colecionar, de verdade, começou aos 14 anos, quando também iniciou a trabalhar. “Hoje, passei dos três mil bonecos. A minha preferida ainda é a de dinossauros, é representativa para mim, um apego emocional”, enfatiza.
No dia a dia
Segundo Cristian, estar conectado neste universo agrega conhecimento e também é um hobby para aliviar o estresse do mundo corrido. São diversos nichos, desde animes, games, filmes, jogos de tabuleiros e afins. “Me divirto e curto, mas também estipulo prioridades, um quadrinho e um game por mês, por exemplo. Dei uma controlada, por que não tem onde colocar”, brinca.
Com relação ao crescimento geek dos últimos anos, o professor analisa de duas formas. A primeira é dar mais espaço e voz para pessoas que, anteriormente, eram esquecidas, e podem contribuir de forma criativa e diversificada, além de quebrar paradigmas. Por outro lado, é um universo consumista e que limita o acesso do público. “Se tornou algo muito forte de mercado e pode causar uma frustração por não ter a possibilidade de adquirir todos os produtos. Por isso, é preciso ter um cuidado dos pais com os filhos”, pondera.
“Quando estou estressado ou ansioso, me ‘atiro’ ali [em meio às coleções], leio um quadrinho ou jogo um game.”
CRISTIAN OLIVEIRA DA CONCEIÇÃO
Professor e geek